Demo de Resident Evil 6 – Análise

Como noticiado ontem, a versão demonstrativa de Resident Evil 6 está finalmente disponível na Xbox Live para os usuários que fizeram a compra de Dragon’s Dogma, outro título desenvolvido pela Capcom que é acompanhado por um código de acesso exclusivo ao conteúdo do sexto game da franquia.

As fases disponíveis são as mesmas exibidas durante a E3 2012, evento de games que ocorreu no mês passado, e não demonstram evoluções muito grandes em relação ao que já havia sido visto, dando a entender que essa é uma versão antiga e ainda incompleta do jogo. Para aqueles que não acompanharam as novidades da E3, a demonstração conta com um pequeno fragmento de cada um dos três cenários presentes no título – o de Leon, nos EUA; o de Chris, na China; e o de Jake, na Europa.

De volta às origens, mas com seus defeitos

O primeiro cenário que testei foi o de Leon, que prometia levar a série de volta às suas origens, contando com sequências mais tensas e aterrorizantes, além de ser, de acordo com o produtor de Resident Evil 6, o foco principal da trama do game. Tudo começa muito bem, com uma cena eletrizante de Leon e Helena assassinando o já zumbificado presidente dos EUA, Adam Benford, outrora grande amigo do protagonista de RE4. O impacto dessa grande abertura, entretanto, não demora a se perder a partir do momento em que o jogador assume o controle dos personagens. Apresentando um gameplay sombrio, mas bastante monótono, a campanha de Leon acabou se provando a pior das três disponíveis, com um número de falhas gráficas gritantes e de problemas com a jogabilidade muito maior no que nas demais.

Em geral, os gráficos de Resident Evil 6 estão muito aquém do padrão atual. A campanha de Leon foi a que mais apresentou problemas em texturas e screen tearing (uma espécie de “rasgo” na tela, que prejudica a qualidade), até mesmo em algumas cutscenes. Os efeitos de iluminação do jogo também deixam muito a desejar, fazendo com que tudo pareça, inclusive, inferior ao próprio Resident Evil 5.

Outro problema notável na demo é a dificuldade de locomoção dos personagens pelos ambientes, já que seus elementos, como cadeiras e mesas, por exemplo, acabam bloqueando a passagem do jogador frequentemente. E como agora não há mais um botão para correr, sendo necessário apenas empurrar o analógico para tal, a jogabilidade em corredores estreitos acaba ficando bem confusa, com o personagem se movendo rápido demais e impossibilitando uma visão mais precisa da área. Caminhar só é possível empurrando levemente o analógico, o que acaba tirando toda a precisão do movimento.

Por outro lado, a jogabilidade provou que não merecia todas as críticas negativas atribuídas em suas primeiras análises. Claro, nada aqui é perfeito e ainda há muitas falhas notáveis, mas praticamente tudo é configurável, podendo ser adequado aos gostos do jogador. A câmera dá um pouco de trabalho no começo, mas é aceitável a partir do momento em que quem está jogando se adapta a ela – com exceção de alguns problemas depois das animações que anunciam a chegada de inimigos, claro.

E ei, isso ainda é um Resident Evil! Há muitos zumbis para matar e, particularmente no cenário de Leon, a munição se provou bem escassa, com apenas um pente de balas disponível durante toda a fase. Na falta de munição, o jogador se verá obrigado a utilizar os golpes corpo-a-corpo dos personagens, que agora, apesar de serem livres, são bem mais imprecisos.

A demo de Leon traz de volta alguns elementos dos jogos clássicos da franquia, mas falha diante do padrão atual de games.

A ação em seu auge

A segunda demo que joguei foi a de Chris. A abertura disputa com a de Leon quanto às cenas eletrizantes, mostrando o agente da BSAA visivelmente embriagado e transtornado em um bar da Europa. Piers Nivans, um velho parceiro de equipe, vai ao seu encontro depois de seis meses sem fazer contato, e encontra, para sua surpresa, um Chris rebelde e amnésico, que acabou se esquecendo até mesmo dos soldados que morreram sob seu comando em um grande desastre prévio, e que evidentemente perdeu uma parte de sua identidade. O impacto da cena está todo contido no comportamento de Chris e no mistério imposto sobre o grande trauma que ele sofreu para que ficasse daquela inusitada forma.

