Entrevista com Bia Dellamonica, a Bela Dimitrescu de Resident Evil Village

O REVIL teve a oportunidade de bater um papo com Bia Dellamonica, que interpreta a personagem Bela Dimitrescu em Resident Evil Village. Ela é uma das filhas de Alcina Dimitrescu, a Lady Dimitrescu, e cativou os fãs brasileiros com algumas frases de efeito que caíram muito bem na versão em português – tão bem que há até um recado de Bia em forma de Bela para a comunidade.

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Leia a entrevista em forma de texto:

E aí survivors, hoje estamos aqui com um conteúdo muito especial de Resident Evil Village, que é uma entrevista com a atriz Bia Dellamonica, a responsável por interpretar uma das filhas de Lady Dimitrescu, a Bela Dimitrescu.

Houveram algumas modificações no texto escrito em relação à entrevista em vídeo para um melhor conforto na leitura, mas nenhum sentido ou conteúdo foi alterado, ainda está tudo como o original.

REVIL: Como foi sua reação ao descobrir que tinha feito um teste e que havia passado para interpretar um personagem de Resident Evil? Você é fã da franquia?

BIA: Cara, a Maximal, que é o estúdio de localização que eu já trabalho já faz alguns anos, a equipe é maravilhosa, quando eu cheguei lá eles já estavam empolgados, já é uma atmosfera, e eles falaram “Bia você passou no teste para fazer uma personagem de Resident Evil e tudo mais”, então eu já fiquei super emocionada. Por mais que eu não jogue, eu não tenho videogame, eu nunca, sabe, consegui jogar muitas coisas, eu lembro que jogava na minha infância na casa das minhas amigas que tinham, mas eu mesma nunca tive, então por conta disso eu não posso falar que sou fã. Mas, ao mesmo tempo é um jogo que eu já conhecia, por conta dos meus amigos sempre jogarem e sempre comentarem. É um trabalho grande pra gente que dubla, dá um “plus”, pegar algo nesse nível, então sim! Eu fiquei muito, muito contente.

R: Como foi o seu preparo para dar voz a Bela Dimitrescu? Foi um desafio pra você? Chegou a se inspirar muito na voz original?

B: Sim, a gente sempre se inspira muito na voz original, acho que é o mais parecido que a gente possa chegar ao original, mais fiel, é o que sempre buscamos, pelo menos falando de mim. Claro que sempre tentamos dar o nosso toque, eu tento colocar um pouco da minha energia ali naquela personagem, um pouco da minha identidade, mas é sim um desafio, até porque pra mim, eu não costumo pegar personagens muito pesados, por conta da minha voz ser um pouco leve. Então eu gosto de sair dessa zona de conforto, gosto de dar um peso, uma energia a mais, uma carga emocional mais pesada a minha voz, isso é legal pro meu trabalho como atriz e eu acho muito louco. Quanto ao preparo, na verdade, não tem muito preparo, porque você chega lá e não sabe né, só fica sabendo mesmo na hora que chega no estúdio que vai gravar aquilo, então quando eu cheguei, falaram que eu ia gravar uma personagem de Resident Evil e tudo mais. O diretor te dá todo um contexto da personagem, onde ela se inseri ali dentro no jogo, mas não é uma coisa que eu me prepare muito, eu vou ouvir o original e vou seguir aquilo ali.

R: Como é o processo de encarnar um personagem, de colocar todo aquele sentimento na voz, para que os jogadores se sintam dentro daquela realidade? E você costuma gostar mais de personagens assim espalhafatosos, que se expressam muito ou de personagens um pouco mais pacatos?

B: Eu amo tudo que é fora da caixa, coisa que não é meio padrão, eu amo e dou o máximo de mim, acho que eu quero dar meu 100%, mesmo que isso possa prejudicar um pouco minhas pregas vocais, porque eu quero chegar ao máximo naquele impacto, eu quero trazer essa coisa, isso também é um tesão aqui dentro de mim de tipo, querer explodir tudo. Quero dar jus a essa personagem, então nesse sentido eu gosto mais de personagens que são mais doidos, o terror também por eu ser uma dubladora nova, eu tenho pouco mais de 5 anos de carreira, então eu não costumo fazer muitas coisas de terror, coisas muito assustadoras e tudo mais. Então eu acho que gostei demais de fazer, eu gosto demais de sair da zona de conforto sempre e fazer personagens que me levem a esse estado de êxtase, de ter que dar o meu melhor, eu vou dar o meu melhor grito, o meu melhor suspiro, minha melhor risada, eu vou ali na força do ódio e na força do amor ao mesmo tempo, porque a gente tem que amar o que faz, acho que é mais ou menos isso.

R: Como foi o processo de dublagem do jogo? Disponibilizaram todos os materiais prontos para vocês? Tiveram que gravar via Home Studio por causa da pandemia ou conseguiram fazer as gravações presenciais?

