Análise – Silent Hill 2 Remake – PlayStation 5

Depois de muitos rumores e vazamentos duvidosos, o remake de Silent Hill 2 foi finalmente anunciado durante a primeira Silent Hill Transmission, realizada pela Konami. Os fãs e entusiastas do survival horror esperaram 17 anos por esse dia. Mas com o anúncio também vieram os receios, já que os responsáveis pela modernização desse clássico tão amado seriam os desenvolvedores da Bloober Team, conhecida por seus trabalhos em Layers of Fear, Blair Witch e The Medium.

Desde então, a pressão sob os desenvolvedores se manteve presente a cada nova atualização, com críticas sobre o visual de personagens, animações e jogabilidade. Mas será que depois de tudo isso a Bloober Team conseguiu entregar um remake à altura do título de 2001? É o que eu convido você a descobrir nessa análise.

Nosso “lugar especial”.

Como de costume, a principal preocupação quanto ao remake era em relação a preservação da essência do original. Silent Hill sempre foi popular por sua atmosfera intimidadora, design único de inimigos e tramas que abordam temas mais pesados. Akira Yamaoka e Masahiro Ito, que fizeram parte não só da equipe do Silent Hill 2 de 2001, mas também de vários outros jogos da franquia, voltaram para trabalhar junto à Bloober Team. Yamaoka cuidando da música e Ito ficando responsável pelo design dos monstros, assim reprisando seus papéis na nova produção.

Bloober Team então ficou responsável por todo o resto, e mesmo com muitos julgamentos durante todo o processo, sempre fizeram questão de frisar o quanto amavam Silent Hill 2 e estavam empolgados em trabalhar no projeto. Impressionando a todos, a empresa polonesa não se contentou apenas em entregar um jogo de qualidade que fizesse jus ao material original. O que recebemos foi uma verdadeira carta de amor.

Tinha um buraco aqui. Não tem mais.

Todos os cenários foram reconstruídos com uma riqueza de detalhes absurda. É quase impossível o jogador não querer parar para admirar a beleza desse terrível pesadelo. Tudo está maior, melhor e mais vivo no remake, fazendo um ótimo uso da névoa, da escuridão e do decrépito.

Usando a nova perspectiva em 3º pessoa ao seu favor (sendo mais um herdeiro de Resident Evil 4), Silent Hill 2 Remake não se escora em jump scares para criar tensão. Em vez disso, a direção de arte brinca com a iluminação e ângulos de câmera para trazer cenários que causam impacto visual e acanhem o jogador.

A equipe de som também não fica atrás, construindo a atmosfera de cada um dos lugares por onde passamos. Junto das faixas compostas pelo incrível Akira Yamaoka, os sons, provocados pelos monstros ou não, são capazes de causar tensão e incerteza quanto ao próximo passo.

Nos meus sonhos mais agitados, eu vejo aquela cidade.

Assim como na versão de 2001, o jogador precisa explorar bem os cenários em busca de pistas, itens chave, armas e suprimentos que o ajudem a enfrentar, ou pelo menos sobreviver às criaturas. Cada uma delas possui comportamento e animações próprias, respondendo de maneira assustadora às atitudes de James. Por isso, mesmo que com uma jogabilidade mais fluida e mecânica de esquiva, tome cuidado, pois o dano causado por elas é considerável.

A lanterna, que é usada para iluminar os ambientes mais escuros, também pode chamar a atenção dos inimigos. Por isso, é possível desligá-la e ligá-la quando bem entender. O rádio indica através de ruídos se há algum perigo nas redondezas.

Todos esses fatores tornam a administração de itens extremamente importante. Através do inventário repaginado, o jogador é capaz de investigar objetos, reler arquivos que encontrou no caminho e combinar itens chave para progredir na busca por Mary.

Os puzzles também marcam presença, sendo em sua maioria novas versões dos vistos no original. Mas espere também por novas surpresas e easter eggs que devem aquecer o coração dos fãs mais assíduos.

Viu? Eu sou real.

Não é a toa que Silent Hill 2 foi o escolhido para ser o primeiro a receber esse tratamento, já que ele é visto por muitos como o mais popular da franquia. A base da história foi cuidadosamente mantida e, como esperado, o remake expande a trama e dá mais profundidade aos personagens e suas relações. Novas cenas e diálogos foram adicionados, assim como novas interações in-game, que proporcionam um maior realismo.

Os atores escolhidos para darem vida a nova versão de personagens tão singulares entregam uma ótima performance, respeitando suas personalidades e nuances com interpretações dignas.

As batalhas contra chefes também merecem elogios, já que a maioria delas é “sem graça” no clássico. No remake, elas proporcionam desafios diferentes, além dos confrontos terem sido estendidos de maneira inteligente.

Vale a pena?

Silent Hill 2 Remake realiza o sonho de muitos de trazer a franquia de volta. Ele expande apenas o necessário e dá a devida atenção ao que preserva do original, não só modernizando o que já era uma obra de arte, mas também trazendo uma experiência nostálgica e intensa. É nítido o carinho dos envolvidos pela obra original, sendo um ótimo exemplo para futuros remakes não só da franquia, como de outras também.

O jogo foi analisado no PlayStation 5 em cópia digital adquirida pelo próprio autor. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor da análise.

Silent Hill 2 Remake
Gráficos impressionam;
Gameplay fluido não descaracteriza a franquia;
Trabalho de áudio impecável;
Alto fator replay com 8 finais diferentes;
Cuidado com a obra original.
10