Após pouco mais de três meses do lançamento do remake mais aguardado do mercado, a frase “como esse jogo é realista” parece ser a definição perfeita para Resident Evil 2. Mas afinal, o título é tão real como se apresenta mesmo? Com isso em mente, o site PC GamesN pesquisou a fundo como a nossa realidade pode entrar em uma obra de ficção e conversou com produtores de filmes de terror, policiais e paramédicos. A ideia foi comparar a conduta que parte desses profissionais vivenciam no dia a dia no Reino Unido com o que vimos em RE2.
Existem várias perguntas em um cenário hipotético de uma epidemia igual a de Raccoon City, do tipo: “qual seria o plano para sobreviver?” e “como lidar com a situação?” ou “estaríamos preparados?”. Responder isso é difícil por que só passando por algum perrengue do tipo poderíamos checar se as nossas habilidades – dos quais julgamos ter – serviriam de algo. Muita gente viraria um zumbi, FATO! Mas há ainda quem poderia ajudar dando aquela forcinha tratando algum machucado…
No início de Resident Evil 2, por exemplo, temos duas pessoas que foram pegas totalmente desprevenidas nesse surto em Raccoon: Leon S. Kennedy, um policial novato, e Claire Redfield, que é uma simples civil a procura de seu irmão mais velho na cidade. Os dois meio que caem diretamente em um filme de terror e tem que improvisar soluções para sair desse pesadelo. Eventualmente, os dois personagens – e mais a garota Sherry Birkin – conseguem sair da cidade, mas tem muita gente que não teve a mesma sorte.O que mais chama a atenção no jogo para muitos profissionais de filmes com essa temática são como os policiais são representados – vivos ou como zumbis. É daí que parte a pergunta: como esses profissionais lidariam com uma situação dessas? A resposta a essa pergunta foi dada por um policial e um paramédico.
Para Jon Brown, um policial consultado pelo site PC GamesN, a Delegacia de Polícia de Raccoon é o cenário que mais surpreende. O local é destaque em Resident Evil 2 com seus lugares pequenos, escuros e com enigmas. Mas apesar de realista, Brown julga que nem tudo é como é apresentado e que pelo menos no jogo, não há nada tão estereotipado como em séries de TV e filmes. “Suponho que seja mais parecido como um grande escritório comum”, diz o profissional ao falar sobre o aspecto de uma delegacia em algumas cidades. Só que isso não anula a visão que temos em RE2. “Muitas delegacias de polícia em zonas rurais são desse jeito. Elas são adaptadas de casas grandes já abandonadas para se tornarem estações e no começo pode até ser confuso, com vários corredores sinuosos que te levam a se perder dentro do próprio prédio”, explica.
Então, nesse cenário de Resident Evil 2, não seria estranho achar enigmas por todos os lados? Quadros antigos pendurados nas paredes de uma delegacia recém restruturada, objetos antigos escondidos em salas inutilizadas? Para o policial Brown, isso não é tão impossível. “As delegacias rurais provavelmente têm armaduras antigas ou algo escondido em algum lugar, mas eu nunca encontrei nenhuma passagem secreta.”
Já a parte dos enigmas, isso também não é nada impossível. “Onde eu mesmo trabalho chega a parecer um labirinto. Meu cartão de acesso, por exemplo, só funciona em algumas portas específicas. Ou seja, para acessar outras áreas, preciso de um outro nível de cartão de acesso (vermelho ou amarelo). Se eu não me familiarizar com o prédio, posso ficar perdido e ver isso como um quebra-cabeça”, relata o policial Brown.Uma cena de exemplo da situação catastrófica foi dada para que o policial Brown opinasse:
Quando você chega a delegacia, um helicóptero acaba caindo devido a tentativa de resgatar um oficial no telhado que estava em perigo. Esse tipo de operação [com uso do helicóptero] seria algo feito normalmente em um cenário desses?
A resposta de Brown é que não, já que esse tipo de veículo policial não é equipado com guinchos. “A única maneira de pegar alguém seria aterrissando. Mas se quiser algo ao estilo ‘James Bond’, seria preciso uma aeronave equipada com guincho, se não nada feito, e claro se o tempo permitisse tal manobra. Porém, como foi executada no jogo, seria uma ideia realmente estupida, devido a situação”, pontua.
