Resident Evil 2 Remake: teorias, especulações e desejos sobre o enredo e os cenários

Na verdade, a gente não há muitas novidades sobre Resident Evil 2 Remake, afinal de contas tem muito tempo que nenhuma notícia ou rumor sobre o jogo aparece por aí. Mas ainda assim, sempre dá pra explorar algumas possibilidades, como fizemos recentemente falando sobre uma possibilidade bem polêmica: a câmera em primeira pessoa.

Veja também: Resident Evil 2 Remake vai ser em 1ª pessoa?

Mas aqui, não vamos falar sobre isso e nem sobre outros assuntos técnicos do jogo, vamos explorar algumas possibilidades referentes à história, cronologia, cenários e ligações que o jogo pode e deveria ter com outros títulos da franquia.

Contextualização do Remake

Quando o Remake do primeiro RE chegou ao GameCube em 2002, fomos agraciados com uma das maiores obras-primas da franquia, talvez a maior. O jogo mantinha tudo o que havia de bom no jogo original, e trazia melhorias não só tecnicas, na parte de gráficos e sonora, mas também melhorias de gameplay – com novos sistemas como as armas de defesa, os cenários remodelados e que ganharam novas áreas, e também melhorias e incrementos de história, como por exemplo a adição de Lisa Trevor.

É exatamente isso que eu e a maioria dos fãs espera de RE2 Remake. O jogo original é um dos maiores clássicos do PS1 e um dos jogos mais queridos da franquia, podemos considerá-lo uma obra quase perfeita, com equilíbrio entre ação e terror, muito suspense, cenários icônicos, batalhas memoráveis e inúmeros outros fatores que tornaram o jogo um clássico instantâneo em sua época.

Modificar o cerne disso seria um enorme erro, da mesma forma que seria um erro apenas trazer um jogo com gráficos e efeitos sonoros atualizados. Apesar de ser um jogo incrível, RE2 tem seus furos, e o Remake é uma chance ímpar para acertar esses pequenos pontos e fazer com que o novo jogo seja melhor que o original, assim como o Remake do primeiro RE fez em relação ao classico RE de 1996.

Embora o Remake tenha adicionado algumas nuances interessantes e trazido modificações que adicionaram uma camada a mais de profundidade na história em relação ao jogo original, vale citar aqui que ele não resolveu alguns problemas de cronologia apresentados no primeiro jogo, como explicitar qual cenário é canônico, porque Jill e Chris veem e passam por coisas diferentes que no fim tem um mesmo desfecho – como por exemplo as diferentes cenas no laboratório do Tyrant, e principalmente o erro mais evidente que é o de em nenhum cenário temos os quatro sobreviventes – Jill, Chris, Barry e Rebecca escapando da mansão ao final do jogo.

Panorama geral sobre RE2 original e suas ligações

 

Todos sabemos que Resident Evil 2 tem quatro cenários principais, sendo dois deles canônicos, além de três modos extras. Importante dizer que atualmente apenas os cenários A de Claire e B de Leon são cronológicos. Os cenários A de Leon, B de Claire, o modo TOFU e o Extreme battle não são cronlógicos, e mesmo o cenário 4th Survivor que mostra o caminho de HUNK entre os esgotos e o heliporto da delegacia não é mais cronológico, isso porque ele foi substituído pelo cenário de mesmo nome presente no jogo Resident Evil: The Umbrella Chronicles, uma vez que este mostra o mesmo caminho de HUNK mas com mais detalhes e adicionando algumas nuances importantes ao personagem e à sua missão.

Além disso, importante citar que no mesmo período dos acontecimentos de Resident Evil 2, temos também os acontecimentos de Resident Evil 3 – que se inicia 24 horas antes de RE2 – até o momento do desmaio de Jill na Clock Tower após a batalha contra Nemesis, e 24 horas depois, com o fim da aventura de Jill na madrugada do dia 01 de outubro após despertar graças à vacina administrada por Carlos. Vale citar também alguns acontecimentos dos dois Resident Evil Outbreak, que embora não sejam 100% cronológicos tratam de personagens que tem forte interação com Leon e Claire, como Marvin Branagh por exemplo.

Veja também: A cronologia correta de Resident Evil 2 e Resident Evil 3

Pra completar, há um outro cenário em RE: The Umbrella Chronicles que é importantíssimo para a história da franquia: estou falando de Death’s Door, que mostra o caminho tortuoso de Ada Wong para escapar de Raccoon antes de sua completa aniquilação, lidando com uma infinidade de BOWs como Hunters e Tyrants, tudo isso ferida após o golpe que ela levou do Tyrant T-103 para proteger Leon do ataque da criatura.

