Análise – Exoprimal – PlayStation 5

A Capcom nos últimos anos vem se estabelecendo novamente como uma das grandes desenvolvedoras do mercado de games no que diz respeito à qualidade e expectativa de grandes jogos. Exemplos como os jogos da série Resident Evil, Monster Hunter, o retorno de Devil May Cry e o recente lançamento aclamado de Street Fighter 6 mostram muito bem isso, dando aos desenvolvedores moral para se arriscarem. E aí entra Exoprimal, uma nova IP do estúdio que foi recebida com certa descrença. Ela é justificada? Ou a Capcom acertou mais uma vez?

Bem, mas o que é Exoprimal, exatamente? Eu te respondo: É um jogo de ação em terceira pessoa, multiplayer cooperativo e competitivo. A ideia de desenvolvimento desse jogo veio da vontade da Capcom de fazer um jogo coop onde fosse diferente o suficiente de Monster Hunter, que, ao invés de focarmos a ação em um único monstro, enfrentamos hordas de dinossauros com exosuits que parecem mechas super poderosos de animes e são bem legais. O jogo tem em seu envolvimento diversos nomes experientes da Capcom, como Hiroyuki Kobayashi, que é conhecido pelo seu trabalho em jogos da série Resident Evil.

Exoprimal funciona de um jeito simples: você escolhe sua exosuit, sendo que você pessui várias dentro do jogo com funções diferentes, como de DPS para ataque, de defesa que são os tanques e os curandeiros. Pensa nos bonecos de Overwatch, é bem por aí que a coisa se desenrola. Tu entra dentro de uma partida com a sua equipe e time que cumprir os objetivos no mapa antes do outro, vence. Simples, certo? Certo, e é mesmo. Dentro da partida os objetivos são separados em derrotar hordas de dinossauros, enfrentar dinossauros maiores e avacalhar o progresso do outro time. Funciona bem e no início é até bem divertido. O jogo sim, diverte. A questão é que não existe muita variação de modos e nem de mapas, fazendo com que as coisas fiquem bem enjoativas. Por mais que as exosuits sejam legais, para o tipo de jogo e de proposta, acabam sendo poucas. E isso se mostra um problema para o jogador.

A falta de variedade de modos multiplayer fazem com que a jogatina acabe por se tornar monótonas com o tempo, pois, não há muito o que esperar. São os mesmos embates contra hordas de monstros que resultam em partidas bem semelhantes no fim das contas. Ainda que em certo ponto exista um combate direto entre equipes, o jogo falha em tornar isso divertido, sendo uma verdadeira bagunça. E essa impressão é reforçada pela narrativa do jogo, que existe, porém, a forma com que ela é colocada para quem está jogando é de uma forma bem equivocada no meu entendimento, sendo até, decepcionante.

A história do jogo ocorre em 2043, quando seu esquadrão cai em uma ilha, onde do nada uma inteligência artificial chamada Leviathan, te joga em um jogo mortal na mesma ilha através de viagem no tempo, 3 anos antes. Quando as lutas acabam, você volta pra 2043. Agora você e sua equipe precisam descobrir como sair dali. A coisa vai ficando super interessante, pois é uma trama sobre viagem no tempo e todos seus desdobramentos de futuros alternativos são legais pra caramba. O triste e que isso tudo só é mostrado ao jogador, através de seu progresso no modo multiplayer, jogando partidas e realizando alguns objetivos em jogo que vão liberar mais cutscenes para aí sim, te mostrar o que que raios está acontecendo naquele lugar e o motivo daquilo tudo.

Eu não entendo o motivo de não colocar um modo história convencional, single player, no jogo sendo que temos uma narrativa suficientemente boa rolando no fundo e com uma gameplay que diverte, já que as exosuits possuem várias habilidades maneiras, sendo todas bem diferentes uma das outras e com funções diferentes – poderiam muito bem serem usadas e apresentadas em um modo para um jogador, além de dar mais opções de jogo e apresentar melhor esse universo que é sim, bem interessante. É possível ver bastante empenho na criação de suits e desse universo, porém o potencial acaba sendo completamente perdido pela decisão de não existir este modo.

Porém, o que me decepcionou mais, certamente, foi a localização do game. Sempre irei elogiar a Capcom pelo exímio trabalho de suporte e localização em nosso país. A cada jogo lançado, só melhora, e a gente tem que exaltar sempre o trabalho feito, pois é bom. E Exoprimal vem sim localizado em português do Brasil, mas a questão é que apenas um personagem recebeu dublagem em voz no jogo, e ela é feita aos brasileiros por inteligência artificial, sendo um trabalho que além de ser desrespeitoso com uma classe inteira de profissionais, não é bem feito. Também não é algo que faz sentido, já que apenas um personagem recebeu dublagem e os outros não.

Exoprimal não é um jogo ruim. Ele diverte e tem potencial. Porém, infelizmente a Capcom lançou um jogo que não justifica seu preço de 299 reais no lançamento pela falta de conteúdo até para um título focado no multiplayer. Agora, é ficar na torcida para que o suporte que vem no futuro seja o suficiente para fazer desse jogo algo bem melhor do que é no momento, sendo o primeiro deslize do estúdio em muito tempo.

O jogo foi analisado no PlayStation 5 em cópia digital cedida pela Capcom Brasil. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo e sim do autor da análise.

Pontos positivos:
Classes divertidas;
Gameplay;
Batalhas contra dinossauros.
Pontos negativos:
Uso de IA na dublagem;
Falta de conteúdo multiplayer;
Ausência de um single player;
Pouca variedade de classes e mapas.
6.5