B: Bom, o processo de dublagem foi muito divertido, a começar daí. Você chega lá e já está naquela atmosfera muito gostosa. O diretor, o André, ele já estava todo empolgado e ele me mostrou a foto da Bela, porque geralmente quando a gente dubla games, não sabemos o rosto do personagem que vamos fazer, só temos a referência do áudio. Eu não lembro se teve algumas cenas do jogo, acho que foram só áudios a maioria, mas eu consegui ver essa fotinha da Bela. E foi muito divertido, muito prazeroso, porque também tem aquela troca de equipe, tanto o dublador, quanto o diretor, o técnico, tá todo mundo evolvido na construção, no processo, então você faz um negócio e todo mundo vibra junto, se ficou muito bom, eles vão falar que ficou muito bom, que é isso aí, ou se teve alguma coisinha que precisava ajustar na intenção, na entonação do personagem, eles vão dizer “Bia você pode fazer tal coisa, de tal jeito” e você vai lá e dá o seu melhor e “é isso, muito bom”. Isso me dá muito gás no meu trabalho, eu acho que é isso, o processo é muito divertido, acima de tudo é desafiador, mas é muito gostoso. Você não sai de lá com a energia lá embaixo, você sai até com a voz meio raspando, mas sai de lá felizão, essa é minha sensação. Foi possível fazer presencialmente, porque tanto a Capcom quanto a Maximal tem um protocolo super rígido de higienização, luz UV, dublador uma vez por dia, ninguém se encontra, marcou no seu horário, você chega no seu horário, vai lá o estúdio tá higienizado, coloca toquinha na cabeça, no microfone, tudo o que é possível fazer pra segurança dos dubladores e de toda a equipe foi feito, então foi possível sim, gravar presencialmente de uma forma confortável.

R: A gente queria saber se houveram algumas alterações no texto original para as falas terem mais sentido em português?

B: Cara, é tão difícil lembrar essas coisas, mas o cliente acompanhou todo o projeto, então se tinha alguma alteração que o diretor gostaria de fazer ou o cliente, ou até mesmo uma sugestão que eu desse pra deixar o texto mais solto, pra ser uma coisa mais informal, essas pequenas alterações a gente entrou num consenso e acho que rolou numa boa. Mas estava tudo muito bem feito e não lembro se precisou mexer muito.

R: Cada vez mais estúdios tem buscado localizar seus títulos para português do Brasil, você considera isso devido a uma pressão de mercado ou ao reconhecimento do trabalho dos dubladores aqui no Brasil? E qual a importância que você vê nessa mudança, tanto para vocês dubladores quanto para o mercado brasileiro de jogos?

B: Olha, eu não sei dizer se é bem uma pressão do mercado, mas eu acredito que os estúdios de localização estão se interessando cada vez mais em dublar as coisas, isso faz mais sentido por conta da experiência de imersão que a pessoa vai ter com aquele produto dublado, então ela consegue se envolver muito mais na atmosfera do jogo, é uma questão também de acessibilidade, sabe? Não sei nem se muito pelos dubladores, mas as pessoas aqui no Brasil, grande parte, prefere as coisas dubladas justamente por conta dela ficar ali presa, na mensagem que tá passando, pra poder ver todas as imagens, ela não ter esse desvio de atenção pra ler a legenda, pra prestar atenção em outro idioma. Então eu acredito muito que é por conta disso, dessa imersão de você estar ali dentro mesmo, tanto que eu não joguei, mas enfim, eu vi que esse Resident é o primeiro dublado, o 7 não tinha sido dublado até então, e você vê uma experiência de imersão muito maior, de jogar um jogo de terror e até de sentir mais medo por conta de você achar que tem alguém ali na sua casa, uma parada bem da atmosfera mesmo, que te traz pra uma realidade maior. Então eu acredito que nesse sentido os estúdios estão tendo mais interesse sim em produzir as coisas dubladas, e graças a deus por isso, vamos fazer as coisas dubladas, porque é bom pra todo mudo.

R: Diz ai pra gente, qual outro protagonista ou até mesmo antagonista da franquia você gostaria de emprestar a sua voz no futuro?

B: Cara, que pergunta difícil. Isso, na verdade eu não vou saber te responder, porque eu não joguei. Aliás, se alguém quiser me dar eu vou ficar muito feliz, porque eu tenho problema pra jogar, aí eu vou aprender a jogar, mas eu não sei dizer, eu não conheço, fico até um pouco chateada porque eu gostaria de estar completamente imersa aqui pra falar pra vocês sobre as coisas, mas nunca joguei, desculpa.

R: Fica algum gostinho especial, um sentimento diferenciado por ter participado do primeiro Resident Evil totalmente dublado em português?

B: Gente eu confesso que eu não sabia até lançar, desculpa, mas eu falei “gente como é possível? Um jogo tão famoso desses só sair dublado agora?!”. Eu fiquei muito feliz, até porque, assim que saiu muitas pessoas vieram falar comigo sobre isso, e falar “Cara, que demais, olha só esse jogo, você participou da primeira dublagem desse jogo”. Isso pra qualquer profissional é um reconhecimento demais e eu fiquei até emocionada.

R: Meu muito obrigado e gostaríamos de pedir para você deixar uma mensagem para os fãs aqui do Revil com a voz da personagem, xingamentos estão liberados.

B: Eu não sei se minha personagem xinga, mas eu preparei aqui uma coisinha para vocês. “Hmmm sinto cheiro de sangue de fã HAHAHAHAHA! Onde vocês pensão que vão? Agora que chegaram até aqui não tem mais como escapar, eu ficarei para sempre nos seus piores pesadelos HAHAHAHAHA!”


Resident Evil Village é o primeiro jogo da franquia a receber dublagem em português. O título está disponível para PC (Steam), PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X / S e Stadia.

O site Green Man Gaming, parceiro do REVIL, tem o jogo com desconto para PCclique aqui e acesse.

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Colaborou com a descrição textual: Dry Portes