A Capcom resolveu oferecer boa parte da série Resident Evil para os usuários da nova geração. Além dos remasters de RE0 e Remake, a empresa apostou em ports dos três últimos títulos numerados, incluindo aí Resident Evil 5 nessa onda de relançamentos.
Resident Evil 5 é, para muitos, o “começo do fim”. A aventura de Chris Redfield e Sheva Alomar na África fecha um arco iniciado no primeiro jogo da série. Depois do fim da Umbrella, anunciado em Resident Evil 4, o legado da empresa estava nas mãos do vilão Albert Wesker. Com um grande foco na história, Resident Evil 5 não somente faz a trama da série “andar para frente”, mas encorpou ainda mais o passado, explicando a origem de vírus e da própria Umbrella. Nesse contexto, a África se torna um cenário icônico: o berço da humanidade também é o local de nascimento da história de Resident Evil.
Resident Evil 5 também inovou ao trazer o modo cooperativo para a franquia. Apesar de já termos experimentado algo do tipo em Resident Evil Outbreak e em Umbrella Chronicles, não era possível jogar com um amigo em partidas locais com tela dividida e nem online (pelo menos não com qualidade aceitável). O co-op torna Resident Evil 5 extremamente divertido, mas a presença de um parceiro remove qualquer oportunidade de fazer o jogador sentir medo.
Apesar do modo cooperativo ser uma boa adição, a inteligência artificial do outro personagem (seja Sheva ou Chris) não é das melhores. É comum ver seu parceiro correr em círculos em momentos inoportunos (especialmente em batalhas contra chefes), além de insistir em desperdiçar munição e ervas o tempo todo.
Medo, aliás, é um dos conceitos que passa longe de Resident Evil 5. O jogo também pode ser considerado “o começo do fim” do survival horror na franquia. Depois das bases estabelecidas em Resident Evil 4, RE5 mergulhou de cabeça na ação, focando muito mais no combate baseado no tiroteio em terceira pessoa. As situações impostas pelo game se tornam intensas de outra forma. Apesar de não haver essencialmente medo por uma vulnerabilidade dos personagens, somos constantemente jogados em ambientes sufocantes, com muitos inimigos.
Ainda que a ação não esteja essencialmente nas origens da série Resident Evil, ela funciona muito bem em Resident Evil 5. Apesar dos defasados controles “tanque” e a impossibilidade de movimentação livre da câmera, o jogo pode ser considerado impecável tecnicamente. As mecânicas são caprichadas, em geral.
Visual
O port de Resident Evil 5 não somente trouxe o game para a atual geração de consoles, mas também prometeu inovações nos gráficos do título.
O relançamento cumpre parcialmente essas promessas. A versão original, lançada para PlayStation 3 e Xbox 360 contava com resolução em 720p e 30fps. Para o ano de 2009, quando o jogo chegou ao mercado, Resident Evil 5 podia ser facilmente considerado um dos jogos mais bonitos tanto em estética quanto em qualidade gráfica de sua época. No entanto, Kijuju não resistiu à passagem do tempo e o game tornou-se datado visualmente.
O port para Xbox One e PlayStation 4 trouxe o jogo em resolução de 1080p e 60fps. A taxa de quadros por segundo faz uma imensa diferença na fluidez visual do game. Pelo menos no PlayStation 3, era bastante perceptível o “arrasto” em cenas com movimento em alta velocidade, indicando que nem a taxa de 30fps era mantida constante. Na nova geração, os 60fps são bastante sólidos, mesmo quando a tela está cheia de inimigos.
Na questão resolução, o jogo fica devendo. A primeira vista, os visuais parecem bastante renovados, porque os personagens parecem ter sido renderizados novamente. Já os cenários não receberam o mesmo apreço. É comum encontrar texturas esticadas ou em resoluções bem abaixo do esperado em boa parte do jogo.
Novidades
O port de Resident Evil 5 não trouxe somente algumas melhorias gráficas, mas incluiu todos os conteúdos lançados anteriormente em uma única versão. Além dos extras da Gold Edition – os capítulos Lost In Nightmares e Desperate Escape – temos novidades no modo Mercenaries.
Agora, há o Mercenaries United, que, como o nome bem diz, une o extra clássico com o Reunion, lançado como parte da Gold Edition. O modo Mercenaries ainda foi encorpado com o extra “No Mercy”, que literalmente, entope a tela de inimigos e torna as partidas bastante divertidas (somente modo solo). Nos consoles da nova geração as chances de slowdown são bem menores, o que é um ponto extra para a adição.
Todas as arenas e um total de 18 personagens já estão liberados desde o começo para as partidas do modo Mercenaries, sem a necessidade de completar o jogo pela primeira vez para começar a jogá-las. Já os extras Lost In Nightmares e Desperate Escape dependem que o jogo esteja finalizado para serem desbloqueados.
O modo Versus, que não é lá uma das coisas mais legais de Resident Evil 5, não recebeu nenhuma atualização. Os personagens continuam a ser exatamente os mesmos, sem adição daqueles do Mercenaries Reunion.
Assim como aconteceu com o port de Resident Evil 6, não há nenhuma novidade referente a troféus ou conquistas. Todos os desafios são os mesmos da versão original, com exceção de alguns troféus do modo Versus que dependem de apenas 15 vitórias ao invés de 30.
Vale a pena?
Responder se comprar o port de Resident Evil 5 para a nova geração é uma pergunta complicada. Se você ainda não teve contato com o game ou não pode jogar a Gold Edition, a compra é completamente obrigatória. Resident Evil 5 pode não agradar alguns fãs pela ação mais frenética, mas é um grande marco na cronologia da série.
No caso de você ser um jogador que já jogou Resident Evil 5 de cabo a rabo na geração anterior, pode ser melhor esperar uma promoção caso você queira ter o jogo por motivos de coleção ou se importe com melhorias visuais mínimas. Os gráficos foram aprimorados, mas nada que se compare ao poder de uma remasterização. Nesse caso, nem o visual nem os extras como Mercenaries United e o modo No Mercy são determinantes para a compra. Em outras palavras: seu Resident Evil 5 Gold Edition não está devendo em nada para essa nova versão.
Resident Evil 5 para PlayStation 4 e Xbox One está disponível para compra digital nas redes da Sony e Microsoft por R$ 150,00 (ou U$ 20,00 nas redes internacionais). A edição física do jogo será em 14 de julho aqui no Brasil. Você pode já pode encomendar a sua cópia na REVIL Store.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia cedida pela Capcom-Unity Brasil. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor da análise.