Análise – Resident Evil 4 VR

Considerado um dos jogos mais importantes e influentes da história, Resident Evil 4 também é um dos títulos mais portados, estando disponível em praticamente todas as plataformas modernas e em outras não tão convencionais. Muito se brinca que a Capcom sempre relança o jogo a cada geração, com algumas ou poucas melhorias, porém, dessa vez, o quarto título numerado da franquia surpreendeu não apenas com um excelente port, mas sim com uma das melhores versões já lançadas do jogo.

Análise em vídeo:

 

REalidade Virtual

A versão de Resident Evil 4, desenvolvida pela Armature Studios para o Meta Quest 2, foi completamente recriada na Unreal Engine 4. Enquanto o jogo de 2005 contava com a câmera sobre os ombros e movimentação estilo tanque, a versão para realidade virtual foi completamente refeita para ser jogada em primeira pessoa. Se Resident Evil 7 pecava por estar preso ao controle do PS4, Resident Evil 4 VR é um jogo muito mais imersivo. Com os controles do Meta Quest 2, você tem total liberdade para controlar as mãos de Leon S. Kennedy e todos os comandos são feitos de forma mais realista: para sacar sua arma você precisa retirá-la do coldre, para recarregá-la você precisa remover o pente e inserir outro, o mesmo para as outras armas e também para sacar ou usar outros equipamentos.

A sensação de imersão é extraordinária, mesmo já tendo jogado e rejogado Resident Evil 4 centenas de vezes. Ver o jogo em realidade virtual traz a mesma sensação de quando experimentei o título pela primeira vez. O game possui texturas e sons totalmente atualizados e, logo que você entra no menu inicial, é completamente tomado pela imensidão de estar naquele lugar. Ver estes cenários por essa nova perspectiva trouxe à minha atenção detalhes que eu nunca havia reparado no jogo. Texturas, objetos, cenários, são tantos detalhes recriados de uma forma completamente natural nesta versão.

O jogador tem que realizar as ações como se estivesse naquele lugar, seja para abrir portas, pegar, inspecionar itens e até mesmo na hora de salvar ao usar uma máquina de escrever. Os puzzles do jogo também ficaram muito mais interessantes, você ter que mover as peças, ou mesmo encaixar os objetos, torna tudo muito mais interativo e ajuda a ampliar a imersão do jogador.

Ações como saltar da janela continuam como no original, mas devido à natureza da realidade virtual, você aperta um botão e o jogo exibirá uma tela com a cena em questão. As cutscenes continuam sendo em 2D, então toda vez que há uma cena o jogador fica em um espaço com um telão, o mesmo ocorre quando há algum quick-time event que não possa ser resolvido em primeira pessoa, como por exemplo quando um inimigo te agarra, mas não é nada que atrapalhe o jogador.

Pronto para o Combate

O combate tampouco deixa de ser intenso em realidade virtual. Mesmo com a possibilidade de usar mais de uma arma ao mesmo tempo ou de se mover para qualquer direção enquanto atira, a sensação de pânico continua da mesma forma que no lançamento original. Apesar de já ter passado pela seção do vilarejo inúmeras vezes, jogar em realidade virtual trouxe o mesmo desespero que eu senti na primeira vez que joguei. Os inimigos se amontoando para atacar, tentar buscar por itens e recursos enquanto me defendia dos ganados, estar cara a cara com o Dr. Salvador pronto para me matar com uma motosserra, tudo isso se amplifica ainda mais nesta versão.

Você ter que usar os equipamentos de forma mais realista torna a experiência muito mais imersiva. Não foram poucas as vezes que eu me desesperei para recarregar a shotgun enquanto os ganados partiam para cima de mim. Tudo isso torna usar cada arma uma experiência totalmente nova e única. Mesmo para usar a granada o jogador precisa pegá-la de seu colete, retirar o pino para então arremessar nos inimigos, e na hora do desespero pode apostar que você vai cometer alguns erros. Mirar com os controles do Meta Quest 2 é completamente natural e muito mais preciso, dessa forma é muito mais fácil acertar os tiros.

As mecânicas de combate também não foram eliminadas, se você conseguir atordoar um inimigo, você poderá chegar perto dele e pressionar um botão para realizar um golpe, com a câmera alternando brevemente para uma visão em terceira pessoa.

A jogabilidade foi muito bem traduzida para a realidade virtual, até as batalhas contra os chefes continuam ótimas, mesmo que com adaptações. Na luta contra Del Lago não arremessamos mais os arpões, dessa vez usamos uma arma que dispara os arpões enquanto controlamos o barco. É uma sensação completamente nova ver El Gigante em primeira pessoa, ou mesmo subir nele para cortar a plaga com a nossa faca, é realmente como se estivesse jogando o jogo pela primeira vez.

Versão (quase) sem cortes

Resident Evil 4 sempre foi um jogo violento, e isso não é diminuído aqui. Porém, algumas falas e cenas que poderiam ser consideradas sexistas foram removidas ou alteradas. Entretanto, não é algo que comprometa a experiência do jogo para quem está experimentando o título pela primeira vez.

O modo Mercenários não estava presente no lançamento original da versão em RV, mas foi adicionado posteriormente e sem nenhum corte. Cada personagem conta com os mesmos itens e equipamentos, além é claro das habilidades especiais. Usar o arco e flecha de Jack Krauser é muito divertido, e até dá uma pena não poder usar o equipamento na campanha principal.

Além do modo mercenários original, foram adicionados desafios onde o jogador deve completar uma série de fases com condições especiais, trazendo mais dezenas de horas de conteúdo para o jogo.

Infelizmente, tanto o minigame ‘Assigment Ada’ quanto ‘Separate Ways’, não foram portados para a realidade virtual, sendo as únicas faltas do título.

Veredito

Resident Evil 4 VR não é apenas um excelente port, mas também uma das melhores versões já lançadas do jogo. A jogabilidade fluida e as atualizações para o título explicitam o trabalho primoroso da Armature Studios, que mesmo com a falta das campanhas adicionais de Ada Wong criaram um título obrigatório para os donos do Meta Quest 2. Mesmo que você já tenha jogado Resident Evil 4, a versão em realidade virtual é uma experiência completamente nova e única, e possivelmente o melhor relançamento do título até então.

O conteúdo textual presente no site REVIL contou com revisão de João Alves. Já o vídeo tem roteiro e edição de Fred Hiro, com narração de Felipe Turesso e captura de imagens de Matheus Duma. O REVIL adquiriu diretamente uma versão de Resident Evil 4 para Quest 2 para produção deste material.

Pontos Positivos:
Imersão;
Jogabilidade Fluída;
Gráficos Atualizados.
Pontos Negativos:
Falta das campanhas adicionais;
Censura desnecessária.
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