Em seguida, somos levados direto à China, com Chris já de volta à BSAA ao lado de Piers, e o gameplay começa. De relance, já se percebe que os gráficos do cenário estão bem superiores aos do protagonizado por Leon, em especial devido à iluminação e à qualidade das texturas, que apesar de ainda não estarem muito boas, não são tão falhas quanto as do agente do governo. A jogabilidade, embora seja basicamente a mesma, acaba sendo utilizada de uma forma muito diferente aqui. Em meio à ação frenética desse cenário, munição é um elemento imprescindível que está disponível ao jogador o tempo todo, e os bem aplicados sistemas de cover e de esquiva também recebem grande destaque.

As falhas de câmera, no entanto, persistem em todas as campanhas, com a visão do personagem saindo de foco várias vezes e com a mira sofrendo pequenos bugs.

Os inimigos, chamados J’avo, se comportam de uma maneira muito diferente dos zumbis tradicionais que foram mostrados nos EUA – eles possuem armas de fogo, são ágeis e sofrem mutações conforme levam tiros, o que os torna ainda mais resistentes. E claro, isso tudo deixa essa parte da demo muito semelhante à sequência dos majinis armados em Resident Evil 5, porém com uma dose extra de ação. É extremamente divertido, sem dúvidas, mas se, por um lado, a série se aproxima mais de suas origens com o cenário de Leon, aqui ela apenas se distancia – o que pode incomodar alguns fãs mais conservadores. Mas ao menos por enquanto, tudo parece estar na medida certa.

Retomando o estilo de Resident Evil 5, a fase de Chris é repleta de ação e exerce bem o seu papel ao entreter o jogador, apesar de alguns problemas na jogabilidade.

Sherry Birkin volta com estilo!

E por último, mas não menos importante, há também a campanha de Jake e Sherry, sem dúvidas a mais inovadora do novo título. A abertura, desta vez, não foi revelada, sendo substituída por uma cutscene de um momento posterior da trama, que, como de costume, não poupa nem um pouco quem está jogando. A apresentação de Ustanak, o “novo Nemesis”, como muitos o chamam, é frenética e envolvente, e não esconde o estilo dessa terceira campanha, que também dá grande importância à ação. Porém, com a adição das habilidades especiais dos herdeiros de Wesker e Birkin, tudo aqui recebe uma cara nova e é muito mais dinâmico do que nas demais fases.

Jake e Sherry movimentam-se de forma muito mais ágil do que os demais personagens. Em sua violenta batalha contra Ustanak, a dupla precisa contar com recursos do ambiente a sua volta para que possa sair viva. Os barris explosivos dispostos pelo cenário, por exemplo, são imprescindíveis ao confronto – a melhor maneira de derrotar a nova arma biológica é atraindo-a para perto dos barris e fazendo com que tudo vá aos ares. A criatura é bem resistente e pode, inclusive, quebrar paredes com seus golpes, fazendo com que o jogador fique sempre em movimento, pronto para esquivar-se de um ataque surpresa.

Aqui, a jogabilidade funciona surpreendentemente bem. Como o ambiente é mais amplo, há mais espaço para que o jogador possa correr livremente, explorar e lutar com muito mais precisão. Obviamente, alguns dos problemas das outras demos continuam na ativa, mas é aqui que Resident Evil 6 realmente prova seu valor. Infelizmente, essa é a mais curta das três amostras presentes na versão de demonstração.

Jake e Sherry aparecem para provar o potencial de Resident Evil 6, apresentando a melhor fase da demo, embora seja extremamente curta.

Não, as esperanças não acabaram

Como já dito, o conteúdo dessa versão demonstrativa é, provavelmente, antigo e ainda está inacabado, ou seja, muitos dos problemas apresentados podem ser resolvidos até o lançamento do jogo completo. Por enquanto, Resident Evil 6 possui muitas falhas, mas está longe de ser um jogo ruim. Além de tudo apontado por aqui, há também a história do game a ser levada em consideração, o que, infelizmente, só será possível assim que a versão final chegar às lojas. E com sorte, até lá tudo já estará em outro patamar de qualidade.

Esta mesma demo será lançada na Playstation Network apenas em setembro, também exclusivamente para quem possuir uma cópia de Dragon’s Dogma. Resident Evil 6, em sua versão para consoles, chega às lojas no dia 2 de outubro deste ano, enquanto a versão para PC segue sem data de lançamento definida.