CONEXÃO CAPCOM – Análise – Devil May Cry 3 Special Edition (Nintendo Switch)

Pela TERCEIRA vez a nossa querida Capcom lança um de seus jogos para o Nintendo Switch com a intenção de fazer o demônio chorar: Devil May Cry 3, originalmente lançado em 2005 para PlayStation 2 com o subtítulo “Dante’s Awakening“, recebeu uma versão para o híbrido em fevereiro. Diferente de seus primos, Devil May Cry e Devil May Cry 2, que já apareceram aqui no REVIL, o jogo está com uma nomeação um pouco diferente, é um: Devil May Cry 3 Special Edition.

O que o torna ESPECIAL em relação as outras versões? Confira nesta análise!

O conteúdo foi redigido totalmente sem spoilers do game. Leia à vontade!

Enredo

A história do jogo é uma espécie de prólogo: ela se inicia com um Dante jovem – com cara de moleque, bem diferente do visto nos jogos anteriores. O jogo se passa muitos anos antes dos acontecimentos de Devil May Cry 1 e 2.

O nosso querido Devil Hunter está em sua clássica lojinha – que está bem bagunçada e sequer ainda tem um nome formal. Quando acaba de sair do banho, ele é recebido por um “cliente” misterioso chamado Arkham, dizendo ter um convite de Vergil (irmão gêmeo de Dante) na forma de um ataque de vários monstros – dos quais Dante enfrenta na clássica cutscene do “This party’s getting crazy! Let’s rock!”.

Após batalhar contra vários inimigos – oportunidade na qual a loja é destruída e deixa Dante furioso – o caçador é surpreendido por uma colossal torre que surge no meio da cidade, sendo possível observar Vergil no topo desta. Curioso com o “convite” de seu irmão, Dante encara isto como um desafio e uma “grande festa”, partindo para explorar a torre e descobrir seus mistérios. Mas os planos de Vergil vão muito além de uma “reunião de família”…

Assim que chega na entrada do monumento gigantesco, Dante é recebido por Cerberus – que funciona como o primeiro grande Boss “formal” do jogo. E em seguida encontra uma jovem moça misteriosa que é familiar para quem jogou Devil May Cry V: Lady.

Devil May Cry 3 Special Edition Nintendo Switch Vergil Sparda

O jogo prossegue com as relações de Dante, Vergil, Arkham e Lady no decorrer da trama, além do misticismo por trás de Sparda – o “paizão” dos gêmeos capeta – e as origens dos poderes demoníacos de Dante. Um enorme diferencial é que o jogo possui muitas cutscenes e diálogos para mostrar o desenvolvimento dos personagens, diferente do primeiro Devil May Cry onde isso era uma coisa rara, e Devil May Cry 2, onde Dante sequer tinha personalidade.

Devil May Cry 3 Special Edition Nintendo Switch Cerberus

Então me proves, pela terceira vez, que tu és o filho do capeta sparda com jogabilidade e gráficos

Assim como seus dois antecessores, que também já deram as caras no Nintendo Switch, Devil May Cry 3 também é um jogo que originalmente surgiu no Playstation 2. Seus gráficos e texturas deixam isso bem evidente: embora o jogo rode tranquilamente em 1080p no modo dock e 720p no modo portátil e a 60fps, indo para 30fps propositalmente em algumas cutscenes. Não há nenhum tipo efetivo de anti-aliasing no jogo e as velhas texturas e efeitos originais ainda estão sem nenhum ajuste.

Cutscenes em geral usam a resolução nativa, o que as deixam mais bonitas, porém as pré-renderizadas em FMV (Full Motion Videos) estão MUITO serrilhadas, com a mesma qualidade de 15 anos atrás. Embora tal problema ainda exista nas versões do jogo em outros consoles, até mesmo na de PC.

Mas nem tudo está negativo: esses vídeos originalmente ficavam em uma resolução 16:9 “letterbox” e foram muito bem traduzidos no display widescreen do Switch.

Ademais, o gameplay continua impecável, mas com uma ressalva: Devil May Cry 1 ainda era um jogo mais “lento”, com uma jogabilidade mais calma e com puzzles. Devil May Cry 2 era fácil demais e exigia pouquíssimos comandos complexos. Já Devil May Cry 3 é um jogo do qual não recomendo jogar nos Joy-Cons do Switch. Seu gameplay é BEM mais frenético e com combos absurdos, fatores dos quais você vai sentir o “baque” em relação a uma jogatina em um Pro Controller tradicional, pois os botões principais dos Joy-Cons tem tamanhos e distâncias entre si ligeiramente menores comparados ao controle tradicional. E isto se aplica a outros jogos de gameplay frenéticos no Switch, não sendo algo apenas “exclusivo” de DMC3.

