Arte: Frank Alcântara

Análise – The Callisto Protocol – PC (Steam)

Esta é uma análise conjunta com considerações de Natália Sampaio e Frank Alcântara. A redação base, com texto em primeira pessoa, é de Natália Sampaio.

Do mesmo produtor da nossa franquia prima Dead Space (que tem um remake programado para 2023), The Callisto Protocol, lançado em 2 de dezembro, é o mais novo survival horror na área. Eu (Nats) e o Frank testamos a versão de PC e vamos apresentar pra vocês a nossa avaliação desse game que promete nos proporcionar (tá mais pra re-experimentar, no caso) uma experiência de survival horror que são poucos os jogos que proporcionam, né?

Lembrando que, como as configurações do meu PC e do Frank são diferentes, pretendemos apresentar qual a nossa experiência com o game, incluindo o desempenho, jogabilidade e enredo. Logo, para facilitar, vamos aqui listar os nossos setups:

  • Setup da Nats: Notebook gamer (Intel® Core™ i5-11400H de 11ª geração, Placa de vídeo dedicada NVIDIA® GeForce RTX™ 3050 com 4GB GDDR6, Memória de 16GB (2x8GB), DDR4, 3200MHz; SSD de 512GB PCIe NVMe M.2);
  • Setup do Frank: Processador Intel® Core™ i5-10400F de 10ª geração, Placa de vídeo dedicada AMD Radeon™ RX 570 com 4GB GDDR5, Memória de 16GB (2×8) DDR4, 3200MHz.

Além disso, vamos fazer uma análise SEM SPOILERS, ok? Isto posto, partiu análise!

Aquele déjà vu gostoso!

The Callisto Protocol é um game de ação e terror em terceira pessoa do mesmo produtor da franquia Dead Space e isso já percebemos logo de cara, no início! Aqui controlamos Jacob Lee, um freelancer, que estava fazendo um último trabalho levando uma carga em direção a algum lugar de Calisto, uma das luas de Júpiter, quando uma explosão acontece, causando a queda da sua nave naquele satélite e, por fim, acaba preso sem motivo aparente. A partir daí, o acompanhamos na sua tentativa de fuga frenética em meio a criaturas grotescas.

Isso te lembrou alguma coisa??? Pois é: Dead Space feelings! O próprio produtor (Glen Schofield) deixou claro que o jogo seria muito inspirado em sua franquia antecessora, tornando Callisto em seu sucessor espiritual. Logo, praticamente tudo ali vai te lembrar o Dead sem ser cópia dele, o que é muito legal.

Apesar da proposta do Callisto ser bem semelhante ao Dead, percebemos que ele é um jogo diferente e único, então, pra quem jogou Dead Space (ou não, como é o meu caso – Nats), vai ter uma experiência completamente única com ele, pra alguns até nostálgica, já que temos previsão de um remake de Dead Space vindo em 2023 pra nova geração.

Agora, aos trabalhos!!! A ambientação! O jogo, como todo jogo de survival horror e de terror que se preze, é beeeeem escuro e claustrofóbico e com uma trilha sonora tensa na hora dos combates, não te dando um minuto pra recuperar o fôlego entre uma batalha e outra porque elas podem, literalmente, acontecer a qualquer momento. Isso nos dá um gancho pra falarmos da jogabilidade!

Uma misturinha de terror, sobrevivência e um quê de “SOCORRO!”

A jogabilidade, de forma geral, é relativamente simples e intuitiva, com tutoriais que o jogo te apresenta no momento oportuno, com um combate corpo a corpo e com armas de visual futurista fabricadas em impressoras 3D espalhadas pelo cenário (chamadas de forjas). É lá também que você gasta seu Crédito de Calisto (moeda do jogo) e vende as tranqueiras que você acha ao longo da jornada para comprar melhorias para as suas armas e seus acessórios.

Lembrando que as salas onde há impressoras 3D não são “save rooms” e os inimigos, se estiverem te perseguindo, podem sim invadir a sala (socorro Deus!).

