Resident Evil foi uma das séries responsáveis por popularizar o gênero survival horror, renovando o interesse do público pelo terror e por zumbis. Usando câmeras com ângulos fixos, baixa quantidade de munição e a exploração de ambientes claustrofóbicos, Resident Evil foi sinônimo de medo para muitos jogadores desde o seu lançamento, em 1996. Com o passar dos anos, a série evoluiu e dividiu os fãs. Com um foco cada vez mais direcionado para a ação, Resident Evil passou por uma transição iniciada em 2005, com Resident Evil 4. Esse processo foi consolidado com o lançamento de títulos como Resident Evil 5 e Operation Raccoon City em 2009 e 2012, respectivamente. No entanto, com pitadas de Survival Horror em Resident Evil 6 e o sucesso de Resident Evil: Revelations no Nintendo 3DS, a Capcom mostra que o gênero ainda respira na franquia. Em entrevista exclusiva ao REVIL, o produtor Masachika Kawata, que já foi defensor de uma abordagem mais direcionada para a ação em Resident Evil, fala sobre a demanda não somente do mercado de games pelo gênero Survival Horror, mas também dos fãs da série e como o sucesso de Resident Evil: Revelations é capaz de influenciar o futuro da franquia.
REVIL: Quais são as expectativas de vendas de Resident Evil Revelations para consoles domésticos e PC?
Masachika Kawata: Acredito que o conteúdo do jogo vai alegrar bastante os jogadores de PC e consoles, então adoraríamos ver números que fizessem a equipe daqui feliz também!
R: Resident Evil 6 e Resident Evil Revelations possuem dublagem em vários idiomas. A Capcom tem planos de incluir dublagem em português brasileiro nos próximos jogos da série?
MK: O Brasil certamente é um mercado com muito potencial, então continuaremos considerando a possibilidade de incluir dublagem em português brasileiro em títulos futuros.
R: Muitas produtoras de jogos vêm sendo criticadas por lançarem jogos “incompletos” e logo depois disponibilizarem uma série de conteúdos extras em forma de DLC pago. Em Resident Evil Revelations teremos algum conteúdo extra sendo lançado via DLC após o lançamento?
MK: Não posso compartilhar nenhuma informação concreta, mas o que digo é que nós da Capcom estamos muito cientes da necessidade de oferecer DLC de uma maneira que os consumidores consideram justa.
R: Resident Evil: Operation Raccoon City foi um jogo experimental, para observar a reação do público com jogos da série mais focados na ação. Da mesma forma, trazer Resident Evil Revelations aos consoles domésticos é também uma forma de analisar o interesse dos jogadores por games mais voltados para o terror?
MK: Nosso principal objetivo ao levar o jogo para os consoles era responder ao grande número de pedidos que recebemos de pessoas que queriam jogar o game numa tela grande de TV. E, ao fazer isso, nós também queríamos melhorar e expandir a experiência de jogo.
“[Resident Evil: Revelations] já está influenciando o futuro da série antes mesmo de chegar aos consoles”.
R: Há cerca de um ano, você deu declarações ao site Gamasutra afirmando que o mercado de survival horror era muito pequeno para comportar a franquia Resident Evil, e suas recentes declarações apontam exatamente para o lado contrário. Até que ponto os elogios a Resident Evil Revelations e as críticas a Resident Evil 6 por parte da mídia especializada e dos fãs influenciaram essa mudança de discurso?
MK: O fato de o mercado de survival horror ser bem menor do que, digamos, o mercado de jogos de tiro, se confirma pelos números de vendas dos títulos do gênero, não apenas da Capcom, mas de todas as empresas. Dito isso, ainda há demanda por grandes jogos nesse gênero, e Resident Evil Revelations é um verdadeiro survival horror que visa a satisfazer essa demanda.
R: Levar Resident Evil Revelations para os consoles domésticos foi algo planejado desde a concepção do jogo original ou foi uma decisão tomada por conta do sucesso do título no Nintendo 3DS e das reações do público querendo que o jogo chegasse também para outras plataformas?
MK: Foi a segunda opção: a decisão de levar o jogo para os consoles foi tomada em resposta à recepção extremamente positiva do título no Nintendo 3DS. Isso tornou nosso trabalho bastante desafiador, já que o desenvolvimento original foi voltado muito especificamente para o hardware do Nintendo 3DS, mas, ao mesmo tempo, nós desenvolvedores sempre ficamos muito felizes de ter a oportunidade de revisitar nossos trabalhos.
R: De que forma as vendas e o sucesso de Resident Evil Revelations para consoles domésticos e PC podem influenciar o futuro de Resident Evil?
MK: Vamos apenas dizer que ele já está influenciando o futuro da série antes mesmo de chegar a esse ponto! (risos)
(AVISO – Spoiler a seguir) R: Resident Evil Revelations deixou algumas pontas soltas, como a conclusão de Jessica e Raymond ao final do jogo. Podemos voltar a vê-los em outros jogos da série, ou mesmo ver os eventos de Revelations sendo abordados no futuro?
MK: Eu não quero dar nenhum spoiler para quem ainda não jogou a versão do Nintendo 3DS e está aguardando pelas versões de console que chegam em maio, então eu acho que vocês terão que esperar para ver o que acontece!
R: Recentemente, Devil May Cry recebeu um reboot em parceira com a Ninja Theory. A Capcom planeja fazer um reboot de Resident Evil, e se sim, cogita incluir algum parceiro ocidental no projeto?
MK: Minha opinião sobre usar estúdios ocidentais ou japoneses é que ambas culturas de desenvolvimento conseguem alcançar coisas que a outra não conseguiria. Mas, em vez de dizer qual lado é melhor, acho que é importante nós nos cobrarmos bastante e tentarmos criar jogos incríveis.
R: Como você vê o futuro do Survival Horror?
MK: Tenho certeza de que os avanços no hardware dos consoles terão uma grande influência na maneira como o gênero evolui e melhora.
Para ver a entrevista em inglês, clique aqui.
Agradecimentos especiais a Fabio Santana e Dennys Michelassi, da Capcom Brasil.