Albert Wesker e Jake Muller: além do que os olhos podem ver

Albert Wesker e Jake Muller tem uma ligação muito forte na série Resident Evil: o sangue. Mesmo que nunca tenham se conhecido, a herança deixada de Albert para Jake foi ponto fundamento na trama de Resident Evil 6, sendo inclusive a chave para o futuro da humanidade. Nesse artigo iremos explorar a ligação entre pai e filho, muitas coisas estão bastante evidentes, outras estão além do que os olhos podem ver. Confiram essas semelhanças e também algumas diferenças fundamentais entre o maior vilão que já existiu em Resident Evil e aquele que é aspirante a se tornar o protagonista principal da série de agora em diante.

A ligação está no sangue

Durante RE6, a herança genética que Jake Muller carrega é explorada e é inclusive colocada como principal arma no combate ao C-Vírus. A grande capacidade que Jake herdou de Albert Wesker não foram os poderes sobre-humanos – até porque Wesker adquiriu essas características após conceber Jake (falaremos disso mais adiante), mas sim o DNA superior. Albert Wesker fora selecionado por Ozwell Spencer para participar do programa Wesker Children. Spencer escolheu 13 crianças/bebês de DNA superior ao dos demais seres humanos. Essas crianças com potencial e inteligência superior foram doutrinadas de acordo com os preceitos de Spencer durante toda sua vida, para que no futuro ajudassem o patrono da Umbrella a desenvolver uma forma de torná-lo imortal, e assim ele poderia ser o novo Deus da humanidade ao lado de seus Weskers. Uma das características do DNA superior de Albert Wesker – além da inteligência acima da média, é a capacidade de se adaptar a vírus que adentram o seu organismo e se fundir a eles. Em outras palavras: os anti-corpos de Albert Wesker eram simplesmente fantásticos, e é justamente essa característica que torna Jake tão especial quanto seu pai. Dessa forma, assim como Albert, os anti-corpos de Jake tornam seu organismo imune aos efeitos nocivos do vírus (Progenitor* no caso de Wesker, C-Vírus no caso de Jake). É importante salientar que, essa característica é geneticamente herdada, apesar da raridade em que isso ocorre, guardadas as devidas proporções é possível que algo semelhante ocorra na vida real, como por exemplo a herança genética que um filho pode carregar de seu pai se este for imune ou tiver resistência elevada a um determinado tipo de vírus como por exemplo o da gripe.
* Albert Wesker, além de ter genes resistentes ao efeito nocivo do vírus e de ter usado esse vírus da forma correta – momentos antes de sua morte, também necessitava da injeção de um soro em quantidade precisa de tempos em tempos para manter os seus poderes sobre controle. 

A origem dos poderes

Antes de começar a falar dos poderes, vamos fazer uma comparação bem didática: podemos dizer que um ser humano com capacidades incríveis seria o Batman – Bruce Wayne, enquanto um sobre-humano seria o Superman – Clark Kent; Há uma diferença evidente entre eles, já que o Superman apresenta características que nenhum humano normal teria, enquanto o Batman apenas é um ser-humano que elevou suas capacidades de força, reflexo e velocidade a níveis extremos, mas ainda dentro de um limite humano.

Sabidamente Albert Wesker desfrutava de uma série de poderes sobre-humanos graças ao vírus Progenitor modificado que lhe foi dado por William Birkin a mando de Spencer. O vilão adquiriu força e velocidade extremamente elevados, além de um brilho vermelho em seus olhos. Esses poderes como dito, lhe foram concedidos pelo Progenitor e não tem origem em seu DNA superior, já que este apenas o tornava um humano com capacidades incríveis, mas isso é bem diferente de ter capacidades sobre-humanas. Porém, Albert Wesker sofreu algumas modificações genéticas quando ainda era uma criança, não se sabe exatamente quais foram essas modificações e o que elas causaram em Albert, mas por seu DNA ter sido alterado, Jake herdou isso, mesmo que em menor escala, considerando-se que sua mãe era uma pessoa de DNA comum.

Já Jake Muller permanece uma incógnita no que se refere ao limite entre um humano com capacidades incríveis e um sobre-humano. No começo do jogo o vemos se injetando com o C-vírus, mas ele mesmo diz que nada sentiu em seu corpo após isso. Porém, no decorrer da trama, seis meses se passam entre o momento que ele se injeta com o vírus e o final de sua campanha. Nesse meio tempo, Jake ficou em poder da Neo-Umbrella sendo alvo de estudos, e notoriamente no capítulo final de sua campanha, ele faz uso de poderes que podemos questionar se são ou não humanos. Ele combate e derrota o Ustanak usando apenas suas mãos e habilidades de luta e o faz com uma destreza incrível, usando de movimentos que mesmo para um humano com capacidades incríveis, parecem ser exagerados. Inclusive, essa cena é criticada por muitos por esse aparente exagero, mas há uma grande possibilidade de nesse momento ele estar nessa condição por conta de um incremento em seus poderes dados pela injeção de C-vírus seis meses atrás. Como dito, é uma incógnita, pois ao mesmo tempo que ele diz que não sente nada diferente em seu corpo, ele demonstra que há sim um incremento de suas habilidades. Durante o jogo, há diversos indícios, tanto de que Jake tem sim poderes especiais conferidos pelo C-vírus. O agente não teve efeito nenhum sobre seu organismo e que tudo que é mostrado é apenas fruto de suas habilidades. Apesar de haver indícios apontando pros dois lados, não há provas concretas que apontem pra nenhum dos dois lados. Dessa forma, teremos que esperar por uma continuação do jogo para descobrir se Jake tornou-se ou não um novo Albert Wesker no que se refere a poderes. Vale lembrar que, como citado no parágrafo acima, Albert Wesker sofreu algumas alterações genéticas por conta do Projeto W (Wesker Children), e isso com certeza foi herdado por Jake, mas não se sabe em que escala essas modificações ajudaram ou não a conceder poderes ao vilão central de RE1 até RE5; Sendo assim, Jake também tem mais uma incógnita.