Nos outros artigos de Devil May Cry era comum a piada de “poder jogar no modo portátil enquanto ia dar uma aliviada naquela feijoada”, mas neste novo jogo, o modo portátil é um novo desafio – do qual por sinal eu me contradirei dizendo que renderia até um excelente “self-imposed challenge”, ainda mais nas dificuldades mais elevadas com o uso de Joy-Cons.

Diferente de seus antecessores, a idade do game não lhe afetou tanto: a exploração é pequena, mas ainda ótima se levar em conta que é um jogo hack and slash com cenários belos a serem desbravados e em busca de fragmentos de Blue Orbs (item que aumenta sua vida máxima). Há, ainda, as clássicas Secret Missions que estão bem mais desafiadoras – algumas sequer tem combate, exigindo utilizar suas habilidades e pensamento rápido em puzzles.

Mas o que esse capeta tem de “especial”?

Diferenças exclusivas na Special Edition

Devil May Cry 3 Special Edition honra o seu título em relação a outras versões: ele não é apenas um jogo antigo portado para uma nova plataforma atual. Sua maior e principal diferença é o Freestyle Mode!

No jogo original, Dante poderia escolher entre quatro (seis se incluir os dois desbloqueáveis) estilos de combate antes de cada missão, que afetam os efeitos do botão “A” em uma configuração padrão:

  • Trickster, focando em movimentos evasivos e manobras no melhor estilo parkour;
  • Swordmaster, focando em combate corpo a corpo;
  • Gunslinger, focando no uso das armas de fogo;
  • Royalguard, focando no uso de movimentos defensivos;
  • Quicksilver, que manipula o tempo (sendo esse desbloqueável);
  • Doppelganger, que cria um clone que imita os movimentos de Dante (sendo esse desbloqueável).

Entretanto, cada estilo só podia ser usado de cada vez, podendo ser trocado apenas em momentos específicos. Agora com o Freestyle, Dante pode mudar de estilo a qualquer momento! Um clique no direcional e Dante fará um “pulso”, emitindo uma aura de uma uma cor específica e irá no meio do combate para Trickster (apertar para cima, aura amarela), Swordmaster (direita, aura vermelha), Royalguard (baixo, aura verde) e Gunslinger (esquerda, aura azul) – apertar duas vezes para a direita ativa Quicksilver em uma aura roxa e duas vezes para a esquerda ativa Doppelganger em uma aura laranja, contanto que o jogador já tenha liberado tais estilos. A quinta série dentro de nós desperta esse modo, veja:

Isso abre um leque quase infinito de possibilidades novas de combos elaborados e insanos. Entretanto, os direcionais servem originalmente como atalhos para acessar mapa, inventário, etc.; logo, jogar no Freestyle lhe obriga sempre a pausar o jogo para acessar os sub menus relevantes.

Mas o Freestyle não se resume só a isso: no jogo original, Dante poderia equipar consigo duas Devil Arms (armas de combate corpo a corpo) e duas armas de fogo, podendo alternar entre elas no meio do combate. Como Dante até o final do jogo estaria portando consigo cinco Devil Arms e cinco armas de fogo, ele apenas podia trocar de equipamento sob as mesmas condições dos seus estilos.

Já no Freestyle você ESTÁ SEMPRE COM TODAS AS SUAS ARMAS POSSÍVEIS. No começo pode parecer confuso, mas o comando é simples: segurando ZL você pode ver suas Devil Arms e segurando ZR você pode ver suas armas de fogo. Enquanto segura o respectivo botão, use a alavanca direita para selecionar o equipamento desejado e trocar para ele. Você ainda pode apenas apertar o botão em vez de segurar para uma rápida troca de arma que estiver “na fila” no sentido horário do inventário. Requer um pouco de costume, mas em poucas horas de treino você estará executando combos loucões com todas as armas disponíveis.

Devil May Cry 3 Special Edition Nintendo Switch Gameplay

Curiosidade: Há um mod para a versão de PC do jogo que adiciona algo bem similar ao Freestyle. Em síntese, o Freestyle deixa a troca de estilo de Dante similar como é em Devil May Cry 4 e V.

Mas não é apenas o Freestyle a única novidade desta versão, há também a possibilidade de jogar o Bloody Palace – modo icônico da franquia onde você enfrenta várias hordas de inimigos e Bosses sem descanso pra salvar seu progresso ou a possibilidade de usar itens – com um amigo! Sim, Devil May Cry 3 pela primeira vez ganhou um co-op local – infelizmente sem opções online como seu sucessor Devil May Cry V.

