Análise – Livro Resident Evil: Hora Zero

Ai daquele fã que acha que o mundo de Resident Evil fica somente nos consoles…

Além de fazer muito sucesso nas telonas – e até já ter um reboot confirmado – a franquia também agrada muitos os fãs apaixonados por leitura, com livros, mangás e até histórias em quadrinho inspirados em alguns dos jogos. Há, inclusive, histórias originais com os protagonistas famosos. E uma dessas adaptações resultou numa excelente novelização escrita por S.D. Perry, a do livro Resident Evil: Hora Zero.

É sempre bom avisar: neste texto há spoilers tanto do livro como de eventos de Resident Evil Zero. Então prossiga com isso em mente.

Enredo Detalhado

Toda a trama de Resident Evil: Hora Zero se passa em torno do jogo Resident Evil Zero, como o próprio título já denuncia. O livro começa com um prólogo bem curto, mas que já coloca o leitor no cenário inicial, o trem Ecliptic Express.

Lá, o leitor descobre que o meio de transporte é utilizado com exclusividade por funcionários da Umbrella Corporation até o centro de pesquisas e treinamento da empresa na Floresta Arklay. Há também detalhes de como o trem foi construído com luxo e conforto para os subordinados. Aqui, ainda é introduzida a informação sobre os assassinatos misteriosos que estavam acontecendo nas redondezas da floresta, assim como há o ataque das Leechs, que infectam todos os passageiros com o T-Vírus.

E assim se inicia a história de Resident Evil: Hora Zero, que conta com 17 capítulos. A partir do ataque, temos o relato sobre a chegada da Equipe Alpha dos S.T.A.R.S. na Floresta Arklay para investigar os misteriosos assassinatos, seguido da apresentação dos protagonistas, Rebecca Chambers e Billy Coen, e de como ambos foram parar no Ecliptic Express. Também são relatados os diversos encontros e desavenças entre os personagens e como eles lidam com as diferenças para sair com vida do trem infestado de zumbis e diversos outros inimigos, como o Stinger (primeiro boss do jogo), até chegar no centro de treinamento da Umbrella.

O personagem de Albert Wesker também aparece e todo o começo de seu plano para desbancar a Umbrella e conseguir dados importantes é colocado em prática. Ele usa o vazamento do vírus a seu favor e aproveita o fato da própria Umbrella ter o mandado para tomar conta da situação.

No capítulo 6, temos a segunda parte vivida em Resident Evil Zero, com a chegada dos protagonistas ao Centro de Treinamento, com passagens que evidenciam a investigação do local, descobertas da existência de experimentos ilegais do Dr. James Marcus e o encontro rápido com o Centurion (segundo boss do jogo). Em seguida a dupla avança para os laboratórios subterrâneos, onde Rebecca e Billy começam a se entender melhor.

A introdução do personagem de William Birkin no livro também acontece nesses capítulos, mostrando como o cientista se comporta diante de todo o plano de seu colega de trabalho, Albert Wesker, e o desespero depois do vazamento do T-Vírus pela Floresta Arklay. Aqui somos apresentados também ao “jovem”, que se revela através das câmeras de vigilância do local para declarar sua vingança contra a Umbrella.

A partir do capitulo 10 é mostrado os eventos da última parte de Resident Evil Zero, resumidos na chegada dos protagonistas no laboratório secreto abaixo do Centro de Treinamento, onde os protagonistas enfrentam o Infected Bat (terceiro grande boss do jogo) e os Hunters, resultando na quase morte de Billy. A recruta dos S.T.A.R.S. também tem um rápido encontro seu capitão, Enrico Marini, e com o Proto-Tyrant.

O final do livro se foca inteiramente em Rebecca e Billy se encontrando com o “jovem”, que após se revelar como Dr. James Marcus renascido por meio da ação do T-Vírus de suas Leechs, acaba se tornando o que conhecemos como Queen Leech (último boss do jogo). Uma batalha exaustiva acontece até que a dupla derrota o cientista e consegue sair do local antes da destruição total do complexo.

Após a fuga, Billy aproveita a declaração de sua morte oficial por Rebecca Chambers para viver livre sem perseguições, e Rebecca parte para o que seria seu próximo pesadelo: a Mansão Spencer.

Há um epílogo, presente no livro, que também serve como uma pequena introdução ao livro Resident Evil: A Conspiração da Umbrella, mostrando que os zumbis presentes na mansão se agitaram pelo barulho da destruição total do Centro de Treinamento.

Personagens

Um dos pontos principais que prende o leitor em Resident Evil: Hora Zero é, sem duvida, como cada personagem é descrito e muito bem retratado ao longo dos acontecimentos – tanto fisicamente quanto emocionalmente.

Rebecca Chambers, ao menos no início, se mostra ser uma verdadeira novata. Afinal, essa é a sua primeira missão como médica junto do esquadrão. Em diversos momentos é relatado o quanto ela é inexperiente em campo e como a garota ficou apavorada só em pensar no que poderia acontecer caso cometesse erros.

