REVIL: Você já conhecia a série antes de ser contratado para esse papel?
Alexandre Marconato: Não assisti a nenhum dos filmes, mas tenho todos os jogos, que é um dos meus favoritos. No momento, só consigo jogar RE CODE: Veronica e não curto o Outbreak, que é caótico demais e não me dá muito tempo para pensar no que está acontecendo. Adoro games de tiro, onde você enfrenta criaturas, e acho os enigmas muito bacanas. Nunca mais joguei os do PsOne, pois não sei como colocá-los no meu Playstation 2.
R: E já conhecendo RE, como surgiu a oportunidade de trabalhar em Degeneration?
AM: Na realidade, o estúdio que ficou responsável pela dublagem do filme entendeu que eu possuía o perfil de Curtis, e me chamou para trabalhar. Não fui avisado com antecedência, e para mim foi uma surpresa chegar lá e ver que era Resident Evil, algo que eu já curtia, e adorei participar.
R: Tudo que sabemos sobre seu personagem, exclusivo do filme, é que ele é um vilão, que perdeu a família em Raccoon City e utiliza o ataque ao aeroporto como uma forma de forçar o governo a revelar a verdade sobre os acontecimentos da cidade.
AM: Você sabe mais do que eu, pois os dubladores não recebem a sinopse do filme. A única coisa que sabemos no momento da dublagem é a identidade do personagem e se é vilão ou mocinho. O diretor de dublagem é quem tem esse tipo de informação, e é ele quem nos corrige e guia a atuação. O dublador só conhece as cenas das quais participa.
R: Mas, ainda assim, o que mais pode ser dito sobre Curtis Miller?
AM: O Curtis não fala muito em primeira pessoa, toda a história dele é contada pelos diálogos dos outros personagens. Na verdade, ele é preso logo em sua primeira cena, e, ao voltar da prisão, já está transformado.
R: Então ele é o monstro visto nos trailers?
AM: Sim, ele se transforma, e a imagem dele é bem parecida com a de William Birkin, de Resident Evil 2, com o olho no braço e tudo mais. Daquela forma, ele aterroriza os personagens e, claro, no final não tem como, né… [risos]
R: Há algum momento do personagem que você tenha achado interessante e guardado na lembrança?
AM: A cena em que ele se transforma é bem bacana. Acontece em uma espécie de laboratório, um galpão bem grande com diversos equipamentos e estruturas metálicas. Claire está ali, e Curtis não quer atacá-la, pois são amigos, mas a maldade que há dentro dele é muito maior do que a sua vontade, e acaba tentando atingi-la. Ele não aparece muito no filme, e participa mais de cenas de ação, já estando transformado, e vai ao encalço de Claire. Há uma cena clássica na qual ele acerta Leon, que termina aparentemente morto. O monstro persegue Claire e, quando vai matá-la, o agente ressurge e acaba com ele. Clássico…
R: Você se identificou com Curtis em algum momento?
AM: Para ser bem sincero, eu gostaria de ter feito o Leon [risos]. Eu acho ele bem bacana, é bonzinho e aparece durante todo o filme. Quando eu jogo Resident Evil, sempre o escolho. Mas a voz dele foi feita pelo Felipe Grinnan, ficou muito bom.
R: O personagem tem a sua voz ou ela foi trabalhada? Quanto tempo duraram as sessões de dublagem?
AM: Talvez eu tenha tirado um pouco do grave, por ele ser mais jovem. Mas, como eu disse, na maior parte do filme ele está transformado, então foi muito bom para fazê-lo, pois eu economizei fala até não poder mais, reagi muito mais do que falei. A dublagem do longa foi muito tranqüila, e levei cerca de uma hora para gravar minhas cenas.
R: É complicado encontrar informações sobre você na internet. Aparentemente, sua maior experiência é com dublagens de filme e anime.
AM: Na realidade, isso é o que eu menos faço. Como eu não tenho e odeio computador, não possuo blog, Orkut e outras coisas, tudo que está disponível foi colocado pelos fãs, que acabam falando mais daquilo pelo que se interessam. Anime não é meu maior trabalho; fiz muitos filmes e novelas mexicanas, coisas que não vão para a internet, pois não há fã-clube que liste este tipo de trabalho.
R: E agora, qual o seu grande projeto para o futuro?
AM: Bem, estou fazendo Lazy Town, no Discovery Kids, Lipstick Jungle, na Fox, entre outros. Na verdade, nós trabalhamos todos os dias o tempo todo, e nunca se sabe exatamente o que vai ser feito, pois não recebemos muitas informações sobre os trabalhos. Fazendo vozes em diversos estúdios, não é possível planejar muita coisa. Recentemente, fiz “O Segredo de Cassandra”, dublando Colin Farrell. Também fui Henrique VIIII em “A Outra”, com Keira Knightley, e o filho de Diane Keaton no filme “Casamento em Dose Dupla”. Muitas vezes, os longas são dublados sem que se tenha definido um título em português, é complicado até saber exatamente o que se fez.
R: Para terminar, há algo que você queira dizer aos nossos leitores?
AM: Quero dizer que gostei muito de fazer, adoro a temática de Resident Evil e como o jogo transcorre. Como eu disse, não tenho embasamento para falar sobre os filmes de RE, mas acho que os fãs vão gostar muito deste novo longa, a animação é muito bem feita, e o filme é bem legal. Agradeço a vocês também pelo interesse na dublagem.