Análise – Alan Wake Remastered – PlayStation 4

Alan Wake foi originalmente lançado para Xbox 360 em 2010 e era um título exclusivo da Microsoft. Foi muito elogiado pela crítica e indicado para prêmios na época.

Desenvolvido pela Remedy, que hoje em dia é conhecida por ter feito sucesso com outros jogos também, como: Quantum Break, os dois primeiros Max Payne e, mais recentemente, Control. A produtora é muito boa em misturar ação com uma excelente narrativa em seus jogos.

Alan Wake sob Controle!

Graças a quebra da exclusividade com a Microsoft, finalmente um dos melhores títulos de Survival Horror chegou para os jogadores do PlayStation.

Para aqueles que não sabem, Control Ultimate trouxe em uma de suas DLCs, intitulada AWE: Expansion 2, a interligação dos universos, ou melhor dizendo, nos mostrou que ambos se passam no mesmo universo.

Vamos contextualizar um pouco as coisas. Em Control jogamos com Jasse Faden que trabalha para uma instituição do governo que estuda casos extraordinários. Tudo que acontece de estranho e inexplicável pelos Estados Unidos, o Departamento Federal de Controle (ou FBC – Federal Bureau Control) toma conta e faz uma investigação minuciosa para poder entender e controlar esses eventos. Faden é justamente a nova diretora desse departamento secreto do governo.

Durante a própria campanha principal já existem diversas referências ao antigo título da Remedy. Encontramos colecionáveis que mencionam o ocorrido em Bright Falls, itens e até easter eggs.

Nessa DLC, o próprio Wake contata de forma indireta Jesse Faden. Ele acredita ter encontrado um jeito de se libertar de sua prisão, mas não sem a ajuda da atual diretora da FBC. Outro personagem essencial na trama de Alan Wake, o Dr. Emil Hartman, aparece por lá para dar mais ênfase nessa união de universos e deixar os fãs empolgados e com a pulga atrás da orelha.

Control não veio como um título exclusivo para a caixinha verde, então acredito que essa decisão de tornar Alan Wake multiplataforma já estava nos planos da empresa. Afinal a versão remasterizada e sem exclusividade chegou ao mercado 1 ano depois do lançamento de Control Ultimate.

Explicando…

Control é, inicialmente, um jogo de 2019, enquanto Alan Wake, não o Remastered, é datado de 2010. A versão Ultimate de Control é de 2020, enquanto Alan Wake Remastered é de 2021.

Com toda certeza a Remedy tem planos futuros para os dois jogos e esse universo expandido que nos apresentaram – e que eu aguardo ansiosamente para ver no que vai dar. O melhor é que tudo aponta que não terá mais nada de exclusividade, para alegria de todos os jogadores!

O início do pesadelo

Vamos voltar a focar apenas em nosso escritor perturbado. Wake é um famoso e bem sucedido escritor de romances, que anda sofrendo há dois anos com um bloqueio criativo e pesadelos horrendos. Para descansar e tentar superar seu bloqueio, ele e a esposa Alice resolvem tirar férias em uma pacata cidadezinha do interior, Bright Falls.

Infelizmente para Wake, seus pesadelos se tornam realidade. Após uma briga com Alice no chalé onde passariam suas férias, o escritor acorda 1 semana depois sem saber o que aconteceu e sem pistas sobre sua esposa. A partir deste momento a escuridão de seus pesadelos passam a persegui-lo na vida real. Todo e qualquer lugar em que ele não esteja com ao menos um feixe de luz, está fadado a ser consumido pela terrível escuridão.

Sem entender bem como, Wake acabou escrevendo um novo manuscrito. Aos poucos ele vai encontrando algumas páginas de sua obra, que narram uma aventura dele mesmo. Ou melhor, o pesadelo em que ele está vivendo agora. Enquanto busca ajuda após acordar de um acidente de carro, o famoso escritor percebe que uma escuridão sobrenatural possui pessoas e objetos.

O jogo conta com 6 episódios, onde acompanhamos a busca incessante de Wake para resgatar sua esposa e entender o que diabos está acontecendo em Bright Falls e o que é essa escuridão maligna que o persegue.

Os mistérios, que são aos poucos revelados ao melhor estilo de uma série de TV, foram bem orquestrados. Mesmo que, na época de seu lançamento original, essa divisão de conteúdos estivesse em alta, Alan Wake não é só mais um do estilo e o jogo passa bastante a impressão de ser uma daquelas séries de suspense e mistérios dos anos 90, inclusive. Os episódios também nunca saíram de forma individual, como com Life is Strange ou, então, como Resident Evil Revelations 2. Apesar de dividido desta forma, não há a necessidade da compra separada, todos os episódios já estão inclusos dentro do jogo.

A Remedy criou uma excelente história super envolvente e enigmática que te prende do começo ao fim. É muito difícil terminar um episódio e não querer começar logo o próximo para descobrir tudo que cerca a obscura Bright Falls e o escritor Alan Wake. De longe o enredo é o melhor de todo o jogo!

Através da Escuridão

Mesmo agora, mais de uma década depois, Alan Wake não apresenta uma jogabilidade travada ou ultrapassada. Os comandos respondem bem e são bem fluídos, na medida do possível.

