Para a tristeza de muitos fãs (e a minha também) a Capcom não anunciou um novo Resident Evil na E3 2015. A imprensa gamística e o público sem dúvida esperavam pela inevitável revelação de Resident Evil 7, mas isso não aconteceu. Ou será que não foi bem assim?
O aniversário de 20 anos da série está chegando – será em 22 de março de 2016 – e geralmente é algo grande para celebrar, ainda mais considerando que poucas séries alcançam tamanha longevidade. Mas aparentemente, a Capcom “perdeu” essa chance ao deixar passar em branco um grande evento como este. E reforço, aparentemente, vou me explicar mais adiante.
Já se passaram quase 3 anos desde o lançamento dos infames Resident Evil 6 e Resident Evil: Operation Raccoon City. Muitos esperam ansiosamente (e cautelosamente) para saber qual direcionamento a série vai tomar após um momento tão conturbado.
Resident Evil Revelations 2, juntamente com Resident Evil HD Remaster, deram um sopro que acalmou e alegrou muita gente, em especial os veteranos. Foram passos na direção certa e parecem sinalizar uma Capcom preocupada com o futuro. Mas ainda assim não é a tacada definitiva que a série necessita para se firmar como o expoente que foi até Resident Evil 4 (amem ou odeiem).
É sabido que a produção de Resident Evil 7 começou mais ou menos na mesma época do lançamento de Resident Evil 6 e faz sentido, uma vez que é uma prática comum com grandes séries e mesmo dentro da Capcom. Agora, parando pra pensar. E se o novo Resident Evil foi “anunciado”, mas não da forma que imaginávamos?
Seria o próximo Resident Evil uma experiência de realidade virtual?
Parem e pensem. A Capcom anunciou uma nova engine para realidade virtual na E3 2015 e uma tech demo chamada Kitchen, feita especificamente para o Project Morpheus, o capacete de realidade virtual da Sony, e estava sendo demonstrado no estande (da própria Sony) durante todo o período da feira.
De acordo com o press release oficial de Kitchen, a tech demo promete ultrapassar os limites de uma experiência de gameplay com um nível de imersão sensorial sem precendentes. Kitchen se passa em um cenário tenso que leva os jogadores a um mundo virtual realístico jamais visto.
Vários artigos de sites grandes, como o Kotaku e o VR Scout, descreveram em detalhes a experiência perturbadora que tiveram, fazendo uma analogia com P.T., mas com a diferença que você está “dentro” do mundo e está “sentindo” os terrores que o personagem está enfrentando. A reação da jornalista da VRScout fala por si só.
Infelizmente, a Capcom não permtiu que tirassem qualquer foto para divulgação da experiência, do que realmente acontece nela. Provavelmente imagens estáticas não fariam justiça ao conceito apresentado.
Seria o novo Resident Evil uma experiência voltada para a realidade virtual? É exatamente isso que estou sugerindo. E se Kitchen for o protótipo para um novo jogo da série, não necessariamente Resident Evil 7, mas algo completamente novo com um novo direcionamento?
“Mas Paulo, você está maluco” – provavelmente alguns dos leitores pensarão, mas dadas as evidências que existem, pode ser exatamente isso que a Capcom está buscando, ainda mais que a tecnologia de realidade virtual deu um salto gigantesco nos últimos 3 anos com o Oculus Rift e Project Morpheus.
As Evidências
A principal evidência dada pela Capcom sobre o interesse de trabalhar com realidade virtual pode ser verificada em uma entrevista dada à Gameinformer em outubro do ano passado com Yoshiyaki Hirabayashi, o produtor de Resident Evil HD Remaster, que também teve participação no REmake para Game Cube e Resident Evil 6; e Michiteru Okabe, produtor da série Revelations. Assista abaixo:
Na entrevista, Hirabayashi-san e Okabe-san revelam que estão de olho no ressurgimento dos jogos de horror, e estão estudando maneira de como superá-los. O entrevistador Tim Turi então menciona o advento da realidade virtual e indaga se a tecnologia poderia oferecer experiências de horror em um outro nível.
Hirabayashi então afirma que está muito animado com a ideia e revela que a equipe de desenvolvimento inclusive chegou a recriar a mansão Spencer usando essa tecnologia, e eles poderiam caminhar livremente por ela. Ele até brinca, dizendo que se fossem fazer um remake de REmake, usariam essa tecnologia.
Okabe diz que a transição faz sentido, assim como foi do plano 2D para o 3D, especialmente para jogos de horror, onde a imersão é importante. Na mesma entrevista, Hirabayashi responde algo curioso sobre a continuação da história do universo, dizendo que fica a cargo do time de desenvolvimento definir como será a história dos próximos jogos, mas desde que tenha um link com o que foi estabelecido, seria interessante tentar algo novo.
Agora voltando para os tempos atuais, Kitchen está aí, e ao passo que sua importância foi ofuscada por anúncios como o de Final Fantasy VII Remake, a possibilidade existe; e faz todo sentido a Capcom não queimar seu ás na manga por conta dos outros anúncios.
Caso o próximo Resident Evil seja de fato uma experiência em um mundo de realidade virtual, não seria um risco, dado que ainda não existe ideia de como essa tecnologia será recebida comercialmente?
Um grande risco. Mas se a Capcom fosse pioneira em mexer com os sentidos dos jogadores através da realidade virtual em um jogo de horror, levando o nome de Resident Evil, ela mataria dois coelhos com uma só cajada; ela se tornaria novamente pioneira entre as publishers novamente e; a série Resident Evil voltaria a ser um expoente.
E sinceramente, por que não arriscar? Talvez a resposta que procuramos com tanto anseio seja dada nos próximos meses. Quem sabe durante a Tokyo Game Show 2015? Enquanto isso, teremos de nos contentar com Resident Evil 0 HD Remaster.