O Player 1 joga com o personagem principal do save – Dante ou Vergil –  enquanto o Player 2 joga com o outro respectivo personagem. O Player 1 jogará utilizando os upgrades e status do personagem do mesmo save, já o Player 2 pode escolher carregar algum save a sua escolha do outro personagem. Isto acaba obrigando a você ter pelo menos um save de cada personagem, ainda mais que Vergil é apenas habilitado ao finalizar pelo menos uma vez a campanha de Dante, o que pode atrasar um pouco a experiência neste modo ao lado de um amigo.

A única grande diferença de gameplay é que nas lutas normais contra inimigos há apenas uma tela para ambos os personagens, cuja câmera se afasta para comportar Dante e Vergil ao mesmo tempo – se afastar demais do parceiro pode atrapalhar a visão. Já nas lutas contra o Boss, a tela é dividida ao meio na horizontal para cada jogador ter sua própria câmera. Caso um personagem morra no meio da partida, ele retornará na próxima onda de inimigos com parte de sua vida recuperada se o parceiro conseguir prosseguir sem cair em combate. A cada retorno, menos da vida é recuperada, a ponto de que após um certo tempo você voltará com uma quantidade ínfima de pontos de vida. Se por infortúnio ambos os jogadores morrerem antes da próxima sessão, a partida acaba.

Ademais, o jogo conta com todos os extras e adições da versão “Devil May Cry 3: Dante’s Awakening“. Entre as mais importantes, é ter Vergil como personagem jogável, o supracitado Bloody Palace, Turbo Mode – modo que deixa a velocidade do game 20% mais rápida para um gameplay ainda mais frenético – e a opção de jogar “Yellow” ou “Gold”, que afeta os efeitos do item Yellow/Gold Orb – dos quais ainda funcionam como “Continues” caso o jogador morra, onde Yellow é igual Devil May Cry 1, enquanto Gold permite o jogador a reviver exatamente no local de sua morte, igual em Devil May Cry 2.

Para os jogadores mais hardcores, o game conta com várias dificuldades que são liberadas a medida que a anterior é completada, permitindo ainda mais desafios para executar os seus combos favoritos. Além, claro, das conquistas internas que todo jogo da Capcom relançado no Nintendo Switch até o momento carrega consigo!

Honestamente, a “bola fora” do game é não terem deixado Vergil jogável em campanha solo desde o princípio, ainda mais com o Bloody Palace co-op, que requer o uso do personagem. Ter a dificuldade Very Hard liberada desde o começo também seria um aperitivo interessante para os jogadores de longa data.

Ah, e claro: a clássica habilidade de Dante virar demônio, a famosa “Devil Trigger”, continua presente. No entanto, não será muito abordada neste artigo, pois neste jogo em particular ela entra no temido território de spoilers.

O capeta é “especial”, mas é do bom mesmo? Vale a pena?

Diferente dos seus primos Devil May Cry 1 e 2, o terceiro jogo da franquia tem muitas novidades boas. Não é exagero dizer que o Freestyle e Bloody Palace co-op o tornam praticamente um jogo novo. Tanto jogadores novos quanto experientes vão adorar (re)jogar a primeira aventura cronológica de Dante no console híbrido. Até o momento, esta versão do jogo é exclusiva para o Nintendo Switch, o que agrega mais valor em relação às suas outras versões. RECOMENDADÍSSIMO!

Devil May Cry 3 Special Edition está sendo vendido somente em formato digital pela Nintendo eStore – sai por 19,99 dólares (cerca de R$ 107). O jogo também está disponível uma coleção para Playstation 3Playstation 4/4 ProXbox 360Xbox One/One X e PC (Steam).

Análise feita em conjunto por Paloma Cristini e Aluísio Teixeira.

Todas as imagens de Devil May Cry 3 Special Edition usadas na análise foram retiradas do game rodando no Nintendo Switch.

O texto não representa a opinião do REVIL como um todo e sim dos autores da análise.

Arte/destaque: TheSyanArt

Pontos positivos:
Modo Freestyle altera drasticamente a forma de jogar com mais liberdade;
Co-op local no Bloody Palace;
Mesmo sendo um jogo originalmente de Playstation 2, ainda se mantém excelente.
Pontos negativos:
Algumas texturas do jogo deixam a desejar;
Vergil AINDA não é jogável desde o começo, necessitando zerar primeiro a campanha de Dante;
O clássico cheat "unlock everything" te obriga a iniciar um New Game - em outras versões ele apenas te impede de salvar a partir da ativação.
8.5