O melhor e o pior da Brasil Game Show 2016

A Brasil Game Show 2016 foi realizada desta vez na São Paulo Expo, entre os dias 1 e 5 de setembro, com mudanças que resultaram em um evento mais maduro, mas que ainda necessita de alguns pontos de atenção para proporcionar uma experiência mais agregadora.

A equipe do REVIL esteve em peso na feira este ano, e felizmente tivemos a oportunidade de aproveitar os principais jogos da feira, encontrar muitos parceiros, fazer novos contatos e ver quais as novas possibilidades que nos aguardam para as próximas edições e o mercado de games no Brasil.

Infraestrutura e Organização

A mudança de local, da Expo Center Norte, para a São Paulo Expo, foi uma decisão acertada pelo comitê de organização. A Expo Center Norte, além de ficar num local de “difícil” acesso, não por conta da distância, mas sim, por conta do volume do tráfego de carros, ônibus etc, além não de comportar mais a sempre crescente demanda de público.

A São Paulo Expo oferece ampla infraestrutura, em um local próximo ao metrô Jabaquara, oferecendo transporte gratuito para os pagantes, com staff presente para auxiliar na localização do ponto de partida. A SP Expo também conta com um gigantesco local para estacionar e a estrutura para as filas estava relativamente bem organizada.

Como era de se esperar, o primeiro dia, da imprensa e pagantes VIP, foi mais tranquilo, mas não menos concorrido, com filas expressivas. Porém, nos dias seguintes, o volume aumentou consideravelmente; as filas já estavam gigantes desde 10:30 da manhã.

Na Brasil Game Show 2016, a alimentação ainda não é o seu ponto mais forte na questão de variedade e preço, mas os espaços para acomodar os visitantes é consideravelmente maior com relação a 2015. Uma sugestão interessante seria trazer mais food trucks para o espaço, oferecendo uma gama maior de tipos de pratos, como crepes, temakis e lanches não industrializados.

A sala de imprensa também tinha uma infraestrutura impecável, com mesas para instalarem notes, Wi-Fi, e mesas com quitutes e bebidas constantemente repostas. O ar-condicionado também funcionou bem, dado que é um ambiente que concentra muitas pessoas e uma grande massa de calor. No geral, o evento está maior, melhor, e mais organizado.

Os Estandes

Como o espaço interno da São Paulo Expo é muito maior, os estandes estavam muito bem esparsados e acomodados dentro do enorme “retângulo” que era o edifício. Provavelmente, os organizadores já esperavam que as atrações seriam concorridas e o volume seria muito maior, o que aconteceu de fato.

Infelizmente, ainda senti uma distribuição desigual no quesito da concentração de pontos de interesse. Por exemplo, o estande da Sony ficava ao lado da Microsoft, e muito próximo do da Warner, que também trazia jogos da Capcom, como Street Fighter 5 e Resident Evil 7.

Além disso, também senti falta de mais estações para testar certos títulos, que foram concorridos, como o exclusivo Horizon, da Sony, Final Fantasy XV, entre outros. No dia de imprensa, levamos cerca de uma hora em media para testar o exclusivo da Sony. Nos dias subsequentes, essa media aumentou drasticamente. Creio que faltou uma análise para identificar títulos em potencial, para disponibilizar pelo menos umas 20 estações.

O estande da Warner para Resident Evil 7 também sofreu desse mal. A casa estilizada para o jogo de horror – que remete ao ambiente que os jogadores irão explorar – contava com poucas estações e não deu conta da demanda. Seguem as estatísticas que obtivemos apenas para o local de teste de RE7.

  • 3000 a 3500 pessoas visitaram a casa, média de aprox 700 por dia;
  • Em dias concorridos, diminuíram o tempo de gameplay para que todos tivessem a chance de testar a demo;
  • O tempo médio da fila no sábado atingiu até 3 horas, e no domingo até 4 horas.

Para quem vai louco para visitar a feira, e ter a oportunidade de testar seus jogos favoritos, não é algo legal ou interessante gastar 3 horas em uma fila. Considerando que o evento iniciava às 13 e terminava às 21, um total de 8 horas, 3 horas já consome 37,5% do tempo no dia.

Os membros do staff responsáveis por supervisionar as filas e jogadores dos estandes das respectivas empresas sempre foram muito atenciosos, prestando assistência adequada de forma a auxiliar o visitante a tirar bom proveito do já curto tempo de teste.

Os Jogos

A lista confirmada de jogos trouxe nomes de peso, como os já citados Horizon, Resident Evil 7, Final Fantasy XV, entre outros. Porém, algo que me chamou a atenção, é que muitos dos jogos “confirmados”, não estavam em forma jogável, ou foram apresentados apenas à portas fechadas.

