Depois de muito clamor do público, que na verdade tinha até perdido um pouco as esperanças, a Capcom trouxe Resident Evil Remake para as plataformas da Sony e Microsoft em uma versão remasterizada em HD que mesmo quase quinze anos depois de seu lançamento era de encher os olhos. O próximo passo era meio óbvio: portar o até então também exclusivo Resident Evil Ø, que foi lançado para GameCube pouco tempo depois de RE: Remake. E de fato, um ano depois, Resident Evil Ø também ganhou sua versão HD Remaster para os consoles da sétima e oitava geração, além dos PCs. Entretanto, ele faz mais e menos do que o “HD Remaster”de Resident Evil Remake. Confuso? A gente explica…
Muito mais do mesmo
O trabalho de remasterização gráfica realizado em Resident Evil Remake foi muito bom. Quando joguei-o no PlayStation 4 nem parecia que estava jogando uma remasterização de um jogo de quase quinze anos de idade. Com Resident Evil Ø aconteceu a mesma coisa, só que mais. Além de trazer texturas totalmente em HD, leves movimentos de câmera nos cenários, movimentação mais suave dos personagens e objetos móveis, e lindos efeitos de iluminação totalmente condizentes com o poder da sétima e oitava geração, a versão HD Remaster de REØ fez ainda mais e trouxe os rostos de Rebecca Chambers e Billy Coen totalmente remodelados. Para os mais detalhistas isso faz toda a diferença, expressões durante os diálogos e cutscenes ingame subiram um degrau em relação ao patamar do HD Remaster de RE Remake.
Além dessa reconstrução dos modelos faciais dos personagens principais, a equipe da Capcom se preocupou em dar um belo “tapa” nos cenários em relação a versão original do jogo. No REØ lançado em 2002, haviam alguns cenários que pareciam ser apenas um copy-paste de outros cenários, replicados sem a menor cerimônia, algo que em 2002 não era tão degradante assim, mas se isso fosse repetido agora em 2016 iria ficar bastante perceptível, pensando nisso, a empresa retrabalhou os cenários de diversas localidades do jogo, cuidando para que não houvessem lugares simplesmente copiados e aplicados em outro ponto. O resultado disso é um jogo que apesar de ser bastante sombrio e escuro, sem grandes nuances de cor nos cenários, não se torna cansativo pois o detalhamento de texturas e elementos que constróem o ambiente são bastante variados e criam uma composição visual que agrada até mesmo aos mais atentos.
Assim como já havia feito no HD Remaster de RE Remake, a Capcom trouxe para REØ a possibilidade de se jogar com um sistema de controles mais modernos, algo mais próximo com o que temos nos REs de hoje em dia. Mas calma lá, não estou falando de andar e atirar ao mesmo tempo, não. Mas sim um esquema de controle que torna o jogo mais ágil, com corrida acionada o tempo todo e fazer o personagem andar na direção em que o analógico aponta. Muita gente que começou a jogar RE pelos mais modernos, estranha bastante os controles “tanque”, com a necessidade de se segurar um botão para correr e com o caminhar para frente ser sempre na seta para cima, independente da direção para onde o personagem está apontando.
Derrapando
Ainda falando dos controles, uma mudança inexplicável ocorreu nos comandos. Quem joga Resident Evil a mais tempo, está acostumado a utilizar sempre os mesmos botões para certas ações. No caso o “quadrado” para fazer o personagem correr e o “círculo” para abrir a tela de inventário. Em REØHDR, houve uma inversão desses comandos, algo que pode confundir o jogador no início da aventura, e infelizmente não é possível personalizar o controle e trocar esses comandos e também não há uma configuração pré-determinada que traga um esquema de controle “clássico”.
Outro ponto que decepciona no jogo são as cutscenes em CG. Assim como aconteceu com a versão HD Remaster do Remake lançada em 2015, REØHDR traz várias CGs em baixa qualidade, mais até do que o jogo lançado ano passado. E essa baixa qualidade das cenas grita aos olhos porque o trabalho de remasterização do jogo e das cutscenes ingame foi muito bem feito. Aliás, esse é um ponto que vem sendo relativamente comum nessa enorme leva de remasterizações que temos observado nos últimos dois anos, e com REØ não foi diferente, já que o jogo apresenta uma proporção de cutscenes em baixa qualidade bem maior do que a versão HD Remaster de RE: Remake.
Nova roupagem… literalmente
Um dos recursos que as empresas costumam utilizar para tornar as remasterizações mais atraentes, é a inserção de extras. Resident Evil tem uma característica bem marcante em sua história que é a grande quantidade de roupas extras que praticamente todos os jogos tem, e a Capcom uniu esses dois recursos e enxeu REØHDR de roupas extras, infelizmente algumas delas são acessíveis somente através de DLCs, outras são bônus de pré-venda. Aqui, vocês podem conferir como conseguir as roupas extras do jogo, mas um recurso chama a atenção com relação as roupas extras: a possibilidade de trocar a roupa do personagem em qualquer momento do jogo através do invetário do jogo.
Outro extra do jogo que acrescenta uma camada a mais de diversão e de vida útil para o título é o bizarro Wesker Mode. Nele, o jogador vive novamente toda a história do jogo normal, só que sai Billy Coen e entra Albert Wesker com os poderes que o Uroboros lhe conferiram. É tão divertido quanto sem sentido passar novamente pelos mesmos perigos e poder usar os poderes sobre-humanos de Wesker para lidar com os inimigos e situações do jogo. A verdade é que esse modo é pra jogar bem desencanado, sem ligar muito pra história já que a presença de Wesker ao lado de Rebecca fica absurdamente sem sentido no contexto da história de REØ. Apesar disso, vale como experiência e diversão.
Resumo
Finalmente acessível para o grande público, Resident Evil Ø HD Remaster é um jogo indispensável para quem é fã da franquia, independente de você já tê-lo jogado no GameCube, no Wii ou ter dado um jeitinho com emulador, a versão HD Remaster vale a pena porque apresenta o jogo com um visual muito mais atraente e menos cansativo do que as versões lançadas para os consoles da Nintendo.
Servindo de prólogo para o primeiro capítulo, REØ também apresenta uma das figuras mais emblemáticas da Umbrella – James Marcus, e mostra toda a relação de desconfiança, ódio e traição que tangia os três mandatários da corporação e também dois de principais pupilos – Wesker e Birkin.
Apesar disso, REØ não é nem de longe tão profundo, instigante e divertido quanto Resident Evil Remake/HD Remaster, mas isso não é demérito algum, já que compará-lo com tal jogo é no mínimo injusto.
O que fica mesmo é o gostinho de ver como a Capcom era extremamente competente em produzir grandes jogos de survival horror, algo que infelizmente foi perdido na última década.
Para uma análise mais detalhada sobre sistema de jogo e enredo, leia o REVIL Retrô.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia cedida pela Capcom-Unity Brasil. O texto acima não representa a opinião do REVIL, e sim do autor da análise.