REVIL Retrô – Resident Evil Remake

O ano de 2002 foi, sem dúvida, um grande marco para os fãs da série Resident Evil. A data será lembrada como o ano em que a saga ganhou a sua primeira remontagem. Inicialmente conhecido como o capítulo “Rebirth” em suas primeiras fases de produção, o jogo foi lançado apenas como “Resident Evil”, e hoje é carinhosamente chamado pelos fãs simplesmente de Remake.

Após o polêmico acordo de exclusividade com a Nintendo, o “novo” capítulo foi basicamente lançado como teste para o GameCube; tanto para experimentar a capacidade do videogame quanto para certificar o quão popular o game se tornaria.

Trazendo modificações majestosas com base no enredo original, à primeira vista o quesito gráfico é excepcional. O título, que recebeu o prêmio anual de melhores gráficos de vários sites, apresenta cenários visualmente deslumbrantes e realistas. Efeitos de luz e sombra, explosões, texturas e sobreposições, combinados com músicas tensas e sons realistas e macabros tornam a experiência ainda mais imersiva, tornando-a certamente única. Caprichos como o barulho dos passos mudando a cada tipo de superfície e zumbis mastigando a sua carne após as mordidas provam a dedicação da empresa nessa estréia.

A trama tem início quando a equipe Alpha dos S.T.A.R.S., Serviço de Táticas Especiais e de Resgate da cidade de Raccoon, partem à procura da equipe Bravo, que perde totalmente o contato durante as investigações na floresta de Arklay, a qual apresentava recentes casos de misteriosos assassinatos canibais. O grupo acaba por encontrar os destroços do helicóptero da equipe Bravo, e a busca se torna um pesadelo ao serem inesperadamente atacados por cachorros horrendos. Em uma corrida em busca de sobrevivência, eles se refugiam numa mansão tenebrosa, abandonada na floresta em meio à escuridão. Nada em seu treinamento pôde jamais prepará-los para o horror que precisaria ser enfrentado naquela noite…

Gráficos5

Resident Evil Remake explora todo o poder gráfico do GameCube. Texturas, efeitos de fogo e fumaça e até água são executados com maestria nesse jogo. É impossível jogá-lo e não se pegar admirando em vários momentos os detalhes da mansão de Spencer, desde a decoração, os quadros, até mesmo a textura dos pisos e dos papéis de parede nas diferentes salas e corredores do local.

O nível de detalhe das BOWs e dos personagens também é bastante elevado. Textuas de pele, roupa e cabelo estão em um nível excelente, e em casos como por exemplo os Hunters, é possível enxergar as nuances de sombra e luz por conta das escamas da BOW. O trabalho nesse aspecto foi muito bem feito, dando um ar quase real a maioria das criaturas e personagens que aparecem no jogo.

As cutscenes também são admiráveis. O trabalho de iluminação nelas e no jogo em si é digno de uma obra-prima, e mostra que belos gráficos são na verdade um elemento que complementa um jogo bem feito, e que não são apenas uma maquiagem para impressionar os olhos e mascarar um jogo meia boca, como acontece muito por aí.

A constatação é que mesmo hoje, mais de 10 anos após o seu lançamento, os gráficos de RE: Remake impressionam.

Som7

Outra parte perfeitamente executada dessa obra-prima. O cuidado que a Capcom teve com toda a parte de efeitos sonoros é algo grandioso. Resident Evil é uma franquia que sempre se caracterizou por ter uma parte sonora quase impecável, mesmo nos títulos mais “fracos”. em RE: Remake não poderia ser diferente.

O diferente que os passos dos personagens faz nos diferentes pisos é um termômetro do quão bem executada foi a parte sonora do game, também é bastante característico e marcante, o som do relógio da sala de jantar é agoniante, como diversos outros efeitos no decorrer dos ambientes. Sons de disparos de armas abafados pelos estreitos corredores da mansão, vozes com personalidade e efeitos sonoros que compõe um ambiente de terror fazem parte das armas sonoras que o jogo dispõe para tornar a experiência do jogador totalmente imersiva.

