Análise – Haunted House – PlayStation 5

Haunted House teve seu início lá em 1986, sendo lançado para o Atari 2600 pela própria Atari. Agora em 2023, o jogo ganhou uma nova versão, na verdade uma reimaginação de seu título original.

Feito pela Orbit Studios, um estúdio brasileiro conhecido por ter desenvolvido o jogo Retro Machina, Haunted House ganhou uma nova cara aos moldes modernos.

O jogo apresenta uma série de elementos que o tornam a experiência desafiadora, intrigante e divertida.

Uma mansão mal assombrada

O famoso Zachary Graves, um caçador de tesouros, desaparece e sua sobrinha, Lyn Graves, junto a seus amigos, partem para a mansão de seu tio para tentar encontrá-lo. Ao chegarem lá, eles são pegos pelos fantasmas que dominaram o lugar, sobrando apenas Lyn. Agora ela deve salvar seus amigos e seu tio.

Para essa missão ela conta com a ajuda de Spooky, um carismático fantasminha camarada, que já foi parceiro de Zahary em vida. Como era de se esperar, também é possível encontrar os funcionários da mansão, que também foram afetados de alguma forma pelas aparições fantasmagóricas, mas também funcionam como “side quests“, pedindo a Lyn que os ajude.

A história é simples como eu esperava, mas traz alguns personagens interessantes, e principalmente muitos easter eggs da Atari. Um dos colecionáveis é justamente as fitas de jogos da era de ouro da empresa.

Desafiador e labiríntico como o original

Confesso não ser grande fã de jogos do gênero Roguelite/ Roguelike, mas escolher essa abordagem para o título foi uma excelente ideia, trazendo ao novo jogador um pouco de como os jogos antigamente eram. Difíceis, frustrantes em diversos momentos, mas recompensadores ao vencer seus desafios.

Haunted House desafia os jogadores com uma dificuldade elevada desde o início. Essa característica cria um ambiente de jogo tenso, onde a precisão e a paciência são essenciais para evitar falhas. Cada deslize pode ser fatal. Aprender com seus erros e aprimorar as suas habilidades ao longo do tempo é primordial.

A furtividade é a chave para sobreviver. Os inimigos são rápidos e fortes, e a lanterna do jogador é fraca. Enfrentá-los de frente é praticamente impossível, principalmente no início. Evitar o contato direto, esquivar-se e usar o ambiente para se esconder, mesmo após ser visto, é a melhor estratégia. Claro, fora o uso dos itens que auxiliam o jogador a não ser detectado, ou a sobreviver sem grandes danos ao ser visto. A mecânica de passos fazendo barulho e a possibilidade de derrubar objetos adicionam ainda mais profundidade e desafio à furtividade e à sobrevivência dentro da mansão mal assombrada.

Como qualquer Roguelite, sua principal característica é retornar ao início após a morte do jogador, o fazendo perder os itens coletados pelo percurso. A única recompensa inalterada são as gemas que você coleta ao livrar os cômodos da mansão dos fantasmas que servem para aumentar habilidades permanentemente ao conversar com um dos funcionários da mansão.

Outra característica fundamental do gênero é a geração procedural de cenários que adiciona uma camada a mais de desafio e imprevisibilidade ao jogo. A variedade de cenários após a morte mantém a jogabilidade fresca e encoraja a exploração constante, uma vez que os jogadores nunca sabem o que esperar. O mais interessante é que mesmo com o salvamento automático ao alcançar uma nova sala, caso feche seu jogo e volte a ele depois, esta sala em que parou já não será mais a mesma, mudando completamente após reabrir o jogo.

O que nos leva a outro ponto, o de que há uma boa variedade de tarefas (mini games) a serem concluídas. A complexidade e dificuldade da tarefa varia de acordo com a etapa em que está no jogo -se já derrotou algum chefe, salvou algum amigo, além do algoritmo que gera os cenários aleatórios. Essas tarefas variam, podendo ser apenas sobreviver até que o cronômetro zere, encontrar um ídolo mágico e colocá-lo em seu pedestal, perseguir um ladrão que roubou a chave, ter de derrotar todos os inimigos na sala e mais algumas.

As lutas contra chefes em Haunted House destacam-se por sua abordagem não convencional. Em vez de um combate direto, os jogadores precisam encontrar artefatos que enfraqueçam o chefe do andar enquanto exploram e só depois terão a oportunidade de enfrentar este chefe para libertar parte da mansão de seu domínio. Mas o combate difere de enfrentar os inimigos normais, mostrando o poder e superioridade da entidade que domina o local.

Arte e trilha sonora

A arte bem feita e a trilha sonora cativante são elementos que contribuem significativamente para a atmosfera do jogo. Apesar da simplicidade, eles ajudam a criar uma experiência imersiva, envolvendo os jogadores no ambiente assombrado da mansão.

A trilha se intensifica sempre que inimigos estão próximos e tende a diminuir quando o lugar já está seguro. Os efeitos sonoros dos inimigos ajudam a identificar quais deles infestam o lugar, e até mesmo seus passos podem ser ouvidos, mas são silenciados ao entrar em modo furtivo.

Com gráficos simples, mas competentes, Haunted House esbanja uma arte muito bonita. Seus cenários e estilo parecem até saídos de uma revista em quadrinhos.

Problemas frustrantes

Por mais divertido que Haunted House seja, ele não está livre de problemas.

O mapa é essencial para a navegação correta dentro da mansão, pois os cômodos se interligam e formam um pequeno labirinto, com as salas tendo muitas vezes mais de uma saída. É inevitável ter de ir e vir pelos cômodos já explorados e livres dos inimigos para chegar a novas salas.

No entanto, o jogo apresenta uma falha grave em relação ao mapa. Ao morrer e reiniciar sua exploração, o mapa desaparece. Isso não é um erro ocasional, é um fato! Irá ocorrer 100% das vezes. E tão inevitável quanto o desaparecimento do mapa é a sua morte.

O bug só pode ser corrigido fechando o jogo e abrindo-o novamente, o que torna a experiência extremamente frustrante. Por mais que o jogo inicie incrivelmente rápido no PlayStation 5, é um saco ter de fechar e abrir o mesmo título toda hora.

Além do bug do mapa, infelizmente sofri com alguns poucos travamentos ao pausar o jogo. Isso ocorreu duas vezes. Ao entrar em uma nova sala, precisava pausar o jogo, mas sempre é mostrado qual o desafio deverá ser cumprido assim que se adentra um novo local, e bem nessa hora aconteceu o travamento.

O jogo não pausou, mas também não mostrou a animação do mini game, travando tudo na tela, inclusive o som. O único jeito de reverter isso foi fechando o jogo. Felizmente ele conta com salvamento automático a cada sala, o que não me fez perder todo meu progresso de exploração.

Diga adeus aos fantasmas

Extremamente divertido e viciante, Haunted House é uma incrível reimaginação do clássico da Atari de 1986. Ele traz diversas referências ao jogo original e adiciona outras.

História simples, mas com jogabilidade Interessante, desafiadora e ao mesmo tempo gratificante, é impossível não querer sempre desvendar cada canto da mansão mal assombrada de Zachery Graves e livrá-la de todo o mal!

 

Haunted House está disponível para PC (Steam / Epic Store), PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S.

A autora desta análise contou com uma cópia cedida do jogo pelos desenvolvedores.

Pontos positivos:
Divertido e viciante;
Arte muito bonita;
Trilha e efeitos sonoros bons.
Pontos negativos:
Alguns travamentos;
Mapa desaparece permanente ao morrer.
8