Com quatro cenários principais – sendo dois deles canônicos, mais a aventura extra de HUNK, Resident Evil 2 é um dos jogos da franquia que mais oferece possibilidades para um mesmo enredo. Considerando que temos como cronológicos os cenários A de Claire e B de Leon

Resident Evil 2 se passa em um dos períodos mais ricos de história na franquia, o mês de setembro temos além do próprio RE2, os fatos de RE Outbreak 1 e 2, Resident Evil 3 – que termina na madrugada de primeiro de outubro, e também dois cenários de RE Umbrella Chronicles – The Fourth Survivor – que substitui o cenário de HUNK em RE2 na cronologia, e Death’s Door, que mostra a fuga de Ada Wong do laboratório e da cidade antes de sua completa aniquilação.

Tudo isso nos dá uma infinidade de possibilidades para o Remake de Resident Evil 2

Possibilidades de cenários para o Remake

Mesmo que a Capcom opte por fazer um roteiro mais conservador, apenas adicionando algumas coisas, Resident Evil 2 Remake tem a obrigação de chegar às nossas mãos com importantes mudanças em relação ao jogo original. A começar pela ordem correta dos cenários, que deve ser mostrada de forma mais explícita ou talvez até mesmo tornar os cenários A de Claire e B de Leon em um único cenário cronológico, com as ações sendo alternadas entre os dois protagonistas de acordo com o momento do jogo.

Claro que todo mundo também quer ter a possibilidade de jogar os cenários não cronológicos existentes do jogo original, e da mesma forma estes cenários que ficam fora do cânon podem ser condensados em um único cenário com as ações sendo alternadas entre Claire e Leon de acordo com o momento do jogo.

É importante também citar as participações de Sherry, Hunk e Ada. No jogo original, controlamos Sherry em alguns curtos momentos para liberar passagens e encontrar chaves para Claire, momentos que devem ser repetidos e aprofundados no Remake, algo que pode adicionar importantes momentos ao jogo e tornar a participação da pequena Birkin mais importante do que em RE2.

O mesmo vale para Ada Wong, que é controlada pelo jogador em RE2 de forma semelhante à de Sherry, mas por toda importância que Ada tem na trama. Ela deve ser melhor explorada, talvez até mesmo da forma que foi no Separate Ways de RE4, onde não apenas controlamos Ada por um curto período para dar suporte a Leon, mas onde temos uma longa e importante trajetória em seu controle durante a missão principal da espiã e também em momentos em que ela cruza o caminho de Leon e de outros personagens do jogo. Isso sem contar o já citado final do caminho de Ada em Raccoon, mostrado em RE: The Umbrella Chronicles, e que pode ser inserido no jogo como uma forma de concluir o arco da espiã nessa aventura.

Ainda temos HUNK, que tem importante papel no jogo e na história, não apenas por ser um personagem adorado e com aquela aura de fodão, mas principalmente porque sua batalha com Birkin nos esgotos é um dos estopins para a disseminação do t-Virus por Raccoon, isso sem contar que sua missão, a de roubar uma amostra do G-Vírus de Birkin, é responsável por desencadear grande parte dos eventos mostrados em RE2.

Com a junção de todos esses caminhos e cenários, temos uma imensa e complexa gama de possibilidades para o Remake de Resident Evil 2. Isso sem falar que algumas interações e até personagens mostrados nos jogos da série Outbreak poderiam dar as caras aqui e aumentar ainda mais a profundidade da trama deste Remake. Mas, claro que a principal ligação de RE2, principalmente por conta das datas e localidades é com RE3, então fica a pergunta:

Será que o Remake de RE3 vem junto?

Ja imaginaram? Um Remake que contemple todo o arco da destruição de Raccoon, iniciando-se em 20 de setembro com a busca de HUNK e da USS pelo G-Vírus e a batalha contra Birkin, passando pelo dia 28 de setembro com Jill e suas batalhas contra Nemesis, chegando a Leon, Claire Ada, Sherry, HUNK e seus caminhos nos dias 29 e 30 de setembro, e culminando com a fuga de Jill e Ada no dia 01 de outubro, minutos antes da cidade explodir?

Seria a reunião completa do arco em um jogo que poderia se tornar facilmente um dos melhores, se não o melhor da franquia, justamente porque contemplaria a maior parte dos acontecimentos mais icônicos de RE. Mas vamos com calma, é difícil que isso aconteça, infelizmente. Até porque, condensar dois dos mais clássicos jogos da franquia mais cenários de outros jogos em um único Remake provavelmente seria encarado pela Capcom como um desafio elevado demais, com grande possibilidade de erro. Além que também pode ser visto como um desperdício financeiro absurdo, já que um eventual Remake de RE3 pode ter tanto ou até mais apelo com os fãs do que o Remake de RE2, isso é claro, se este fizer sucesso o suficiente.