A trilha sonora na medida certa a cada diferente momento do jogo, ela ajuda seu coração a quase pular pela boca em determinados momentos, e dá a falsa sensação de calma e segurança quando você entra na sala de save.

Um conjunto perfeito. Embora eu já tenha elogiado a parte sonora em outras análises que fiz dos títulos da franquia RE, em RE: Remake não há como descrevê-la se não com um simples: excelente.

Jogabilidade1

RE: Remake reúne o melhor da jogabilidade dos títulos clássicos do PS1. Nada muito diferente do que o jogador estava acostumado até então no que se refere aos controles.

A mudança em relação aos demais títulos foi a introdução da “Arma de defesa pessoal”, que consiste em uma arma – que não ocupa slot no inventário – e que auxilia o jogador quando ele é atacado por uma BOW (zumbi, cerberus, hunters, chimeras), fazendo com que o jogador se livre do ataque sem ter perda de energia. Arma de eletrochoque, uma espécie de adaga e uma granada de mão, que auxiliam bastante, especialmente quando você joga com Chris e tem espaços no inventário ainda mais limitados do que com Jill, o que geralmente faz com que o jogador carregue menos armas, munições e itens de cura consigo.

Enredo3

O jogo conta novamente os fatos de Resident Evil 1, mas com várias adições interessantes e também amarrando algumas pontas, embora a principal ponta solta permaneça existente e parece que  Capcom nunca vai conseguir de fato amarrá-la corretamente.

Novamente o jogador se vê dentro da Mansão de Spencer tendo que enfrentar os perigos que lá habitam, só que muita coisa inédita foi inserida nessa nova versão. A principal adição, sem sombra de dúvida, é a presença de Lisa Trevor e sua trágica história. As aparições da aberração e os files encontrados durante o jogo, dão um ar ainda mais cruel para as experiências realizadas pela Umbrella, e o drama da jovem dá contornos ainda mais dramáticos pra história.

Por conta da maior capacidade do console, também foi possível dar ao jogo cenários mais adequados para as batalhas contra BOWs como as Chimeras, Neptune e a Yawn, o que faz com que o enredo fique melhor amarrado, tornando a trama e a forma como as batalhas acontecem, mais verossímeis, se é que é possível imaginar que é possível enfrentar um enorme tubarão ou então um híbrido de mosca e ser-humano.

Também vemos um Barry Burton muito mais “atormendado” pela chantagem de Wesker, e isso fica claro em alguns diálogos que Jill tem como ele no decorrer do jogo. Claro que no jogo original lançado em 1996, temos uma dublagem totalmente escraxada, mas ainda assim é um ponto relevante.

O problema da história mais uma vez fica por conta do conflito entre os cenários de Jill e Chris, que são muito semelhantes e no final, fazem com que ou Barry ou Rebecca sejam simplesmente esquecidos no final do jogo. Será mesmo que a Capcom não poderia ter aproveitado a oportunidade para criar uma história em que Chris e Jill seguissem por caminhos diferentes mas contando com a ajuda de Rebecca e Barry, respectivamente, para que no final do jogo, pudéssemos ter os 4 escapando da mansão momentos antes de sua explosão? É algo que até hoje me incomoda muito na história de Resident Evil, e principalmente em RE: Remake, que seria a oportunidade perfeita para corrigir essa enorme ponta solta (e mal feita) na história da franquia.

Por fim, outro ponto que incomoda bastante é o fato de Rebecca não contar para Chris que a Umbrella está pro trás de tudo aquilo. Quando RE: Remake foi lançado, REØ já estava em fase final de produção, e justamente no capítulo Ø, a jovem recruta dos STARS passa por diversas situações no Centro de Treinamento da empresa e toma conhecimento de muita coisa errada, por  que não contar para Chris e ajudar o membro do esquadrão Alfa? Mais um dos graves furos de enredo de RE: Remake, infelizmente…

Desafio2

Quem jogou Resident Evil 1 e acha que vai conseguir terminar Remake sem grandes problemas, está completamente enganado, o jogo traz novos desafios que vão deixar até os grandes conhecedores de RE1 em apuros.

