Um relato do Kotaku sobre Resident Evil 7 está chamando a atenção de algumas pessoas. Patrick Klepek, um dos redatores do site, contou através de um post que ao experimentar a demo no game no PlayStation VR foi “uma bagunça nauseante”.
Klepek conta que estava muito ansioso para jogar Resident Evil 7, especialmente com o apetrecho de realidade virtual, mas que a experiência o fez se sentir muito mal, mesmo. Ele contou que ele nunca teve nenhum tipo de reação adversa com o uso de VR, mesmo depois de usar os vários headsets do mercado com os mais diferentes jogos.
O jornalista acredita que Resident Evil 7 pode estar deixando as pessoas tontas e enjoadas não somente por causa do VR, mas pelos controles: “No VR, uma lanterna é controlada ao mover a sua cabeça, mas os jogadores podem movê-la de forma independente com o controle. Isso significa que você pode se mover para um lado, mas olhar para o outro. Isso é um combo chocante em VR – muitos jogos usam isso – mas no momento que eu fiz as duas coisas ao mesmo tempo, meu café da manhã deu oi pro meu estômago”.
Algumas pessoas acreditam que o problema pode ser a taxa de quadros por segundo de Resident Evil 7. A demo para PlayStation 4, ainda sem suporte ao VR, roda com sólidos 60FPS de acordo com a análise do Digital Foundry. Aparentemente, jogos de realidade virtual precisariam velocidades mais altas, como 90 FPS.
O designer Dan Teasdale, que trabalha com realidade virtual, diz que jogos que rodam a 60FPS no console chegam a 120FPS na projeção do headset com frames duplicados (não realmente renderizados). Ele também acredita que o principal problema de Resident Evil 7 com o PlayStation VR seja a câmera controlada de forma independente do capacete através do DualShock 4.
Em contato ao Kotaku, a Capcom declarou que “Resident Evil 7 ainda está em desenvolvimento e sendo otimizado em todos os aspectos, inclusive para VR. A prioridade da equipe de desenvolvimento de realidade virtual é assegurar o conforto dos jogadores e a capacidade de aproveitar o jogo em seu potencial máximo”.
Apesar do aparente problema entre controles e o PlayStaton VR, a realidade virtual pode sim causar náusea e tontura em uma quantidade considerável de pessoas. O chamado “enjoo da realidade virtual” é uma forma de cinetose ou “enjoo de movimento”, semelhante ao que acontece com pessoas que costumam passar mal quando andam de carro por muito tempo ou andam em brinquedos de parques de diversão.
As causas do enjoo de realidade virtual podem ser variadas. O principal motivo é a discrepância que o usuário experimenta ao estar parado mas “se enxergar andando”. O sistema nervoso integra informações contraditórias sobre o movimento do corpo e dos olhos, confundindo o sistema de equilíbrio e provocando náusea.
No caso de Resident Evil 7, a possibilidade de mover a câmera com o DualShock 4 pode ser um imenso complicador. Imaginem o quão estranho deve ser mover a cabeça, mas seus olhos não acompanharem essa rotação como acontece normalmente. Uma forma de consertar esse problema é garantir que o jogador somente olhe na direção para a qual ele está se movendo virtualmente, como nós já fazemos na vida real. Considerando os dois analógicos do DualShock 4, os jogadores poderiam controlar um movimento “em cruz” no lado esquerdo, mas a câmera ou o campo visual deveriam ser controlados apenas pela rotação da cabeça com o PlayStation VR.
Outros problemas do VR podem causar desconforto, como atrasos na resposta do headset ao movimento da cabeça, fazendo com que o campo visual virtual não se mova como o cérebro “espera”. A taxa de quadros por segundo também parece interferir de alguma forma – quanto mais lenta, maiores são as chances de os usuários notarem “arrastos” em movimento que não são compensados pelo motion blur e se sentirem tontos. Mulheres também tem maior tendência a ficarem tontas e enjoadas com experiências de realidade virtual.
De acordo com alguns estudos, é possível “aprender” a não se sentir mal com VR. O uso continuado do headset acaba reduzindo os efeitos desconfortáveis com o tempo. No entanto, é improvável que alguém se sinta bem ao passar muitas horas usando um capacete de realidade virtual. Com o tempo os jogadores podem sentir dores nos olhos, vista cansada e dores de cabeça. Essas sensações podem aparecer em jogatinas tradicionais de vídeo game, mas são potencializadas com o uso do VR.
Ainda que a Capcom definitivamente precise ajustar os controles manuais e virtuais de Resident Evil 7, é sempre bom avisar que é importante que quem pretende ter um dispositivo de VR deve ter alguma experiência prévia antes de esvaziar o bolso. Algumas pessoas são extremamente intolerantes à realidade virtual, mesmo que não tenham histórico de distúrbios de equilíbrio (labirintite, por exemplo) ou sintam enjoos em viagens ou barcos. Esses usuários podem descobrir essa intolerância tarde demais, depois de já terem gastado uma boa grana em um headset.
Vamos esperar que a Sony e a Capcom tragam esse gostinho de Resident Evil com realidade virtual para nós em setembro, durante a Brasil Game Show. Eu vou levar o meu Dramin…