O combate segue de forma que a gente espera de um survival horror, o Jacob é meio pesadão na movimentação e isso reflete sim na hora do perrengue (inclusive se tiver mais inimigos a serem combatidos ao mesmo tempo – Frank). A troca de armas é lenta e, a depender da situação, até quando você resolve ir no braço, a lerdeza do homem gera desespero, ainda mais que não é possível “interromper” as animações do personagem, inclusive se curar em combate (#choros). Mas, como não sei se é intencional do jogo ser assim ou se é algum “bug” (já que recebemos relatos de problemas de desempenho na versão de PC, os desenvolvedores avisam na página do game na Steam que haverá um patch disponibilizado no dia 06/12, mas comentaremos sobre isso mais a frente).

Ademais, essas “dificuldades” não me incomodaram tanto, já que jogo de terror é pra tentar segurar a alma querendo fugir, né? Mas tem horas que o desempenho sofrível do game podem deixar essa experiência frustrante, inclusive de “mortes bestas” (Nats). Outra coisa chata que pode acontecer é que toda vez que você chega perto de um inimigo, você entra em um estado de “lock-on” e, a partir daí, você só tem duas saídas: matar ou morrer. Isso se torna complexo quando você tem múltiplos inimigos na tela, pois ao final de cada combo (corpo a corpo) focado em um deles, outro inimigo próximo entra no estado de combate e se você não for rápido, você com certeza vai tomar dano (Frank).

O visual dos inimigos também é uma bizarrice à parte, alguns bem grotescos e até nojentos, que exigem que bolemos estratégias diferentes para lidar com cada um, inclusive usando o cenário a nosso favor (eu já disse que eles não te dão paz, né?). Embora o game seja linear e há poucas rotas alternativas para explorar (o que pode incomodar os que gostem de um jogo survival em ‘mundo aberto’), a linearidade dele não é cansativa a ponto de achar o jogo chato só porque você só vai por uma única rota (até porque tem trechos que vc fica tão tenso que vc nem nota isso). O jogo também te obriga a memorizar as rotas (assim como os tradicionais survival da década de 90), já que não temos mapa para nos guiar. Contudo, como o jogo está totalmente localizado em PT-BR (sem dublagem, infelizmente), até o letreiro em cima das portas e passagens estão localizados, o que facilita um pouco o seu GPS interior.

A iluminação (a ausência dela, no caso), a ambientação bem detalhada e o clima futurista do game colaboram no clima que tensão que ele gera. Já contei que você não tem paz nesse jogo, né? Pois então, você não tem paz, pois qualquer coisa pode acontecer em qualquer curva que você entre, já que a sua lanterna tem um raio curto de iluminação, te obrigando a ser muito cauteloso na sua exploração. Aqui a regra é: vá devagar e fuja sempre (não dá pra ser vida loka aqui, não, porque se virem em horda, vc se lasca bem bonito)! Os recursos são muito escassos e o espaço de inventário é limitado, o que obriga a deixar itens para trás, já que as áreas onde estão as forjas não são tão próximas umas das outras e não há lugar para guardar seus itens.

Clichês padrões e Carinhas conhecidas são sempre bem-vindos

Outro ponto positivo, pelo menos pra mim, Nats, é o próprio Jacob. O personagem dele tem certo carisma e você fica a todo momento com dó do azar do cara, além do seu desenvolvimento ao longo da trama ser bacana. O mesmo vale para os demais personagens presentes ao jogo que, embora não tenham um desenvolvimento muito aprofundado, você consegue se envolver com eles e, até mesmo, se apegar a eles (ou odiar também). A escolha dos atores foi bem legal, contando com a Kimiko, do The Boys, a Karen Fukuhara, o Sam Witwer, o Deacon do Days Gone, e o Josh Duhamel (da saga Transformers no cinema), que encarna o próprio Jacob, cujas atuações contribuíram para a carga dramática entregue no game.

Com relação ao enredo, nada de novo que a gente não esperasse de um survival horror (e nada revolucionário também), mas ele consegue cumprir o que promete sem decepcionar. Ele não tem muita densidade, mas os áudios (os files) que encontramos ao longo da jornada ajudam a dar mais uma camada à história que vai sendo desenrolada. Logo, considere-os como um extra. Ah!, o jogo não tem puzzles e os que “aparecem” não são nada complexos, até porque o jogo é linear e não exige muito do seu lado Dora Aventureira, além do fato de ele te informar quais são os seus objetivos (mesmo não tendo absolutamente nada, NADA, pra te orientar. Ele só te fala “vá até tal lugar e pegue o cartão de acesso”, agora como você vai chegar lá é por tua conta).