E a dificuldade começa a aparecer bem antes da invasão dos Hunters a mansão. Os Crimson Heads, novidade em relação a versão clássica do jogo, podem causar grandes problemas ao jogador. Resultado do V-ACT em zumbis que não foram incinerados ou que não tiveram sua cabeça destruída, os Crimson Heads são extremamente velozes, agressivos e causam muito mais dano do que os zumbis comuns. Provavelmente após ter problema com o primeiro deles, você começará a queimar os corpos dos zumbis que encontrar pelo caminho para evitar novos percalços ao longo do caminho.

Outra adição a história que dificulta as coisas para o jogador é a presença de Lisa Trevor. Os seus disparos no máximo irão retardá-la, já que é impossível matá-la, e ela sempre aparece em locais complicados e com pouco espaço para você fugir. Habilidade em “drible” é fundamental para conseguir passar por ela sem problemas.

No mais, o cenário de Chris Redfield continua sendo bastante difícil, especialmente pelo pouco espaço em seu inventário, o que faz com que o jogador dificilmente ande com mais de uma arma, tornando ainda mais complicado os embates contra Crimson Heads e Hunters. Além disso, Chris não tem o lockpick, o que faz o jogador ter que procurar por inúmeras chaves para abrir as portas que com Jill o lockpick dá conta.

Os desafios mais complicados vem após terminar o jogo e iniciar uma nova partida. Ao reiniciar o jogo em “Once Again”, Forest Speyer, que é encontrado morto no decorrer do jogo, passa a vagar atrás de você pela Mansão. Só que ao contrário dos outros zumbis, não é possível atirar nele, já que ele anda com granadas presas ao corpo e qualquer disparo em sua direção significa “game over”, algo bem próximo com o que acontece no final do jogo, quando você tem de transportar uma substância explosiva pelo laboratório até a sala das Chimeras. Além de não poder atirar, você não pode deixar que ele te pegue, se não também é morte instantânea. Para dificultar um pouco mais, Forest não é um zumbi comum, e sim um Crimson Head, o que garante ainda mais tensão a cada aparição dele., No Real Survival Mode para começar, a mira automática é desativada. A dificuldade do jogo é maior e isso significa que as ervas e munições são encontradas em baixíssima quantidade e os inimigos são muitos. Apesar disso, a diferença mais significativa são os baús. Dessa vez, eles não estão conectados uns aos outros como nos outros modos de jogo. Isso quer dizer que o que você guardar em um baú só poderá ser pego de volta no mesmo.

Mas sem dúvidas um dos modos de jogo mais difíceis e desafiadores que já apareceram na franquia Resident Evil é o Invisible Enemy Mode. Se enfrentar monstros horrendos num casarão escuro foi difícil, o Invisible Enemy Mode proporcionará uma experiência única. Você terá que resolver todos os enigmas da misteriosa Mansão Spencer novamente, e, desta vez, sem enxergar os seus inimigos. A ordem dos acontecimentos no decorrer do jogo, assim como a localização dos itens com Chris e Jill, é exatamente a mesma do modo tradicional. Você poderá escolher entre os três níveis de dificuldade: fácil, normal e difícil. A quantidade de ervas, munição e inimigos é dada de acordo com a dificuldade escolhida, assim como suas respectivas localizações. A única diferença entre este modo e o modo tradicional, portanto, são os inimigos invisíveis. Para aumentar ainda mais a dificuldade, você não poderá contar com a mira automática.

Ao terminar o modo Invisible Enemy, você poderá ler uma carta do diretor do game, Shinji Mikami, lhe parabenizando por ter terminado o jogo. Além disso, uma galeria de conceitos descartados estará disponível, assim como uma imagem especial de congratulações com Chris e Jill sentados na escadaria do Hall da mansão.

Os dois modos citados acima, ainda contam com um fator que os torna ainda mais desafiadores, o “One dangerous Zombie” – Forest Speyer também está presente nesses dois modos. Se já era complicado lidar com ele normalmente, imagina agora que ele está invisível?!

Por conta das adições e fatores dificultantes extras a campanha principal e também a esses dois novos modos de jogo, RE: Remake é um dos jogos mais difíceis da franquia, impondo ao jogador grandes e deliciosos desafios a serem ultrapassados.