Pai ausente, jovem revoltado

Jake Muller cresceu acreditando que seu pai era apenas um mentiroso que abandonara sua mãe antes mesmo de saber que ela estava grávida. Durante o jogo ele descobre que na verdade o seu pai era um dos homens mais poderosos do mundo e que queria destruí-lo. Apesar desse choque de saber que seu pai poderia ter cuidado de sua mãe doente e até evitado sua morte, Jake mostra que passa a nutrir um sentimento que beira o afeto, isso fica claro no momento em que ele confronta Chris Redfield, ao saber que este matou seu pai cumprindo uma missão mas também por motivos pessoais. Jake nesse momento, já tem ciência do canalha que seu pai fora, mas também tem ciência que graças a Albert, ele se tornou uma pessoa tão especial e importante que poderia graças a herança de sangue, salvar o mundo – exatamente o contrário do que Albert queria. O fato de Chris ter matado Wesker, também tirou de Jake toda e qualquer possibilidade de conhecer o homem responsável por seu sangue especial, de ter uma relação com ele ou de ao menos cobrar-lhe satisfações. Vale lembrar que Jake é um jovem de apenas 20 anos, e embora mostre uma maturidade muito maior do que sua idade cronológica indica, qualquer jovem colocado numa situação de conflito com o homem que matou seu pai, teria uma reação parecida com a de Jake, mesmo sabendo o que ele sabe sobre Albert e mesmo sabendo que sua ausência foi responsável pela precoce morte de sua mãe, cuja doença forçou Jake a começar a atuar como mercenário muito cedo, quando era praticamente uma criança ainda. Apesar de tudo, isso também levou Jake a potencializar suas excepcionais habilidades de combate. No fim das contas, Albert Wesker deu a Jake Muller não só um DNA especial, mas sua ausência também fez com que ele pudesse se desenvolver precocemente.

Semelhanças físicas

Pai e filho carregam algumas semelhanças físicas e inclusive alguns movimentos bastante semelhantes pra não dizer iguais. Obviamente muito do conceito do personagem de Albert Wesker foi usado em Jake justamente pra fazer com que houvesse essa semelhança, dá até pra arriscar a dizer que a modelagem dos personagens é a mesma, com algumas diferenças como características de rosto e cabelo. Confira o rosto dos dois abaixo, e a incrível semelhança que há, principalmente quando Jake coloca óculos escuros:

Os golpes físicos e forma de se movimentar são bastante semelhantes, abaixo você verá movimentos que ambos realizam que se parecem muito – e em alguns casos são até mesmo idênticos:

Onipotente e agora onipresente

Desde que RE surgiu em 1996, foram raros os jogos onde a presença de Wesker não se fez presente e depois dele se tornar o vilão que se tornou, sempre marcou presença nos jogos de uma forma ou de outra. Em RECVX passamos a conhecer os poderes de Wesker e algumas de suas intenções, desde essa aparição, ele sempre esteve presente nos jogos importantes da franquia RE, seja de forma direta como em RECVX, RE: The Umbrella Chronicles e RE5 ou de forma indireta como em RE4 e em RE: The Darkside Chronicles. A sua morte em RE5, deixou uma grande lacuna na franquia e encerrou o arco de história iniciado em RE1, isso representou uma grande perda do ponto de vista do carisma e do apelo que Wesker tinha, mas ao mesmo tempo trouxe a Capcom a possibilidade de explorar essa lacuna criando não apenas novos vilões, mas também um personagem que pudesse substituir Wesker – de certa forma. Para isso nada melhor do que um novo Wesker! E é apostando nisso que Jake foi trazido para a trama, com a grande vantagem que agora você não lutava contra Wesker, você é um Wesker e pode fazer uso de toda essa carga histórica.

Todo fã de RE sonhou em poder controlar Wesker, e um pouco desse gostinho foi dado em Umbrella Chronicles e nos modos Mercenaries de RE4, RE5 e The Mercenaries 3D, porém, isso ainda era pouco, já que na série Chronicles você não vê o seu personagem em ação – apenas nas cutscenes, e nos Mercenaries, você não tem exatamente um objetivo ou uma missão. RE6 traz a possibilidade de finalmente se controlar um Wesker – mesmo não sendo o original, e levá-lo até seu objetivo. E todas as semelhanças físicas e de movimentos citadas e mostradas acima, estão presentes não só para dar verossimilhança entre pai e filho, mas também para trazer o jogador a experiência de finalmente ter controle sobre um Wesker em uma campanha de verdade.

Créditos

Escrito por: André Ceraldi (Ceraldi)
Colaboração: Lucas Duarte (Ricky)
Data de publicação:
 07/12/2012