Possibilidades de alteração na Cronologia

Obviamente, para os fãs, uma reunião do arco completo da destruição de Raccoon seria o melhor dos mundos, mas por conta dos dois pontos que acabei de citar é algo extremamente improvável de acontecer. Até porque, na questão enredo a Capcom deve estar se concentrando em possibilidades mais plausíveis como a introdução de Ada de forma mais importante durante o gameplay, e também em possíveis melhorias, adições e correções visando ajustar algumas pontas soltas na cronologia global da franquia:

  • Como Leon e Claire conseguiram entrar calmamente em uma cidade sitiada, com todas as entradas e saídas rodoviárias bloqueadas e com a lei marcial instaurada?
  • O que HUNK fez nos quase 10 dias em que ficou vagando pelos esgotos, no período entre a primeira batalha com Birkin mutado no dia 20 de setembro, e a sua fuga pelo heliporto da delegacia na madrugada do dia 29 para 30 de setembro?
  • E Sherry? Como uma criança de 12 anos, frágil e indefesa conseguiu chegar à RPD para se abrigar? Ela foi para lá sozinha? Alguém a levou?

Fora isso há algumas outras questões envolvendo principalmente a trajetória de Ada que precisam ser revistas e melhoradas, o que garantiria uma experiência melhor e mais profunda no enredo e ajudaria a história do jogo a ganhar corpo e a elucidar uma série de dúvidas que ficaram pendentes na época e que posteriormente acabaram sendo corrigidas somente através de files em outros jogos.

Opinião

Depois de apresentar todas essas possibilidades, eu vou pegar um trechinho desse artigo pra falar um pouco sobre os meus desejos pessoais para Resident Evil 2 Remake.

Primeira coisa, eu não gostaria que o jogo fosse em primeira pessoa. Eu adoro RE7, acho que a câmera em primeira pessoa nele ficou fantástica e torna a experiência muito mais pessoal, mas RE2 Remake eu gostaria de ter a câmera em terceira pessoa, aquela over the shoulder, no mesmo esquema da trilogia 4, 5 e 6 e dos dois Revelations.

No quesito enredo, história, cronologia e cenários, eu gostaria de ver dois cenários: o cronológico e o não cronologico. Sendo que no cronológico teriamos compilados os cenários A de Claire, B de Leon, toda a trajetória de Ada e também o trecho de Hunk.

Como isso seria dividido e alternado durante o jogo eu sinceramente não sei, provavelmente em capítulos, mas gostaria que todos os cenários cronológicos do primeiro jogo ficassem compilados em um único e completo cenário.

Claro que uma das coisas mais gostosas do RE2 original é jogar também o caminho não cronológico, e acho que é essencial ter isso no Remake, e acredito que isso tem que ser feito de forma bem explícita, para não deixar dúvidas do que é cronológico e do que não é. De repente, o cenário não cronológico poderia ser liberado após terminar o jogo pela primeira vez, é uma possibilidade…

Agora, vou tocar num ponto meio polêmico: REORC. O jogo em si tem uma história bem rasa, mas há algumas nuances interessantes que eu gostaria de ver no RE2 Remake, especialmente alguns trechos que foram mostrados em files fora do jogo.

Também acredito que seria legal encontrar alguma referência com relação às ações da Spec Ops e da USS na cidade, não necessariamente encontrar com os esquadrões, mas ver algo, algum file, alguma cena mostrando que a cidade virou um campo de batalha envolvendo as duas tropas citadas e também as BOWs.

O mesmo vale para os Outbreaks, citações, referências, files e até mesmo alguns encontros poderiam ser adicionados a RE2 Remake, creio que esse tipo de adição ajudaria a história do jogo a ganhar consistência e corpo.

Sobre uma introdução também de RE3, como citado mais acima, tenho meus receios que são quase tão grandes ou até maiores do que a vontade de ver todo esse arco junto em um único jogo. Seria fantástico um jogo contemplando tudo, de forma bem feita, sem erros, respeitando as particularidas, as histórias e os personagens. Mas a teia armada em volta de tudo isso é bastante grande o que aumenta muito as possibilidades de erros e de relegar certas coisas e personagens à um segundo plano.

Para juntar todos os cenários, encontros e desencontros, interações entre os personagens e afins, uma solução interessante pode ser os crossovers, presentes em RE6 mas que foram muito mal explorados naquele jogo, principalmente por serem bastante rasos no quesito história. Trabalhados da forma correta, esses crossovers poderiam ser dos pontos altos do Remake de RE2, principalmente considerando a possibilidade de o jogo ser feito em diferentes cenários ou campanhas.

Mas o maior desejo de todos é que RE2 Remake chegue respeitando o jogo original, suas nuances, personagens, momentos, cenas, clima, equilíbrio e tudo mais que faz de RE2 um dos melhores jogos da franquia e aquele que eu mais gosto. Esse é o primeiro e mais importante passo, antes de se pensar em qualquer adição ou modificação é necessário respeitar tudo de bom que a obra original construiu, coisa que a Capcom mostrou saber, já que fez isso com maestria no Remake do primeiro jogo. Resta torcer para que o mesmo seja feito com RE2, o que por si só já seria uma vitória imensa.