Uma das melhores ideias do jogo é ter a lanterna, que Wake usa para dissipar a escuridão de seus inimigos e torná-los tangíveis para que as armas de fogo possam matá-los. É literalmente a luz contra a escuridão. Graças a isso, não é apenas chegar e sair atirando no que aparecer pela frente, é necessário um planejamento de como enfrentar as ameaças, já que é preciso enfraquecê-las antes de dar fim às suas existências.

O único porém disso é que não existe exatamente um comando de mira para atirar nos inimigos, isso faz com que desperdicemos um pouco de munição durante nossas lutas. Provavelmente o maior defeito seja esse mal mapeamento do uso das armas e da lanterna. O L2/LT, que geralmente é a mira para as armas, é o foco da lanterna, que sim, também dá pra ser usado como “mira” – só que a lanterna funciona a base de bateria, que ao ser focada vai se esgotando. Então, mirar com a lanterna para usar a arma nem sempre é uma boa. O R3 é o controle da lanterna (e da câmera). Com ele você a movimenta para onde quiser. Inclusive, é por seu feixe de luz que você deve se orientar para saber onde disparar com sua arma.

Apesar de meio estranho no começo, não é difícil de se acostumar. O problema acontece mesmo na hora de enfrentar os inimigos, pois é lanterna que mira, câmera para um lado, Alan correndo para o outro – enquanto isso, é a lanterna balançando para tudo quanto é direção e, ainda, temos que disparar. Só uma mirinha ali já resolvia 90% do problema.

Vale ressaltar também que alguns comandos e o mapeamento do controle, principalmente para a condução de veículos, foram alterados em Alan Wake Remastered. É algo que acabou ficando mais condizente com os mapeamentos de botões atuais, mas que é um elemento bem normal em remasterizações – e, convenhamos, muito bem-vindo e útil.

Falando em pontos negativos, tem outro que quero apontar, que é o fato de não existir uma barra de stamina mostrando o cansaço do personagem. É interessante, e também um pouco frustrante, não ter “controle” sobre o cansaço de Alan, quando ele não aguenta nem mais se esquivar e não há uma barra para nos orientarmos. No entanto, isso mostra que o personagem é só um cara “comum” que não faz nenhuma peripécia ou é treinado em artes marciais. Infelizmente, como não há uma barra, não é possível fazer um controle de seu fôlego – apenas é possível tentar estimar quando Wake ficará cansado. Nas horas de combate isso é essencial! Poder correr e ter uma visão melhor de seus inimigos ganhando certa distância ou, então, ficar cansado e não ser capaz de se esquivar adequadamente prejudicam bastante os combates.

Hora de falar da melhor coisa desse jogo – fora a história, claro -, os colecionáveis!

Existem vários colecionáveis disponíveis, alguns deles com referências a um antigo programa de TV chamado Twilight Zone – que no jogo se chama Night Springs -, que mostram situações extremamente bizarras e em preto e branco. Ainda há outros que estão lá para expandir ainda mais a história, como programas de Rádio, de TV (fora o Night Springs) e, principalmente, os manuscritos.

O mais interessante é como a história de Alan Wake é contada. Encontrar manuscritos e ler eles é fenomenal. Nós temos um vislumbre da história e de como ela acontece. Já que aos poucos somos regados com os acontecimentos futuros descritos nestas páginas perdidas. Essa pequena amostra nos deixa intrigados de como realmente acontecerá esses eventos futuros – e a maneira em que o próprio Wake narra sua infeliz aventura é brilhante. Ele é o narrador e também o personagem principal, intercalando seus pensamentos com sua narração fatídica da própria história trágica.

Ótima remasterização

Olha, dá pra contar nos dedos os jogos que tiveram uma remasterização tão boa quanto a de Alan Wake.

Eles realmente melhoraram tudo: as texturas, iluminação, resolução e até os modelos gráficos dos personagens. É quase irreconhecível o novo Alan Wake se comparado com sua antiga versão em 2010. O jogo está mesmo muito bonito agora, porque eu devo confessar… não gostei nada dos gráficos quando joguei a primeira versão. Outros títulos da mesma época, e até antes, do começo da geração, possuíam um capricho maior. Mas graças a tecnologia, agora Alan Wake está muito mais agradável aos olhos.

Imagens do Canal ElAnalistaDeBits

Mas sabem qual a melhor coisa da remasterização? Sim meus queridos, Alan Wake ganhou localização para o português! São apenas legendas, não houve dublagem, mas já ajuda demais aqueles que não entendem inglês ou espanhol. E diga-se de passagem, ficou muito boa.

Na remasterização, também estão inclusas as 2 DLCs (The Signal e The Writer) que expandem ainda mais a história do escritor após o término da campanha. Infelizmente esta versão não conta com o Spin-Off série, Alan Wake’s American Nightmare.

Alan, acorde!

Desculpa, não podia faltar o trocadilho com o título…

Alan Wake Remastered é uma das melhores misturas de ação com survival horror. O jogo apresenta uma ótima história, com narrativa super envolvente e personagens carismáticos de todas as espécies possíveis. Não falta nada, desde o bobão brincalhão, até aquele personagem chato que só aparece pra gente odiar. A jogabilidade tem seus altos e baixos, mas vale bastante a pena parar para apreciar esta obra que é Alan Wake!

O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia digital adquirida pelo REVIL.

Colaborou com a revisão deste conteúdo: Ricardo Andretto

Pontos positivos:
Excelente enredo;
Remasterização de qualidade;
Localização em português;
Personagens carismáticos.
Pontos negativos:
Não existe barra de stamina;
Falta de mira para armas de fogo.
9