Shinji Mikami, o “pai” de Resident Evil, fala sobre a franquia e o remake de RE4

Shinji Mikami é o “pai” espiritual de Resident Evil e de vez em quando volta a falar sobre o seu trabalho na franquia ou de jogos que seguem sendo feitos no estilo survival horror. Recentemente, ao site Vg247, o profissional comentou o potencial remake de Resident Evil 4, ainda não formalmente anunciado pela Capcom. Mikami foi do óbvio, ao dizer que os fãs provavelmente vão querer jogar, ao que espera, com uma história melhor do que a original, criada em apenas 3 semanas por ele próprio em meio a prazos apertados em seu desenvolvimento.

Outro conteúdo, desta vez da Anan Magazine, traduzido do japonês para o inglês por Alex Aniel em seu blog pessoal, também traz Shinji Mikami, desta vez comentando aspectos da franquia com Jun Takeuchi, da Capcom. O tom do encontro dos dois é descontraído, com Mikami contando ter criado Resident Evil depois de ter sido provocado por alguém na Capcom a “fazer um jogo de terror”, mas sem ter uma base. Já Takeuchi aponta a dificuldade da época, que exigia demais de só uma pessoa no desenvolvimento de certas coisas, e que RE fez sucesso pelo “boca a boca” no terror que ia além de filmes e livros.

Mikami revela que planejava um jogo que incluiria fantasmas, mas sabia que só esse aspecto não seria suficiente para vendas, por isso encontrou outras referências com monstros que perseguem humanos, como no filme Tubarão (Jaws, 1975), dando um sabor único para a experiência dos jogadores que podem “não apenas correr de zumbis, mas também desfrutar da sensação de derrotá-los”.

 

Os dois ainda falam dos gráficos, que acabaram sendo revolucionários para a época, e do desafio tecnológico com o segundo jogo com PCs trabalhando “24 horas por dia” para atender aos anseios de produção sem que os equipamentos fossem feitos para esse propósito.

Sobre Resident Evil 4, Shinji Mikami admite que se preocupou bastante na época do lançamento por conta da direção que tinha tomado e que o jogo talvez não fosse um “Resident Evil“. Títulos futuros, no entanto, provaram que RE4 não foi um erro. “Queria deixar mais fácil para a próxima pessoa que assumisse o comando da série. Se o fortalecimento dos elementos de ação resultasse em uma reação sobre não ser um Resident Evil, a próxima pessoa poderia simplesmente voltar atrás.”

Na própria Capcom tinha quem jogasse e falasse: “Isso não é Resident Evil!”. Resident Evil 4, no entanto, foi um sucesso comercial e há “muitos fãs que acreditam que [o jogo] foi o ápice da série”, comenta Jun Takeuchi, enquanto Mikami reconhece que o jogo tinha potencial para irritar os fãs.

Takeuchi assumiu a direção de Resident Evil 5 e, posteriormente, de Resident Evil 7, onde viu a oportunidade de voltar à origem de terror, mas em primeira pessoa. O jogo ganhou uma sequência, Resident Evil Village, no mesmo estilo. Quando questionado se manteria essa perspectiva em futuros títulos, Takeuchi afirma que pessoalmente não tem uma preferência, mas que integra novas ideias, o que não envolve somente este assunto, dando a entender que tudo depende da visão do projeto. Ele pretende manter o aspecto de terror daqui pra frente.

Shinji Mikami já não faz parte da Capcom há muitos anos, mas continua a ser cultuado pelos fãs. Atualmente, ele responde pelo jogo Ghostwire: Tokyo, da Tango Gameworks.

Foto: Shinji Mikami via Twitter (@shinji_mikami)