D.C.: Em “Mass Effect 2”, por exemplo, pude criar a voz do zero e, para um ator, isso é muito bom de se fazer. Mas com Wesker foi muito difícil pois ele foi interpretado não só por um, mas por três atores diferentes e, de acordo com o diretor, os produtores e o jogo, a idéia de como o personagem deve soar é diferente. Em RE5 foi estranho, pois eles queriam que eu misturasse um pouco de Richard Waugh com o que eu mesmo havia feito no game anterior. Porém, durante o game, Wesker passa por uma mutação, e aos poucos pude transformar a voz em meu próprio estilo. Se ele voltar, provavelmente poderei ter controle total sobre a voz dele. Vamos torcer, mas parece que ele está morto mesmo.
D.C.: Fazer a voz de um personagem é um esforço em grupo entre os diretores, os produtores e o ator. Então, no caso, isso é decidido por todos. Mas as qualidades que eu mais gosto são a arrogância e o sadismo.
D.C.: Isso se deve a diferentes diretores em diferentes games. Em UC, eles queriam que eu me aproximasse da interpretação de Peter Jessop, mantendo este sotaque britânico. No quinto capítulo eles me levaram na direção de Richard Waugh, mas eu estava mutando então pude usar também minha voz normal. Além disso, voltei para o estúdio cinco ou seis vezes e, a cada sessão, havia coisas novas para fazer. Eu não me importo com o sotaque britânico, acho divertido, mas em grande parte pudemos nos afastar dele no quinto capítulo da série.
D.C.: Acho que já posso dizer isso. Em TDC é uma cena curta, mas divertida. É um flashback, ele não está de volta dos mortos.
D.C.: Há sempre uma chance.
D.C.: No começo, me pareceu que ninguém estava feliz com a mudança. Utilizo os Google Alerts, que me avisam quando meu nome aparece e, de repente comecei a ter várias ocorrências sobre Resident Evil 5. Percebi que ninguém havia gostado. Eu cheguei até a ir responder em um fórum no qual as pessoas estavam sendo mais cruéis do que deveriam. Elas também estavam desinformadas, dizendo que eu não era sindicalizado quando na verdade sou há anos, então eu precisei corrigir isso. Após o lançamento, aí sim as opiniões estavam divididas e, depois, me pareceu que havia mais aprovações do que reprovações. Recebi e-mails legais e muitos pedidos de amizade no Facebook. Por não querer ficar com 500 amigos por lá, criei uma página onde posso mantê-los informados sobre meus trabalhos. Obviamente, existem fãs leais dos outros dubladores, e eu não tenho problemas com isso, nem com os próprios atores. Todos nós estamos tentando sobreviver neste negócio, trabalho é trabalho, eles me contrataram e eu estava feliz de fazer.
D.C.: Todos! Minha paixão principal é atuar na frente das câmeras, no cinema, TV ou teatro. Não atuo muito nos palcos, pois não paga muito bem e há muitos teatros ruins aqui em Los Angeles. Amo dirigir e produzir meus projetos pessoais e alimentar o monstro dentro de mim. Mas a dublagem se transformou em uma maravilhosa carreira secundária que me leva pelos tempos ruins, pois é difícil ganhar a vida como ator de televisão ou cinema sem conseguir papel fixo em um seriado. Até mesmo as estrelas passam por longos períodos sem trabalhar. Em dublagem, se eu tivesse que escolher entre ser um anunciante ou interpretar um personagem, obviamente trabalhar em videogame é muito mais gratificante pois é possível atuar de verdade. Os anúncios, porém, pagam muito mais. Espero que, eventualmente, o sindicato faça com que a gente possa receber porcentagens sobre os jogos e, assim, quando eles venderem milhões de cópias, nós poderemos receber um pouco também.
D.C.: Prefiro os cômicos pois é mais divertido e mais fácil para mim, por algum motivo. Mas gosto muito dos sérios por causa do desafio. O compromisso emocional é mais pesado e há muito mais em jogo para o ator. Porém, se for preciso chorar e espernear, eu vou ficar assustado e posso não ser capaz de fazer isso o tempo todo. Conseguir esse tipo de testes é bem raro, pois estou em um patamar no qual sempre sou vilão, advogado ou coisas deste tipo. Provavelmente, quando estiver mais velho, serei capaz de me emocionar mais com outras pessoas morrendo pois terei passado por isso mais vezes. Que resposta sombria! [risos]
Em dublagem, gosto muito dos dois. Não há diferença, ambos são divertidos e os personagens de games são muito caricatos. Ser um personagem sério e malvado é delicioso, e há muita comédia nisso também. Personagens cômicos são tão legais quanto.
D.C.: Você pode esperar o Super D.C. Douglas! [risos] Na verdade não faço idéia pois, como ator, isso muda o tempo todo, mas acho que podem esperar coisas boas. No mundo dos videogames, estou em “Tekken 6” e “Mass Effect 2”. Se você estiver nos EUA e ouvir rádio, há uma campanha muito divertida do Burger King, na qual tiramos sarro de “Fox & Friends”, um destes programas matinais cafonas. Na televisão, estou em alguns episódios de “The Bold And The Beautiful”, onde faço o papel de um bispo e tenho uma cena engraçada no final do segundo capítulo. Tenho também um filme chamado “Change Your Life”, com Tony Plana, de “Ugly Betty”. É um mockumentário [filme de ficção gravado como um documentário] muito bom que, infelizmente, não foi lançado nos cinemas. Isso acontece muito com filmes. Às vezes, você pode estar em um longa com grandes nomes e, por alguma razão, ele não consegue distribuidora e é lançado apenas em DVD. Fico impressionado com isso, pois ao mesmo tempo, diversos filmes ruins são distribuídos nos cinemas.
D.C.: Gosto dos meus fãs como meu café: Brasileiro.