Fator Replay4 copy

Garantia de diversão por muito tempo. RE: Remake, além de ter uma campanha principal bastante fluída e desafiadora, brinda os jogadores com dois modos extras após terminar o jogo pela primeira vez, que elevam o desafio e testam as habilidades do jogador ao extremo.

Embora a dificuldade dos modos extras seja alta, não é exagerada ao ponto de ser desestimulante, pelo contrário: o desafio coloca a prova toda a habilidade e capacidade de raciocínio do jogador em montar estratégias para cada parte do jogo e também na organização e uso do inventário e dos baús que não são mais interligados. Somado a isso o fato de o jogo ter dois cenários para diferentes para cada modo de jogo, temos provavelmente o Resident Evil com maior vida útil dentre os jogos “clássicos” da franquia.

Conclusão6

Já se passaram mais de 11 anos desde o lançamento de RE: Remake e ele ainda continua sendo um jogaço! Em seu lançamento, o mundo ficou asosmbrado com os impressionantes gráficos e efeitos sonoros do jogo, e sua jogabilidade era o mais próximo possível da perfeição. Além disso, as adições que foram feitas a história original de RE1, tornaram o enredo ainda mais empolgante, imersivo e emocionante, apesar disso, falhas e furos na história infelizmente continuaram existindo, e esse é o único fato que impede que RE: Remake seja considerado um jogo perfeito em sua essência.

Para quem ainda não conhece RE, Remake é o capítulo que dará início a paixão por uma franquia. Para aqueles que já são fãs, o jogo é um espécie de coroa que embala toda uma geração de jogos de Survival Horror ao estilo clássicos, que infelizmente caiu em declínio após este período. No resumo da obra, RE: Remake é obrigatório não só para os fãs de Resident Evil e de Survival Horror, mas para todos que gostam de video game e que procuram por experiências únicas.

Curiosidades

  • Conhecido por Resident Evil Remake ou Rebirth, o jogo foi lançado apenas como Resident Evil (Biohazard no Japão);
  • Remake foi lançado apenas para consoles da Nintendo como parte de um contrato de exclusividade assinado entre a Big N e a Capcom. Além disso, produtores do jogo afirmavam que o PS2 não tinha poder para receber uma versão do jogo, que levava o GameCube ao máximo de sua capacidade de processamento gráfico;
  • Quase sete anos após o lançamento original para Game Cube, o remake do primeiro Resident Evil chegou também ao Nintendo Wii. O jogo em si é o mesmo, sem mudanças gráficas ou adições à história original. Nesta versão, porém, além de jogar com o controle do Cubo, também é possível utilizar o Classic Controller, o Wiimote ou sua combinação com Nunchuk. Em um dos tipos de controle, ainda, é possível sacar ou guardar a arma com um balanço do joystick. Nos EUA e na Europa, o port fez parte de um pacote de relançamentos chamado “Resident Evil Archives”. O segundo volume deste pacote inclui a versão Wii de Resident Evil Ø;
  • O jogo traz roupas extras para Jill e Chris. Terminando o jogo pela segunda vez, é possível jogar com Jill trajando sua roupa de RE3 e com Chris trajando sua roupa de RECVX;
  • Ao terminar o modo “Invisible Enemy” uma mensagem especial de Shinji Mikami e artes conceituais especiais são desbloqueadas como prêmio por ter terminado o modo mais difícil do jogo.

Ficha Técnica

Título: Resident Evil (Biohazard)
Ano de Lançamento: 2002
Plataformas: GameCube,  Nintendo Wii.

CRÉDITOS
Escrito por: André Ceraldi (Ceraldi)
Data de Publicação: 10/12/2013

O texto não reflete a opinião do site REVIL, e sim do autor da análise.

Gráficos
10
Som
10
Jogabilidade
10
Enredo
9
Diversão
10
Uma aula de Survival Horror
Clássico revisitado e com enormes melhorias
A introdução da história de Lisa Trevor e sua família
Novas localidades e inimigos
Quase perfeito em todos os aspectos
Enredo tem furos em relação a história da franquia
9.8