E começamos a terça-feira 05/08/2014 com uma notícia memorável: Dias antes do anúncio de Resident Evil Remake remasterizado em HD para os demais consoles (PS3, PS4, Xbox360, Xbox one e PC) um ‘insider’ chamado Ahsan Rasheed (@isaparrot) no Twitter começou a divulgar que algo relacionado com o Remake de 2002 seria anunciado em breve.
Até então desacreditado por quase toda a fan base de Resident Evil, eis que a Capcom faz o pronunciamento do port de Game Cube (mais tarde lançado para Wii com o nome ‘Archives’) e satisfez o desejo de milhares de fãs, mas como o título é relativamente antigo e exclusivo dos consoles da Nintendo, muitos jogadores que iniciaram sua vida nos games na geração passada não entenderam a dimensão do anuncio feito pela empresa, muitas dúvidas surgiram e até agora algumas pessoas não sabem muito bem o que é Resident Evil HD Remaster de fato. Esse artigo foi feito justamente para proporcionar uma breve explicação e situar os fãs da saga.
Resident Evil é um survival horror, criado pela Capcom, que alcançou um enorme sucesso. Lançado originalmente para o PlayStation, em 1996, foi convertido para o PC e Sega Saturn no ano seguinte, e relançado no PSone, com o subtítulo Director’s Cut.
Também recebeu um extraordinário remake para o Nintendo GameCube (2002), Nintendo Wii (2009, sob o título Resident Evil Archives) e Nintendo DS (2005, sob o título Resident Evil: Deadly Silence). Esse último manteve a estrutura do jogo original para o PlayStation tendo alterado somente o modo de jogo, que continha a campanha normal e o modo Rebirth, com a estrutura do jogo toda voltada ao estilo touch do console da Nintendo, mantendo assim o jogador mais interativo com o jogo.
Conhecido como Biohazard no Japão, Resident Evil foi um jogo completamente revolucionário na época, sendo um dos primeiros grandes sucessos da PS1 e que ajudou muito a Sony no seu início de vida. O jogo tornou popular o gênero survival horror e deu origem a uma das séries mais famosas e queridas desta indústria, transformando o seu criador, Shinji Mikami, numa das referências deste mundo.
Resident Evil é baseado no jogo Sweet Home, que foi lançado apenas no Japão em 1989 para o Famicom (Nintendo Entertainment System). Resident Evil herdou muito dos elementos de Sweet Home, incluindo a mansão, os quebra-cabeças e até o ecrã de loading na forma de uma porta abrindo.
Enquanto os jogos iniciais da série foram anunciados nos mercados asiáticos e ocidentais sob o título BioHazard, a ramificação americana da Capcom mudou o título para Resident Evil alguns meses antes do lançamento. Apesar de nenhum motivo oficial para a mudança, especula-se que a troca se deve a uma infração de propriedade intelectual, provavelmente pelo fato do nome BioHazard nos EUA ser o nome de uma banda de Hard Rock.
O jogo tem início na noite de 24 de Julho de 1998, nas Montanhas Arklay, palco de uma série de assassinatos. Assim que a Bravo Team começa a sobrevoar as florestas de Arklay, eles perdem contato com a base policial. Para localizar o Bravo Team, foi enviado o Alpha Team. Ao pousarem perto de uma mansão desconhecida, um integrante da equipe, Joseph Frost, encontra uma mão decepada, em seguida é atacado por cães, que o matam.
Ao tentarem correr para o helicóptero, o piloto, Brad Vickers, desesperado, foge deixando o resto da equipe cercada e abandonada à sua triste sorte.
Os quatro membros restantes do Alpha, Chris Redfield, Jill Valentine, Barry Burton e Albert Wesker, conseguem encontrar uma mansão abandonada, onde se refugiam. Mas rapidamente descobrem que a mansão não é o local ideal para se protegerem dos perigos que os ameaçavam lá fora…
O jogador pode escolher controlar Chris Redfield ou Jill Valentine para começar sua jornada de sobrevivência.
Quanto à jogabilidade, apenas possível devido aos novíssimos motores 3D do PS1, a câmera tem ângulos pré-determinados, posicionando-se de forma a ser mais fácil a transmitir um ar ameaçador ao jogador, dando uma maior sensação cinematográfica ao jogo (com Mikami admitindo ter visto inúmeros filmes de terror para elaborar este clássico).
O jogador luta contra os inimigos portando com armas de fogo. Inicialmente, as únicas armas disponíveis são uma faca de combate e uma Beretta 92F, mas ao avançar no jogo, mais armas se tornarão acessíveis como uma Remington M870 e um Colt Python. As munições são severamente limitadas, o que aumenta a tensão do jogador, que sabe que precisa de cautela com os alvos (diferente de outros games de shooter, onde se atira em qualquer coisa).
