O que o livro “Resident Evil: A Conspiração Umbrella” traz de diferente em relação aos jogos?

20 anos após o seu lançamento, já não é segredo pra ninguém que Resident Evil é uma das franquias de Survival Horror mais famosas do mundo; obtendo vários materiais de entretenimento para o cultura pop além dos games, como filmes, mangás e HQ’s. E pra ficar ainda mais completo, temos os livros da franquia que nos dão mais detalhes do que vivenciamos nos games e aventuras inéditas que é indispensável para qualquer fã – com alguns toques de originalidade por parte da autora. Essa análise vai falar do primeiro livro lançado, o Resident Evil: A Conspiração Umbrella.

Nesse primeiro livro, de responsabilidade da autora S. D. Perry, é recontado todos os fatos do incidente na Mansão Spencer nas Montanhas Arklay vivenciados em Resident Evil 1 e Resident Evil Remake, onde vemos os esforços dos sobreviventes dos S.T.A.R.S. para enfrentar zumbis e outras criaturas que, para eles, só existiam em filmes de terror, e toda a luta da equipe para descobrir todas as atrocidades e a verdade sobre a Umbrella Corporation.

Nessa novelização conseguimos entender mais do que conseguimos com files e conversas no game em si, pois alguns eventos de antecedem a ida da Equipe Alpha para as Montanhas Arklay são contados aqui, mas tudo com uma pitada de originalidade e criatividade por parte da escritora. Um deles é o momento de reflexão de Jill Valentine, onde ela começa a dar um sermão nela mesmo por estar atrasada para sua reunião mais importante desde que entrou para os S.T.A.R.S. Além disso, podemos ver o quanto ela está conectada a onda de assassinatos misteriosos que aterroriza Raccoon City, pois conhecemos duas pessoas importantes na vida da personagem: as irmãs Becky e Pris McGee, que foram assassinadas nesse caos todo, o que fez Jill lutar e aceitar colaborar com as investigações. É mencionado também pela própria personagem, o seu pai Dick Valentine, com quem aprendeu tudo o que sabe, mas ao invés de seguir a “carreira do pai” – um ladrão de primeira classe, ele insistira para que a filha não fosse que nem ele – resultando na carreira policial dela. Com todos esses detalhes, e mais toda o drama e determinação vivenciados por ela na Mansão Spencer, podemos entender ainda mais sobre a personalidade forte da personagem.

Já sobre Chris Redfield, conseguimos ver mais detalhes sobre sua personalidade durona e sua boa dedução para algumas coisas, já que no enredo temos uma ligação com ele e seu amigo de infância Billy, um pesquisador da Umbrella que acabou fazendo uma ligação bem suspeita para Chris antes dele ir para tal reunião que resultaria na sua sobrevivência a Mansão Spencer. Nessa ligação, Billy comenta assustado todo os casos estranhos que estavam acontecendo em seu local de trabalho e, assim que Chris começa a enfrentar as criaturas na Mansão Spencer, logo já consegue imaginar o que estava acontecendo e o que acontecera com seu amigo.

Temos a possibilidade, também, de acompanhar todo o plano de Albert Wesker para coletar informações importantes das pesquisas da Umbrella para sua própria glória. Todo seu pensamento sobre toda a farsa da operação nas Montanhas Arklay ficam bem contados no livro, e também como Albert consegue escapar tantas vezes dos olhos e atenção dos seu esquadrão dentro da Mansão. No livro, também, fica claro seus motivos para que ele conseguisse chantagear Barry Burton a colaborar com sua operação na Mansão Spencer, já que Albert sequestrara toda sua família e a manteria refém até sua fuga da propriedade.

Falando em Barry Burton, a presença dele no livro nos traz a possibilidade de ver a sua personalidade protetora, que faz de tudo para proteger sua família das mãos de Albert, mas sem deixar seus amigos a mercê da traição do seu chefe de esquadrão.

Além desses protagonistas, também temos a presença marcante de Rebecca Chambers, se mostrando forte o suficiente para acompanhar e ajudar Chris Redfield nos eventos medonhos que a Mansão Spencer proporciona; a de Brian Irons, com toda a sua arrogância de sempre; e todas as menções honrosas de cada integrante das duas equipes que formam os S.T.A.R.S.

O ponto chave e totalmente novo nessa novelização é, sem dúvidas, o personagem Trent: o homem misterioso que alertou Jill dos perigos que a garota viria a presenciar na Mansão, dando dicas a ela sobre futuros puzzles e alguns documentos importantes. Trent não faz muita participação nesse enredo, mas ele é a peça principal para ligar todos os livros lançados em uma só trama.

Com todos esses detalhes acrescentados e mais essa nova parte para a trama, o livro ainda traz, de bônus, por assim dizer, os momentos mais marcantes por aqueles que já jogaram o primeiro game, tais como o detalhamento da cena do famoso “Jill’s Sandwich”, as batalhas contra a Yawn e o Tyrant-002 e diálogos memoráveis (quem realmente é fã, lê as falas com as vozes dos personagens na cabeça, sem dúvida).

Resident Evil – A Conspiração Umbrella é uma leitura obrigatória para todo o fã da série, pois consegue trazer detalhes de um enredo lembrado por muitos até hoje, e mostra também os pontos de vistas dos protagonistas sobre todo aquele primeiro terror vivenciado por eles, o que completa ainda mais a experiência de quem jogou Resident Evil 1, Resident Evil Remake e Resident Evil: The Umbrella Chronicles.

Importante

Deve-se salientar porém,  que apesar das adições originais feitas por S.D. Perry, o livro não é parte da cronologia oficial da franquia. Portanto, personagens como Trent, e Dick Valentine, além de fatos sobre o passado dos personagens não são oficiais, e foram inseridos pela autora apenas em uma tentativa de contextualizar melhor a construção dos personagens e o desenvolvimento da história.