Análise: Resident Evil Revelations 2 – Episódio 4 – Metamorfose

Resident Evil Revelations 2 finalmente chegou à sua conclusão ontem (17), com o lançamento do episódio 4 – Metamorfose – juntamente com os episódios extras e o lançamento da mídia física. Será que todas as nossas dúvidas foram respondidas? O final foi intrigante e consegue gerar antecipação para o que está por vir? O gameplay conseguiu se elevar um nível acima em relação aos episódios anteriores? Descubra no review a seguir.

ATENÇÃO: o texto pode conter alguns spoilers, mas serão evitados ao máximo para não comprometer a experiência.

Desbalanceamento

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Se fosse possível definir Metamorfose em uma única palavra, seria desbalanceamento. Não porque o episódio seja ruim, longe disso, mas devido ao peso desigual da partes de Claire e Barry. Enquanto o episódio de Claire é mais direto, ele termina de forma abrupta e anticlimática.

Você, como jogador, finalmente encontra a Overseer, apenas para ter um breve diálogo e mais uma situação que o força a lutar por sua vida sem qualquer pergunta respondida, deixando toda essa responsabilidade para a campanha de Barry. Dada a natureza exploratória que o jogo exige que você tenha, caso busque coletar tudo, o cenário de Claire quebra essa dinâmica devido às situações que ele impõe, e pode ser que algo fique para trás, exigindo novos replays da parte dela.

O gameplay é mínimo inclusive, tanto que um dos medalhões a serem coletados é terminar a parte de Claire em menos de 20 minutos! Considerando que o capítulo 3 de Claire foi bem extenso e balanceado com o de Barry, não há como entender porque a diferença foi tão gritante aqui. Fora isso, o episódio 4 com Claire matou quase que por completo a dinâmica com Moira nas partes mais críticas, porque você não necessariamente precisa alternar entre as duas fora uma parte ou outra.

A campanha de Barry, por sua vez, é mais uma vez mais pautada por gameplay do que história. Chega a ser tão extenso, que pode cansar um pouco. Não há cutscenes até os momentos finais praticamente, sendo que todo “o grosso” da narrativa é explicada através de arquivos, o que pode ser considerado um ponto negativo com relação a alguns dos fatos. A dinâmica entre Barry e Natália permanece intacta, pelo menos.

Mais Perguntas do que Respostas

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Com relação à trama em si, é possível afirmar que Resident Evil Revelations 2 nos traz uma das mais interessantes desde, talvez, Resident Evil Code: Veronica. O jogo expande o lore da série numerada de forma tão interessante, que não entendo porque esse não foi numerado, ou mesmo Resident Evil 6. Mas deixemos isso para uma outra discussão. Em Metamorfose, finalmente descobriremos a verdade por trás de personagens-chave da trama, em especial a Overseer e Natalia Korda.

O episódio 4 oferece dois desfechos possíveis, um bom e um ruim, e ressalto que isso depende muito do ponto de vista, caso tenha prestado atenção em todos os detalhes. O episódio 4 não fecha todos os pontos da trama de forma satisfatória, e também não se preocupa em explicar algumas premissas introduzidas nos primeiros episódios. A falta de respostas dá a impressão de que existem furos no enredo em relação a alguns tópicos, mas ainda é cedo para afirmar qualquer coisa.

Talvez isso tenha sido intencional para deixar pontas abertas para futuras continuações – seja em um novo Revelations ou série enumerada – com certeza alguns desses fatos irão despertar discussões acaloradas entre fãs mais assíduos do canon de Resident Evil.

Voltando à questão dos dois finais, muitos jogadores inicialmente não irão sequer entender qual foi o critério para obtê-los, isto é, o jogo não deixa claro, porque eles são definidos por um único evento no episódio anterior. Isso é muito ruim, porque forçará a rejogar uma parte inteira da campanha só para alterar o desfecho. Como o jogo não oferece a opção de escolher checkpoints – similar à Resident Evil 6 – pode ser uma tarefa tediosa.

Para não soar como algo puramente negativo, há pontos introduzidos de maneira interessante, e que mesmo sendo ambíguos, dão uma luz do que está por vir no futuro. A Capcom tem a faca e o queijo na mão para continuar a trama de maneira interessante, mas vai depender muito dos escritores e produtores. Outro ponto a se destacar são as metáforas e referências diretas à Franz Kafka, que aqui são parte integral do enredo e o complementam de forma brilhante.