O póbi do PC, coitado!

É minha gente, nem tudo são flores neste jogo delicinha! Ao contrário da versão de Xbox, que analisamos no REVIL, o jogo é mal otimizado em sua versão de PC (resultado da presença de Denuvo Anti-Tamper, que deixa o desempenho sofrível – Frank), rodando com dificuldade no PC do Frank (que “conseguiu” rodar o jogo no mínimo, mas a qualidade gráfica ainda impressiona) e no PC da Nats (que, mesmo não diminuindo muito da resolução, o jogo “gargala” nos trechos que muita coisa acontece ao mesmo tempo e em até algumas cutscenes, com redução de frames), e isso é um baita ponto negativo.

O jogo também não dispõe de grande variedade de opções gráficas no PC para customização a sua experiência de acordo com a sua máquina, além de não conter suporte à AMD FSR 2.0, ou superior, à NVIDIA DLSS 3 e tampouco ao Intel XeSS. Além disso, há relatos que o jogo roda melhor a depender da versão do Direct X que esteja usando (costumizável dentro do jogo), seja a 11 ou a 12, sendo que, para mim, rodou melhor na versão 12 (Frank).

O game claramente precisa de muita correção para melhorar o seu desempenho no PC, pois, além de quedas meteóricas de fps, gargalando nas cutscenes (teve uma parte que demorou tanto a transição de uma cena pra outra que achei que o jogo ia crashar. E com o Frank o jogo chegou a crashar, sendo que ele teve que reiniciar do último checkpoint), presença de pequenos bugs de renderização e até lag na resposta aos comandos e/ou na hora dos combates com mais inimigos na tela (eu cheguei a morrer por conta desse lag). Esses contratempos me deixaram estressada porque o jogo já te deixa tenso e a demora da resposta dos controles e a lag me deixaram mais frustrada ainda (Nats).

Outra coisa chata é a IA de alguns inimigos e bosses que são hit-kill (exatamente! De quem foi essa ideia de jerico, heim???) e a ausência de um New game + que desestimulam no quesito fator-replay (Frank).

Outra coisa a apontar são as opções de acessibilidade, podendo ser possível alterar a contraste do personagem/itens/inimigos, alterar a cor da legenda e do nome do personagem. Achei bem bacana e ajuda a galera com alguma dificuldade de visão. Porém, há alguns trechos em que ou a legenda está dessincronizada ou ela está ausente. Por fim, como comentei lá em cima, os desenvolvedores avisaram na Steam que vai ter um patch disponível no dia 12/12 e talvez, resolva um pouco o problema do desempenho. (Cenas dos próximos capítulos, né?)

Mesmo sofrendo, vale a pena!!

Apesar dos problemas da versão de PC, The Callisto Protocol entregou o que prometeu: um survival horror, com enredo previsível, escuro, tenso, cheio de inimigos grotescos, muita mutilação, sangue e fluidos espalhados por aí e um combate fácil, apesar de pesado (e, talvez, até “inacabado”? – Frank). Mas quem disse que a vida de protagonista de survival é fácil, né? O Isaac Clarke caminhou para o Jacob Lee correr e foi essa a sensação que o Callisto passou pra gente, um Dead Space mas sem ser Dead Space. Ele vale muito a pena ser jogado, mas os problemas de otimização precisam ser resolvidos, pois o jogo é muito pesado e difícil de rodar em algumas partes.

The Callisto Protocol está disponível desde o dia 2 de dezembro para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC (MAS ATENÇÃO: as versões de PS4 e One NÃO CONVERSAM com a de PS5 e Series. Ou seja, não há atualização entre gerações como ocorreu com RE2, RE3, RE7 e Village).

Os autores desta análise fizeram a aquisição direta de The Callisto Protocol na Steam. O texto foi produzido antes das atualizações mencionadas. Os autores chegaram a utilizar o jogo também após as atualizações, mas não encontraram nenhuma mudança significativa.
Pontos positivos:
Dead Space feelings;
Iluminação, ambientação e combate;
Visual dos inimigos;
Vida real de survival horror (recursos limitados);
Recursos de acessibilidade.
Pontos negativos:
Má otimização da versão de PC;
Queda brusca de fps nas cutscenes e nos combates;
Demora de resposta dos controles;
Presença de bugs que podem crashar o jogo.
6.5