Sobre Leon receber aquele equipamento todo antes de entrar na delegacia, sendo seu primeiro dia de trabalho, não é nada estranho também. “Meu primeiro dia também foi assim. Recebi todo meu kit antes mesmo de me encaminhar a delegacia”, diz o policial Brown.Agora, partimos para a visão de um paramédico que atua com helicópteros, Tom Maxwell, que foi treinado pelo exército britânico. O paramédico é levado a pensar sobre uma cena especifica do game: a chegada do Tyrant T-103, o famoso Mr. X, em sua cápsula que é solta por um helicóptero – rola isso no clássico RE2. “Antes de todo o procedimento de decolagem, a aeronave é calculada para levar sua carga inicial com o fator de distribuição devido seu centro de gravidade. Se um peso daqueles se soltasse, como foi na cena, isso desestabilizaria o helicóptero [provavelmente fazendo com que ele tenha o mesmo destino que a aeronave do primeiro acidente no telhado]. Precisaria de uma aeronave muito maior [para fazer a entrega da cápsula] e até mesmo elas seria preciso deixar a carga suspensa no chão até fazer a soltura por completo.”Sobre a chegada de Leon em Raccoon, o policial Brown acha estranho a conduta assim que encontrou o corpo do policial já infectado. “É seu primeiro dia de trabalho! Ele não sabe o que está acontecendo. Pode ser um surto ou qualquer outro episódio médico de causa desconhecida, tendo muita coragem para levantar sua arma e atirar, ainda mais com uma multidão vindo em sua direção”. Mas o que ambos tem em comum é não correr riscos desnecessários: “Eu não tentaria lutar com esses zumbis, mas como policial, também não posso fugir de um lugar que esteja em perigo”.Quanto ao equipamento, o policial Brown garante que “nossos coletes e bastões seriam o suficiente para mantê-los longe por um bom tempo e, dependendo do número de policiais disponíveis no momento e tendo um número menor de zumbis na estação, conseguiríamos conter a epidemia dentro do prédio. Mas acho que meu spray não iria fazer milagres”.
Aplicando os vários treinamentos em tumultos e desordens que existem no Reino Unido, Brown teoriza em cima disso: “sem dúvida a equipe anti-motim conseguiria conter a horda de zumbis, nos preocupando somente em não sermos mordidos, no caso. Seus equipamentos, como os escudos pesados, são úteis em multidões descontroladas, mas o que preocuparia com certeza seria o estoque de munição, não sendo o suficiente se a epidemia fosse de alta gravidade”.
Mesmo sendo um policial e disposto a usar sua farda, Leon S. Kennedy passa por cima de muitas leis para sobreviver ao caos em Raccoon, o que dá muito certo, diferente de seus colegas policiais que acabam mortos ou infectados. A questão aqui é “seria realmente viável esquecer de tudo o que aprendeu na academia e partir para um plano B?”, “os serviços de proteção e socorro sucumbiriam desse jeito ou permaneceriam seguindo as leis para evitar mais tumulto?”.
Nessa situação, o policial Brown não fica muito contente:
“Atualmente, já não temos o número suficiente de profissionais para atender a demanda do cotidiano. Numa situação de epidemia rapidamente alastrada, com certeza perderíamos o foco nas leis base e tentaríamos fazer o máximo possível para ajudar.”
Já Tom Maxwell acha que Resident Evil 2, mesmo sendo somente um jogo, não dá o crédito suficiente para os serviços ali prestados de emergência. “Não querendo ser chato, mas conseguiríamos erradicar esse vírus rapidamente. Lidamos com um vírus pior do que esses zumbis por anos, que é a Ebola, que mesmo sendo possível conter a transmissão, ainda dá trabalho até hoje”.
E mesmo com todas essas questões levantadas aqui, Brown afirma que “se pudéssemos identificar a situação rapidamente e já fazer uma contenção com as equipes e equipamentos necessários, provavelmente isso não se tornaria um caos, terminando rapidamente”.
Pois é, pelos olhos dos profissionais, Raccoon City só estava mal preparada para situações mais extremas, fazendo com que as equipes de resgastes e de emergência fossem pegas de surpresa. Com policiais ruins, má sorte, maus equipamentos e até pilotos inexperientes, seria fácil ver a cidade sucumbida em ruínas rapidamente.
A conclusão aqui é que Resident Evil 2 deixa aquela sensação de filme de terror das antigas, que mesmo sendo uma situação óbvia de morte ou desespero, coloca em todos os jogadores a tensão em continuar para a próxima sala ou esquina da delegacia de polícia. Mesmo que usuário saiba o que o espera é esse “medo” que torna tudo mais gostoso de se jogar!
E para você, Resident Evil 2 é tão realista assim? O que acham sobre essa pesquisa? Não vamos desistir desse game não, ok?
Resident Evil 2 pode ser adquirido para PlayStation 4/PS4 PRO, Xbox One/Xbox One X e PC (Steam). No país, somente as versões de consoles estão sendo distribuídas de forma física pela Warner Games Brasil, com direito à fabricação nacional. Usuários do PC podem fazer a compra de RE2 na Steam – adquira o seu código de ativação no Green Man Gaming.