Exemplo de Ambientação e Combate Satisfatório

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Resident Evil Revelations 2, mesmo com as limitações técnicas, é o título que oferece um dos melhores level designs e ambientação desde Resident Evil 4, em especial a campanha de Barry, que é um exemplo a ser seguido. As minas e o aterro são alguns dos ambientes mais tensos do jogo e talvez até mesmo dos últimos tempos na série.

O level design foi cuidadosamente planejado e até necessário fazer um pouco de backtracking – algo comum nos clássicos. Há aqueles momentos como “pegue a chave para destrancar aquela porta, para ter acesso a uma outra área para conseguir outra chave, para assim acessar uma área que passou lá atrás”. Certamente os fãs mais antigos ficarão satisfeitos.

Além disso, a sensação de isolamento, confinamento e horror é muito bem capturada à medida que chega próximo do chefe final. A sensação que dá é parece que estamos indo para o inferno, cada vez mais fundo, e que não há volta. Isso é essencial na questão do resgate do que Resident Evil representa e deve ser mantida para títulos futuros. Há puzzles, mas em menor quantidade em relação ao episódio 3 e não são difíceis.

O combate aqui exige usar tudo o que aprendeu e dominou durante os três episódios anteriores. Os controles respondem de forma satisfatória e mesmo com uma ocasional queda na taxa de animação, não compromete a experiência final. Infelizmente, Revelations 2 não existem muito confrontos com chefes, e a batalha contra o chefe final não chega a ser tão memorável em um primeiro momento, especialmente dependendo do desfecho que o jogo tomará.

Com relação a gráficos, não há muito de diferente o que ressaltar em relação ao reviews anteriores. O design dos monstros é excelente, mas as texturas de baixa qualidade comprometem um pouco a tensão que causa ao olhar para eles. Os cenários também ainda apresentam algumas inconsistências na qualidade de texturas, em especial por não ser um jogo planejado exclusivamente para as plataformas atuais e ter orçamento limitado.

A parte sonora continua ótima, mesmo com clichês de alguns dubladores, claramente intencionais e que remetem aos tempos clássicos, fora que os sons de fundo e efeitos ajudam a complementar a ambientação e sensação de desolamento.

Digno de um Resident Evil numerado

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Mesmo não conseguindo superar os episódios anteriores em todos os aspectos, Metamoforse oferece um desfecho satisfatório para este ótimo jogo. Resident Evil Revelations 2 é digno de ser um título numerado e o formato episódico beneficiou a trama que foi cuidadosamente planejada e trabalhada. Há problemas aqui e ali, mas os pontos altos do episódio não deixam a peteca cair.

Como dito anteriormente, o balanço conquistado nos episódios 2 e 3 deu uma queda forte aqui, mas graças ao gameplay satisfatório e a conexão que criamos com os personagens, a motivação para descobrirmos as últimas revelações permanece, e é certo que chegaremos até o final.

Resident Evil passa por uma metamorfose há tempos. Curiosamente, esse episódio de certa maneira representa os dois lados da moeda, mas deixa uma esperança para o futuro não só da trama, mas da série. É bom perceber que a Capcom está sinceramente aprendendo com os erros e buscando fazer produtos de qualidade, dando a atenção que a série precisava. A grande incógnita é se os acertos aprendidos aqui serão levados para Resident Evil 7.

Ficha Técnica
Título: Resident Evil: Revelations 2 – episódio 4: Metamorfose
Data de Lançamento: 10 de março de 2015
Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox One, Xbox 360 e PC.

CRÉDITOS
Escrito por: Paulo Wirth (@paulowirth)
Data de Publicação: 18/03/2015
O texto acima não reflete a opinião do REVIL, e sim do autor da análise. Este jogo foi analisado no Playstation 4.

ATENÇÃO: Estão liberadas apenas informações ou especulações referentes do primeiro ao quarto episódio nos comentários desse post. Informações retiradas de outras fontes, ou imagens retiradas de capítulos extras do jogo serão consideradas SPOILERS.

Gráfico
7
Som
8
Jogabilidade
7
Enredo
7.5
Diversão
7
A vilã.
Combate divertido e satisfatório.
Fan service bem utilizado em alguns pontos da história vai despertar nostalgia nos veteranos.
Ambientação e level design do cenário de Barry é um exemplo a ser seguido na série.
Um dos finais abre possibilidades interessantes sobre o que está por vir.
A campanha de Claire termina de forma abrupta e anticlimática, além de ser muito curta.
A campanha de Barry se estende demais em alguns pontos e pode ser tediosa.
Alguns pontos sobre a história não são explicados e podem deixar os menos atenciosos confusos.
Não conseguiu superar a excelência de Julgamento.
7.3