O jogador deve sobreviver lutando contra os diversos monstros que rondam a mansão. O inimigo mais comum no jogo são os Zumbis, que se movimentam bem devagar e por isso são fáceis de fugir. Mas na maioria das vezes, fica difícil desviar porque vem dois ou três ao mesmo tempo. Conforme se avança no jogo, também encontrará cães zumbis (conhecidos como Cerberus), Hunters (armas biológicas que se assemelham a lagartos bípedes), Quimeras e Web Spinners (aranhas gigantes), assim como pequenos inimigos, como corvos, vespas e cobras. Outro ponto alto do jogo são as batalhas contra os terríveis bosses, como uma serpente gigante, uma planta mutante, uma aranha gigante, um tubarão e o Tyrant.
A saúde é restaurada através do uso de sprays de primeiros socorros ou com ervas medicinais. Das duas, as ervas são o meio mais comum, enquanto os sprays são escassos, mas restauram a saúde do personagem por completo. Existem três tipos de ervas medicinais: a Erva Verde para o restabelecimento da saúde, a Erva azul, que cura envenenamentos, e a Erva vermelha, que não pode ser utilizada sozinha, tendo que ser misturada com a verde, ficando ainda mais potente. Outra característica que RE introduziu foi a limitação de itens que o personagem pode carregar consigo. O jogador deve percorrer a mansão para obter os vários arquivos e itens que são essenciais para o progresso no jogo, enquanto resolve enigmas pelo caminho. O jogador tem um espaço limitado para carregar itens e armas, e isso reforça a necessidade de se levar apenas o essencial, a fim de ter espaço para novos itens. Existem baús para armazenar qualquer item ou arma para uso posterior. O jogador pode salvar o jogo nas várias máquina de escrever espalhadas ao longo da mansão, mas para isso, tem de ter tinta, item que, também é limitado e ocupa espaço no inventário.
Resident Evil foi um jogo revolucionário, sendo dos primeiros a mostrar aos jogadores as vantagens do 3D e as possibilidades que esta tecnologia podia trazer. Considerado para muitos como o pai dos survival horrors (embora não tenha sido o primeiro jogo deste gênero), o impacto de RE na indústria é muito evidente, sendo ainda hoje um título obrigatório para os fãs de terror.
A melodia de Jill
Moonlight Sonata : A Sonata para piano n.º 14, Op. 27 n.º 2 foi criada por Beethoven, que chegou a dizer que tinha feito músicas melhores. A “Sonata ao luar” serviu de tema para inúmeros filmes e romances. Temos essa referência em Resident Evil 1, Remake e Resident Evil 5 Gold Edition, onde nas três versões do jogo, Jill é quem toca a melodia para poder ter acesso a uma parte da mansão e poder continuar com o jogo. Também recebe referência no jogo spin-off da série Resident Evil Operation Raccoon City. A sonata só recebeu seu apelido em 1832, cinco anos depois da morte de Beethoven. Foi o crítico Rellstab que fez a comparação com um luar ao lago Lucerna.
Moonlight Sonata Resident Evil 1 ( 6:30 minutos a 6:59 minutos )
https://www.youtube.com/watch?v=Tl0s-JMoLhk
Moonlight Sonata Remake
https://www.youtube.com/watch?v=CHO2MLbG69Y
Moonlight Sonata Remake (com Rebecca)
Moonlight Sonata Resident Evil 5 Gold Edition (Lost in Nigthmare)
Moonlight Sonata Resident Evil : ORC
Mas em jogos deste gênero, a qualidade gráfica é importante para a experiência de jogo. O título para PS1 já está atualmente ‘desatualizado’ e difícil de jogar para muitos. E, foi pensando nisso que a Capcom lançou, em 2002, um dos melhores remakes que esta indústria já recebeu, lançado para o console da Nintendo: o Game Cube.
Resident Evil Rebirth, Remake ou REmake é o primeiro fruto do famigerado acordo firmado entre Capcom e Nintendo feito em 2001 que tornavam exclusivos os títulos da série para os consoles da Big N. Segundo o tratado, os jogos que estavam em produção – Re Remake, RE Zero e RE 4, sairiam apenas para um console, o recém lançado GameCube. Resident Evil Remake chegou as prateleira em 2002 sob muito alvoroço, se o jogo arrancava elogios por parte do público e da crítica, a Capcom era massacrada por fãs, principalmente os proprietários do PlayStation 2, que se sentiam traídos. Para o “arquiteto” do acordo, Shinji Mikami, o pacto traria um salto de qualidade para série, já que tecnicamente o GameCube era superior ao PS2 e com a exclusividade ele poderia explorar todo o potencial do console. Ele acreditava que a aliança traria grandes títulos e perduraria por muitos anos, inclusive chegou a declarar que cortaria a própria cabeça caso Resident Evil 4 fosse portado para o PlayStation 2. Para desgosto de Mikami o console da Nintendo não vendeu bem e isso puxou para baixo as vendas dos jogos da série. Pressionada pelos acionistas, a Capcom optou por quebrar o acordo e lançar RE4 para o maior número possível de plataformas, isso gerou um mal-estar entre Shinji e a desenvolvedora e o criador da série acabou deixando a empresa e nunca mais trabalhou em nenhum título da saga. Resident Evil 4 foi um sucesso de vendas, porém, mesmo com o acordo extinguido, a Capcom nunca demonstrou intensão em lançar RE Remake e RE Ø para outras plataformas, deixando os fãs ainda bastante contrariados.
