Resident Evil: uma franquia sobre bioterrorismo

Provavelmente a primeira coisa que vem na cabeça da maioria das pessoas quando elas pensam em Resident Evil são os clássicos e carismáticos zumbis. Muito justo, afinal de contas foi tendo essas figuras como principais inimigos que a franquia se estabeleceu no fim dos anos 90 como uma das maiores da Capcom.

Porém, a temática de Resident Evil é muito mais voltada ao bioterrorismo propriamente dito do que aos zumbis, afinal, eles não estão presentes em todos os lançamentos da série e, apesar de serem muito queridos pelo público e de viverem uma fase gloriosa na cultura pop, nem de perto são o foco principal da temática dos jogos.

Embora nos primeiros títulos os zumbis ocupassem um lugar de destaque, é importante lembrar que os inimigos nada mais são do que fruto de um “acidente”: a contaminação de humanos por armas virais que vinham sendo alvo de testes para a produção de armas bio-orgânicas, como por exemplo Hunters e principalmente os Tyrants.

Tudo explicado pelo nome correto

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O nome original da própria franquia exemplifica bem que a série é sobre armas biológicas e não sobre zumbis. Biohazard ou Risco Biológico (tradução livre) é o nome original japonês, e não há muito o que dissertar sobre esse título a não ser o seu próprio significado que já é a explicação para a temática dos jogos, desde o primeiro até o último. Infelizmente, quando o jogo chegou ao mercado ocidental, a Capcom teve que registrar um outro nome por conta de uma antiga banda americana que já possuía o nome “Biohazard”. Dessa forma, para não esbarrar em problemas jurídicos, a empresa decidiu por alterar o nome da franquia, batizando-a de Resident Evil, ou Hóspede Maldito (tradução livre), um nome que na verdade possui uma ligação muito maior com o primeiro título da franquia do que com os seus desdobramentos, já que faz clara referência aos perigosos “hóspedes” indesejados que o jogador encontrará na Mansão de Spencer, principal localização do primeiro Resident Evil.

De local a global

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A ameaça bio-orgânica/bioterrorista de Resident Evil começou isolada nos confins das montanhas Arklay, mas em pouco tempo ganhou proporções muito maiores, como é comum quando ocorre algum desastre ou vazamento de origem viral. Em poucos meses, de pequenos acontecimentos isolados nas montanhas Arklay, tivemos a inteira contaminação de Raccoon City,  que culminou com a sua completa esterilização para evitar que a tragédia tomasse proporções maiores.

Porém, por inúmeros motivos, vimos a ameaça se tonar cada vez maior, e o auge do bioterrorismo acontece em Resident Evil 5, onde Albert Wesker planejou contaminar o mundo inteiro por meio da pulverização do vírus na atmosfera do planeta com mísseis. Em Resident Evil 6 também temos um dos pontos altos do bioterrorismo com a Neo-Umbrella, encabeçada por Carla Radames, que pretendia contaminar o mundo com o C-Vírus. Há ainda, em proporção menor em Resident Evil: Revelations, a Veltro, que supostamente teria capacidade de infectar 1/5 do oceano global, prejudicando a qualidade de vida de todo o planeta. Embora essas ideias possam soar megalomaníacas e até mesmo um pouco inconsistentes com o que vimos nos jogos pré-RE4, onde as ambições e ações dos vilões eram menores, a história seguiu e tomou proporções muito maiores, erradicando quase que completamente a possibilidade de vermos com frequência hospedeiros acidentais, como os zumbis.

Apesar de termos esses dois exemplos máximos do bioterrorismo, nos outros jogos também é possível identificar o bioterrorismo como principal foco da trama. Os zumbis acabam por ser apenas uma ferramenta em meio a esse foco. Claro que não queremos diminuir a importância e principalmente a representatividade destes seres, mas a verdade é que eles são peças de um jogo muito maior. Não seria nada plausível que a essa altura do campeonato, com as proporções gigantescas que a ameaça do bioterrorismo tomou, empresas como Tricell e Neo-Umbrella utilizassem uma falha de experimento que é totalmente desprovida de inteligência e consequentemente impossível de controlar para tentar chegar aos seus objetivos. O enredo de Resident Evil precisava seguir em frente e se desprender dos acidentes, caso contrário a história dos jogos posteriores ao Resident Evil CODE: Veronica seria apenas mais do mesmo e com certeza a franquia não continuaria sendo, até hoje, uma das maiores da história da Capcom.

CRÉDITOS
Escrito por: André Ceraldi (Ceraldi) e Lucas Duarte (Ricky)
Revisado por: Ricardo Andretto (ThE cRaZy)
Data de Publicação: 15/10/2013

Agradecimento especial ao Fábio “Chris” Batista, pela idéia que originou este texto.