Um exemplo? The Last Guardian. Ora, o jogo sairá no final do mês que vem. Por que ainda não disponibilizar um build jogável aos jogadores? Como saber se o produto final de um jogo ambicioso valerá o investimento, sendo que a própria Sony investiu muito em sua produção? Outros jogos ausentes que posso citar foram Detroit e Days Gone, outros dois exclusivos.

Essa não é uma crítica dirigida aos organizadores, mas é complicado anunciar um jogo ou atração, e ele não estar disponível para o grande público. E se as pessoas compraram o ingresso apenas para ver aquele jogo que ela tanto espera? Agendar hora? É extremamente concorrido e inviável. É como se fossem “DLC”s do evento. E noto que esse formato se intensificou na Brasil Game Show 2016.

Esse problema também ocorreu com a demonstração de jogos AAA que utilizavam dispositivos de realidade virtual, como o Batman: Arkham VR. Causa um pouco de estranheza, algo que os grandes players do mercado industrial de games, não disponibilizarem uma maior quantidade de unidades para testes, e assim divulgarem seus novos produtos, e as tendências do mercado, pois realidade virtual, por mais que não esteja difundida, é uma tendência.

Um outro ponto que me incomodou, é que mesmo a Brasil Game Show sendo um expoente na América Latina, as softhouses, pelo tempo que existe entre outras feiras, como a PAX, ou Tokyo Game Show, não se preocuparam em disponibilizar builds exclusivos para a feira. Por exemplo, Final Fantasy XV, foi disponibilizado o build da E3 2016, que era a batalha contra Titan. Por que não uma demo exclusiva para a América Latina?

Porém, um dos grandes destaques da feira foi sim o Horizon: Zero Dawn, da Guerrila Games. Mesmo tendo apenas 10 estações para teste dentro do estande da Sony, os devs se preocuparam em proporcionar uma ótima experiência durante os testes.

Primeiro, somos orientados a assistir um vídeo introdutório de aproximadamente 9 minutos, que fala sobre o mundo e elementos básicos do gameplay, para depois assumirmos o controle e testarmos o que acabamos de assistir. Ficando num esquema cíclico, pois enquanto os 10 próximos assistem ao vídeo, jogamos durante esse tempo, liberando o estande para os próximos.

As Atrações

A Brasil Game Show 2016 contou com muitas atrações e expoentes do mercado industrial de games. Um dos destaques foi o mini-museu que a Warner preparou em seu estande para celebrar os 20 anos de Resident Evil, contando com a incrível coleção de jogos e peças de merchandising providas por Cláudio Correa, que também faz parte da equipe REVIL, uma forma singela e sincera de homenagear uma das maiores franquias dos games.

Um outro destaque, porém não anunciado como deveria, foi a presença de Shinji Hashimoto, o produtor de Final Fantasy XV, que passou pela feira brevemente para distribuir autógrafos aos fãs. O grande problema aqui é que isso só foi possível para quem esteve presente no dia de imprensa ou era pagante VIP, fora que, não houve anúncios.

Também rolou o Brasil Game Jam, realizado em parceria com a Globo, onde equipes de jogadores tinham apenas 48 horas para desenvolver um game, sendo que o vencedor seria escolhido por voto popular. Sem dúvida, uma ótima iniciativa para promover o desenvolvimento de jogos, aliado à força do nome Brasil Game Show.

O evento também contou com a presença dos Youtubers, cuja expressividade no mundo do entretenimento vem crescendo a cada ano. Cada Youtuber tinha sua programação específica, e eles estavam espalhados dentre os diversos estandes do evento para realizar e transmitir seus quadros e atrações. Campeonatos também foram promovidos em diversos estandes.

O evento, em geral, foi bem servido de atrações.

Conclusão

A Brasil Game Show 2016 trouxe uma grande evolução em sua estrutura e organização, mas acredito que os anúncios das atrações e jogos de fato jogáveis, deveriam ser menos vagos. Isso é algo a ser acordado com os expositores. As acomodações para os expositores, visitantes e imprensa eram impecáveis e confortáveis.

Jogos concorridos foram quase impossíveis de jogar em dias lotados, sendo que alguns dos mais interessantes contavam com agendamento na hora, além da pouca disponibilidade de cabina de testes para alguns títulos que certamente foram disputados.

Também fez falta um anúncio mais claro das atrações e Meet & Greet, dos horários e dias, para que os fãs pudessem se planejar melhor e assim terem uma oportunidade de estarem próximos de seus ídolos. E por último, seria interessante que as empresas de games disponibilizassem builds de seus jogos exclusivamente para a feira, dando uma motivação a mais para visitar.

Fora isso, a Brasil Game Show se firma mais uma vez como o maior evento de games da América Latina, e a cada ano toma passos rumo à direção desejada. Vamos ver o que nos aguarda para 2017.