REVIL entrevista Raquel Marinho

raquel_marinho
Delicada e risonha, bem ao contrário de sua personagem em “Resident Evil Degeneration”, Raquel Marinho é uma das dubladoras mais experientes do país, e em seus 13 anos de carreira, dublou diversos animes e séries de sucesso. Ela é dona das vozes de Chi Chi, de Dragon Ball Z; Meg, de Family Guy; Sara Sidle, de C.S.I.; e Phoebe Halliwell, de Charmed; além das atrizes Eva Mendes e Penélope Cruz. Raquel também é uma das locutoras do canal Sony Entertainment Television e, nesta rápida conversa, que aconteceu após um dia de gravações de vinhetas do canal, fala um pouco mais de seu trabalho e afirma ser bem diferente de Angela Miller.

 


 

REVIL: Como aconteceu o chamado da Dublavídeo para fazer esse filme? Você já conhecia Resident Evil antes de dublar “RE Degeneration”?
Raquel Marinho: A Dublavídeo é um dos estúdios em que mais trabalho, inclusive foi onde eu comecei a minha carreira como dubladora. Eles me chamaram diretamente para este papel, não foram feitos testes. Eu não conhecia a série, fiquei sabendo um pouco mais quando fiz o filme e pesquisei na internet após o contato de vocês.

R: Angela Miller se parece com você? Como sua voz foi trabalhada para fazer a personagem?

RM: Eu gostei muito de tê-la dublado. Ela é muito bonita, mas não tem nada a ver comigo. Sou muito mais delicada, ela é bem séria e durona. Por isso, e por ela ser uma policial, precisei fazer uma voz firme e um pouco mais pesada que a minha natural.

R: O que mais pode ser dito sobre ela e sobre as sessões de dublagem de Degeneration?
RM: Sinceramente, eu não me lembro de muita coisa, pois as gravações para este filme foram feitas há alguns meses, e em longas, gravamos nossas falas assistindo apenas às nossas cenas. Li um pouco sobre o filme na internet e me lembrei de algumas poucas coisas, mas como é um trabalho que a gente faz apenas uma vez é complicado se lembrar de muitos detalhes. Mas as sessões foram bem simples, duraram cerca de duas horas e foi um papel bem fácil de fazer.

R: O canadense Richard Waugh, que é um dos dubladores de Albert Wesker nos games, citou em uma entrevista o uso de uma ferramenta conhecida como “Tool Box”, na qual palavras eram retiradas das frases gravadas para formar novas sentenças, caso exista uma mudança no roteiro ou erros de dublagem. Este recurso é utilizado aqui no Brasil?.
RM: Nunca fiz nenhum tipo de trabalho desta forma, e nunca ouvi falar desse tipo de sistema. Às vezes, gravamos falas ou palavras separadamente para utilização em serviços de telemarketing, as chamadas “árvores de atendimento”, por exemplo. Dessa forma, as frases são montadas na hora de acordo com as necessidades do serviço, e isso resulta em uma certa estranheza no encaixe da sentença. Mas em uma dublagem, caso algo esteja errado, os atores devem voltar ao estúdio para refazer as falas. Nesse meio, todo mundo se conhece, e às vezes acontece até do ator gravar uma fala em um estúdio diferente daquele em que o trabalho foi realizado originalmente, caso não haja tempo para um deslocamento até lá. . Como hoje tudo é feito digitalmente, é possível falar e enviar uma única linha para qualquer outro local, algo impossível de se fazer quando o processo era analógico.

R: Com tanta experiência, você ainda encontra surpresas em seu trabalho? Qual foi o principal desafio de sua carreira?
RM: O pessoal às vezes acha até engraçado, pois eu acho todos os meus trabalhos muito legais. Desde um anime até um programa do Discovery Kids, eu sempre acho tudo muito interessante e divertido. Agora, dublar pode ser muito complicado, e o meu trabalho mais difícil foi em um filme da Disney chamado “Bem Amada”, em que eu tive que ficar o tempo todo falando como se possuísse algum problema na garganta, devido à história da personagem, que morreu após sofrer um corte profundo no pescoço. Dublar anime também é um desafio, principalmente quando é necessário sincronizar falas ouvindo o original em japonês, uma língua muito dura e que não conheço.

R: De todas as personagens que você interpretou até hoje, qual é sua preferida?
RM: Não sei se é porque eu adoro a série também, mas eu diria que é a Sara Sidle, de C.S.I. Também gostei muito de ter feito a Susie, de Rugrats. Eu tenho essa identificação maior com personagens de séries, pois você fica um bom tempo fazendo, ao contrário de um filme, que você trabalha uma vez e não retorna ao papel.

R: E para o futuro, quais são os seus próximos trabalhos?
RM: Bom, agora estou participando da redublagem de “Punky: A Levada da Breca”, que eu achei que fosse ser apenas lançado em DVD, mas descobri que também vai ser exibido na televisão. É algo que tem me dado bastante trabalho. Faço a voz da amiga da personagem principal, Cherie, e o estúdio queria uma voz parecida com a da dublagem original. Tive que fazer testes e tudo mais. Também tenho feito algumas narrações de áudio-livros.

R: Terminamos por aqui. Há alguma coisa que você tem a dizer aos fãs de Resident Evil que esperam ansiosamente o lançamento de “Resident Evil Degeneration”?
RM: Eu tenho certeza que todos vão gostar da dublagem. Muitas vozes boas estão envolvidas, o Alexandre Marconato, por exemplo, que é uma das vozes mais bonitas da atualidade – não só linda, mas também com talento. Acho que todos vão adorar este filme, e podem ter certeza de que fizemos o melhor trabalho possível neste longa.