Após as várias surpresas iniciadas na investigação do trem Ecliptic Express, como o encontro com diversas B.O.W.s e com Billy Coen, a recruta começa a mostrar sinais de liderança e firmeza, principalmente com Billy, já que ele poderia representar uma ameaça extrema. Isso fez com que Rebecca esquecesse seus medos e inseguranças para seguir com sua missão, tentando descobrir o que estava acontecendo.

No Centro de Treinamento, ela é salva várias vezes por Billy, e começa a descobrir quem ele realmente era, dando uma segunda chance para o ex-soldado, se mostrando mais “humana” no final, permitindo até mesmo que o parceiro conte sua história de vida.

Nos últimos momentos do livro, Rebecca é evidenciada como uma personagem extremamente madura, preocupada com seu parceiro e capaz até de se recusar a se reagrupar com sua equipe – coisa que ela realmente faz, assim que seu capitão a reencontra, tudo isso para salvar Billy. Vemos aí que ela desenvolve o lado do companheirismo em meio ao combate, com direito à resistência ao cansaço físico, emocional e até um pouco de romantismo (claro que isso depende da interpretação do leitor).

A evolução de Billy Coen também é destaque no livro. O personagem, no início, se mostra frio e egoísta. Quando o ex-soldado se encontra com Rebecca, ele até tenta usar toda a situação grotesca – dos supostos assassinatos cometidos por ele – a seu favor para fugir dali, porém começa a se preocupar com a recruta do S.T.A.R.S., já que Billy percebe que a garota não conseguiria lidar com aquela situação sozinha, traçando uma trégua.

Assim que chegam ao Centro de Treinamento, Billy continua a se mostrar fio, mas acaba notando a força de Rebecca e se rende para trabalhar em equipe – é aí que ele revela toda a verdade por trás de sua “sentença de morte”. Isso dá espaço para o laço entre os dois evoluir, e então Billy começa a compreender mais a garota e até age de forma descontraída para tornar mais “fácil” a sobrevivência naquela situação bizarra.

No final, com sua liberdade decretada, já que a Rebecca considerou Billy morto para seus superiores, o ex-soldado vê uma nova oportunidade para refazer sua vida fora de combate.

O livro também mostra uma parte interessante dos planos e personalidade de Albert Wesker. Frio e calculista, assim como nos jogos, Wesker se mostra disposto a encerrar suas atividades na Umbrella levando consigo os resultados de combates das B.O.W.s.

William Birkin é retratado como um verdadeiro psicopata, extremamente desesperado com o fato da Umbrella querer tomar parte de sua mais importante pesquisa e descoberta, o G-Vírus. Sua participação no livro é bem pequena, então ele acaba escapando do complexo de laboratórios após a fuga de Wesker.

James Marcus, o principal vilão de Resident Evil Zero, inicia seu plano de vingança contra a Umbrella desde os primeiros capítulos, onde o leitor pode acompanhar os pensamentos insanos e, por vezes, descontrolados do doutor até os capítulos finais.

Os integrantes da equipe Bravo do S.T.A.R.S. aparecem em momentos específicos – ou tentando sobreviver dando dicas a Rebecca ou sendo mortos pelas criaturas provenientes do T-Vírus.

Os Cenários e a Nostalgia

Baseando-se inteiramente em Resident Evil Zero, o livro detalha bastante todos os cenários explorados por Rebecca e Billy. O leitor que já jogou Resident Evil Zero conseguirá se localizar e imaginar o cenário perfeitamente assim que passar os olhos pelos trechos correspondentes à história.

Fora o detalhamento incrível dos cenários, o livro também traz um pouco de nostalgia aos fãs, colocando um pouco de toda a essência da franquia nas páginas, inclusive com puzzles.

Os puzzles, apesar de aparecerem em poucos capítulos e serem resolvidos rapidamente diferente do jogo, são fundamentais para envolver o leitor ainda mais na trama e aguçar a curiosidade, afinal, todos querem descobrir qual a engenhosidade por trás de cada um deles.

Além disso, outra essência de Resident Evil presente no livro são os files, parte indispensável nesse universo. Aqui eles ajudam o leitor a entender um pouco mais a história, desde a pesquisa do Doutor James Marcus com o T-Vírus e suas sanguessugas até alguns horrores vivenciados por funcionários antes do vazamento do vírus. E, claro, neles são encontradas algumas dicas para completar os puzzles que os protagonistas encontram pelo caminho.

Resident Evil: Hora Zero é uma ótima leitura para os fãs que querem mais detalhes sobre os eventos vivenciados em Resident Evil Zero ou que apenas querem mudar um pouco o ponto de vista. Também vale ressaltar que o livro é ótimo para os fãs do gênero e para aqueles que tem interesse em conhecer a franquia.

Ficha Técnica

Título Original: Resident Evil 7: Zero Hour;

Título Brasileiro:  Resident Evil 7: Hora Zero;

Ano de Lançamento: 2013 (Estados Unidos); 2015 (Brasil);

Editora: Benvirá

Gênero: Ficção; Ficção Cientifica; Terror