O coitado mal nasceu e já está afogado em críticas — e, sinceramente, ainda não entendi ao certo o motivo de tanto comentário negativo.
O diretor Zach Cregger, responsável pelo novo live-action, revelou que nunca assistiu aos filmes anteriores da franquia. Para muitos, isso já é um bom sinal: significa se afastar do estilo exagerado de Paul W. S. Anderson — que, convenhamos, ainda entregou algo mais divertido do que o reboot de 2021 ou a série da Netflix em 2023.
Mais importante: Cregger afirma que ama os jogos, que jogou Resident Evil 4 inúmeras vezes e que sua intenção é criar uma história que traduza a experiência de estar dentro de um Resident Evil. Só isso já deveria acender um alerta positivo, não?
Alguns rumores indicam que Austin Abrams pode interpretar o protagonista: um entregador de órgãos humanos enviado ao Hospital Geral de Raccoon City. No caminho, ele atropela uma mulher — que sobrevive, mas apresenta um comportamento estranho. A partir daí, o caos se instala na vida do personagem: mutações, tentáculos, surtos biológicos. O clima remete muito mais a Resident Evil Outbreak — com cenários como o bar ou até mesmo o zoológico — ou ao horror mais atmosférico e íntimo de Resident Evil 7.
Além disso, vale lembrar que insiders afirmam que o novo filme faria uma referência quase direta a um clássico do cinema: O Enigma de Outro Mundo (The Thing), de John Carpenter. O diretor, que foi essencial para o gênero slasher com a franquia Halloween e para a ficção científica gore com O Enigma, ajudou a moldar linguagens que Resident Evil sempre incorporou — do horror visceral à paranoia do isolamento.

E é justamente isso que me interessa: a sensação de colapso humano, de isolamento, de que algo invisível e incontrolável está se espalhando. Uma proposta que, se bem conduzida, pode se alinhar muito mais com a essência dos jogos do que com as adaptações anteriores. Mas, de novo: por enquanto, tudo ainda são rumores.
Agora, uma reflexão mais amarga: tenho a impressão de que diretores, roteiristas e atores entram apaixonados por Resident Evil, mas acabam perdendo o encanto no processo. A pressão para agradar a uma comunidade extremamente polarizada — que exige fidelidade absoluta, mas também rejeita repetições — pode sufocar qualquer tentativa criativa por parte dos envolvidos. É como se o material nunca tivesse chance de ganhar forma antes de ser julgado.
Casos recentes não me deixam mentir. Lily Gao, que interpretou Ada Wong no remake de Resident Evil 4 e no reboot cinematográfico, precisou desativar as redes sociais após uma onda de ataques. O mesmo aconteceu com Avan Jogia (Leon S. Kennedy) e Hannah John-Kamen (Jill Valentine), que também encerraram seus perfis diante da enxurrada de comentários tóxicos. E duvido que eles vejam esses projetos com bons olhos.

Diferente de Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City, acredito que estamos, de fato, evoluindo nas adaptações cinematográficas de jogos. Hoje temos exemplos bem-sucedidos, como Sonic, que já caminha com fôlego para seu terceiro filme, e a sequência de Mortal Kombat — que, apesar dos tropeços, foi abraçada pela comunidade, que reconheceu seus acertos e ajudou a manter o projeto vivo. Sem falar de The Last Of Us, mas é série e deixarei ela em off.
Assim como acompanhamos ansiosamente os rumores sobre Resident Evil Requiem, precisamos permitir que outras mídias da franquia respirem. Que encontrem seus próprios caminhos, que errem, tentem, criem. Nem tudo precisa ser uma decepção anunciada antes mesmo de nascer.