Para este Remake, a Capcom quis ser o mais fiel possível à obra original. Entretanto, existem algumas diferenças na abertura e no decorrer do jogo, pois todos os filmes com atores reais foram retirados e substituídos por CGs muito bem executadas. Outra diferença é que toda a “engine” gráfica foi refeita, com o jogo exibindo um dos melhores visuais do console e da sua geração, de tal forma que em 2014, o título de 2002 ainda está perfeitamente jogável. E agora, com sua versão em HD para os demais consoles da atual geração, é possível jogar nos consoles da Sony, Microsoft e PC.
Podemos também encontrar melhorias que foram adicionadas nos jogos seguintes da série, como a meia-volta (180º turn), um esquema de “autodefesa”, em que quando um monstro agarra o seu personagem, podemos executar um movimento onde se gasta um item de defesa. Muitos dos puzzles também estão diferentes da versão original (alguns foram adicionados), o que torna o Remake um jogo quase único. Como se isto não bastasse, foram adicionados dois novos cenários: um cemitério e uma casa num bosque, que complementam de forma perfeita o cenário deste RE.
Tratando-se de atmosfera, não apenas os gráficos devem cumprir o seu papel, mas o som também. E nisso RE: Remake também foi exímio. Seja pelas belas músicas ou pelos diversos barulhos na mansão, a verdade é que tudo se encaixa muito bem ao decorrer do jogo seja mudando de ambiente ou a ansiedade, para que algo pule da próxima janela. Os efeitos de tiros, explosões, grunhidos dos morto-vivos ou passos são também executados com grande detalhe, com o som mudando de intensidade de acordo com o ambiente ou os passos conforme as superfícies. Ainda como ultimo apelo, o jogo oferece mais de 10 finais (com apenas algumas mudanças entre um e outro, como personagens que você acabou salvando ou não). Além disso, existem várias dificuldades e extras, como roupas diferentes após fechar o jogo pela primeira vez. Tudo isso faz com que RE: Remake seja imperdível para quem nunca jogou o original e até mesmo para quem já sabe de cor. E é isto que se pede num remake, bom se todos fossem assim!
Nesse ponto chegamos ao Resident Evil HD Remaster. O jogo é basicamente o mesmo lançado em 2002, o único diferencial, além do fim da exclusividade, é a conversão para alta definição (HD), tornado a jogabilidade mais agradável quando feita nos televisores de última geração. A Capcom também anunciou como atrativo um sistema de troféus/Achievements (item obrigatório para lançamentos nos consoles atuais) , um novo nível de dificuldade e um pacote com novas roupas, porém, nada que cause significativas modificações à versão original.
E essa tal remasterização?
O termo surgiu na indústria fonográfica, onde o áudio gravado, após passar por algumas etapas de tratamento, chega ao engenheiro de masterização. Ele, como o próprio nome sugere, faz a masterização da faixa, o que acaba gerando o master, o produto final que será gravado em uma mídia ou disponibilizado para download. O porém dessa história é que, o tempo passa, a tecnologia evolui, e as mídias e players mudam e passam a agregar mais qualidade ao produto. Foi aí que surgiu o processo de Remasterização: trabalhar em cima de um master já publicado com o objetivo de lança-lo com melhor qualidade proporcionada pelas novas tecnologias disponíveis. A ideia não é nova e foi explorada por diversos mercados como o fonográfico (Vinil e cassete para CD) e Home vídeo (VHS para DVD e DVD para Blu-ray).
Como vivemos em um momento intergerações, onde o orçamento para a produção dos jogos está cada vez mais alto (que o diga a Rockstars e seus US$ 265 milhões investidos no GTA 5), vem se tornando cada vez mais atrativo para as produtoras lançar um conteúdo remasterizado. O gasto é mínimo se comparado a uma produção original e como, na maioria dos casos, a obras é bastante conhecida, o retorno comercial é garantido. A Capcom é uma das desenvolvedoras que mais investem nessa tática, somente na série Resident Evil foram relançados quatro jogos (RE’s Code Verônica, 4, The Umbrella Chronicles e The Darkside Chronicles) nos últimos 3 anos, além do futuro lançamento do Resident Evil HD Remaster.
Ficha Técnica
Escrito por: Cláudio Corrêa (Justwevil)
Colaboração: Mayron Christian (MayronCB)
Publicado em: 27/11/2014