Análise – Monster Hunter Stories – PlayStation 4

Monster Hunter é um fenômeno. A franquia da Capcom que nasceu por influência de Pokémon logo se tornou um sucesso no Japão, mas não conseguiu repetir o mesmo feito até o lançamento de Monster Hunter: World. Com a série literalmente ganhando o mundo e se tornando um dos principais ativos do estúdio, claramente spin-offs da franquia iriam naturalmente aparecer. É o caso de Monster Hunter Stories, um RPG busca ser mais parecido com um JRPG tradicional de combate por turnos.

Stories traz narrativa característica do gênero, mas com uma proposta bem diferente e foco em caças da série principal. Lançado originalmente para o Nintendo 3DS, este Monster Hunter foi remasterizado para plataformas mais atuais com muitas melhorias em relação ao original e suporte a legendas em português do Brasil. Joguei a versão de PlayStation 4 e conto o que você pode encontrar nesta jornada.

 

Muitas pessoas não tem o tamanho da dimensão do sucesso de Monster Hunter no Japão, sendo uma franquia que rivaliza com nomes como Pokémon, Dragon Quest e Final Fantasy – vendendo até melhor em algumas ocasiões. Se tratando do tamanho da série, demorou até para aparecer um spin-off como Stories que nos mostrasse o rico mundo dessa franquia com outra perspectiva e em um novo contexto. Pessoalmente falando, celebrei muito o lançamento do jogo original, já que sou um grande fã dos RPGs mais tradicionais da Capcom, entre eles os jogos da série Breath Of Fire que, assim como gênero, acabou ficando um pouco esquecido pelo estúdio ao longo dos últimos anos. Monster Hunter Stories serviu como uma retomada, trazendo possibilidade de um futuro promissor para o RPG dentro da Capcom.

Em Stories, começamos nossa jornada com três jovens amigos explorando uma floresta próxima a sua vila e em busca de um ovo de Rathalos para criarem um vínculo com o bebê dragão. Apesar do risco, a ideia dá muito certo, e o pequeno Rathalos cria uma ligação com o protagonista ou a protagonista. A/O personagem principal, aliás, tem características físicas escolhidas por nós, além do próprio nome. Ao retornar a vila e tomar um sermão de todos os adultos pelo perigo corrido, um Nargacuga com um comportamento estranho ataca, destruindo o local. Um ano após o incidente é que de fato começamos a nossa jornada com toda a provação para nos tornar montadores e posteriormente lidar com as consequências daquele fatídico dia.

Narrativamente, é um jogo simples, por isso não espere muita coisa, até porque é um título que claramente foi pensado para conquistar o público mais novo. Mesmo que em alguns momentos tenhamos uma boa dose de drama tradicional japonês, Monster Hunter Stories possuí muitos plots fáceis de acompanhar e de certa forma até clichês, com desenvolvimentos que vai além do esperado, mas que dentro da proposta de público é muito feliz, uma vez que o jogo entrega momentos empolgantes e leves também. Para mim, que não estou na faixa etária buscada pela Capcom, o jogo ainda rendeu situações onde eu me via entretido e interessado. Ainda que tenha um viés infantil, é bem feito.

O jogo acerta mesmo no combate e exploração, e acho que isso acaba segurando todos os tipos de jogadores. Stories, como mencionado, é um RPG tradicional de turnos com um sistema de combate bem único do qual lutamos ao lado de monstros que vamos tendo como aliados ao longo da jornada. Claro, isso não é uma novidade, visto que em séries como Shin Megami Tensei, Persona e Pokémon, esse tipo de coisa já acontece há anos. contudo, só que é no sistema implementado pela Capcom no jogo que temos o diferencial.

Durante as batalhas, temos três tipos de golpes para usarmos nos inimigos e cada tipo de golpe tem uma vantagem sobre o outro. Se escolhermos um golpe técnico, que tem vantagem em cima do veloz, e o inimigo optar pelo veloz, ganhamos a disputa no turno e conseguimos obter a vantagem. Se escolhermos igual, temos um dano equivalente, mas se escolhermos o que tem desvantagem no escolhido pelo inimigo, tomamos o dano. É quase como se fosse um tipo de pedra, papel e tesoura, certamente com influência no famoso triângulo de armas da série Fire Emblem e que funciona muito bem dentro das batalhas de Monster Hunter Stories, sendo um combate por turnos muito dinâmico e estratégico que vai render muita diversão para quem curte o estilo de jogo. Também temos um sistema de afinidade bem interessante, que permite ao jogador, na medida em sobe esse nível, criar laços junto com os monstros que possibilitam a combinação de golpes bastante poderosos e é simplesmente muito legal ver este resultado durante as batalhas.

No que diz respeito a exploração do jogo, aqui que ele evidencia ainda mais a sua influência direta de Pokémon, já que Stories tem um ritmo de jogo muito parecido com o jogo da Game Freak, onde precisamos explorar o mundo para coletar mais ovos de monstros, naquele esquema de colecionismo de monstrinhos que Pokémon tem. Se você gosta do universo de Monster Hunter e por um acaso curte a série Pokémon, pode acabar achando algo realmente especial aqui. Contudo, se essa não for a sua praia e você busca algo mais narrativo, talvez o que é oferecido não atenda a sua expectativa.

Uma das grandes vantagens de um jogo ganhar uma versão remasterizada é também a chance de maximizar aspectos técnicos, algo que a Capcom geralmente faz muito bem com seus remasters. Agora com Monster Hunter Stories, é perceptível um ganho visual muito grande em relação ao jogo original de Nintendo 3DS, além de um salto enorme de resolução. Joguei ele em uma TV 4K e as cores saltavam aos meus olhos. Em alguns momentos nem parecia ser um jogo feito para o 3DS, algo que infelizmente não é mantido o tempo todo, mas ainda que não seja, o trabalho técnico da desenvolvedora como sempre é bom e merece os elogios. Lembro que o jogo vem todinho legendado em português, sendo um RPG perfeito para iniciantes e também bastante indicado para crianças.

A Capcom mais uma vez acerta em remasterizar. Monster Hunter Stories ganhou novas e excelentes versões de um jogo que ficou escondido por muito tempo na biblioteca do 3DS e que, honestamente, eu não esperava ver ganhando uma nova versão – feliz estou por estar enganado. Embora seja claramente um jogo voltado a um público mais juvenil, é um RPG tradicional japonês bem divertido e que pode ser uma ótima porta de entrada para muitos no mundo da série. Apesar de não possuir uma jornada narrativamente marcante, cumpre bem o seu papel como jogo e pode acabar sendo uma boa pedida para os fãs do gênero e da série.

O REVIL solicitou e recebeu uma chave para análise da Capcom Brasil.

Pontos positivos:
Combate criativo;
Mundo bem construído;
Leve e divertido, perfeito para novatos no gênero.
Pontos negativos:
Narrativa muito simples;
Alguns bugs na legenda, desaparecendo durante cutscenes.
7.5