Arte: Frank Alcântara

27 anos de um clássico Resident Evil

“Parece que foi ontem…” já tiveram essa sensação? É assim que me sinto quando penso nos 27 anos da franquia que foi uma das responsáveis por me fazer amar tanto os nossos queridos videogames. No ano de 1996, 5 anos após este que vos escreve vir ao mundo, nascia um dos jogos mais influentes da indústria, o nosso querido Resident Evil (leia com a voz do locutor da tela inicial). Jogo este que até hoje aparece em diversas listas de melhores de todos os tempos. Mas, como pode um produto que, em tese, já estaria defasado há anos se destacar tanto em nossa memória?

A ideia aqui é justamente revisitar o game que iniciou a nossa jornada por essa franquia e tentar responder essa pergunta.

Por ser o primeiro game da série é notável que alguns aspectos dele não envelheceram tão bem assim, sendo considerados por muitos algo tosco ou antiquado para os padrões atuais. Sendo o maior exemplo disso as maravilhosas (de tão ruim) cenas em Live Action que introduziram o jogador naquele mundo do horror. Com falas bem ruins e atuações que não ficavam muito atrás. Entretanto, mesmo que sua qualidade não fosse cinematográfica como a que temos hoje em dia, estas mesmas partes “ruins” do jogo ajudaram a estabelecer o tom da franquia, pelo menos na sua trilogia original. Fora que tivemos a cena icônica do encontro com o primeiro zumbi, momento este que até hoje é replicado pela própria Capcom em jogos e até mesmo em outras mídias.

 

Apesar da apresentação inicial ser a cara de um filme B, era a jogabilidade que realmente prendia os jogadores. Resident Evil (1996) não pegava o jogador pela mão e o guiava, mas confiava na nossa capacidade de entender o que estamos fazendo e, ao mesmo tempo, incentivar a busca por soluções. Aqui, não temos tutorial, pelo menos não um que salte na tela toda vez que precisamos realizar uma nova ação. O jogo foi feito para que possamos descobrir as mecânicas aos poucos, seja pela nossa própria curiosidade ou necessidade.

Só agora consigo pensar em dois jogos relativamente atuais que são mega elogiados por terem exatamente esta característica: Zelda: Breath of the Wild e o, todo poderoso do ano passado, Elden Ring. Claro que são jogos extremamente diferentes de qualquer lançamento da franquia Resident Evil, mas que têm em comum exatamente a ideia de acreditar na capacidade do jogador e entregar um mundo, ou mansão, o qual queremos descobrir cada vez mais.

No primogênito da franquia Resident Evil, somos recompensados por explorarmos um novo cômodo em busca de algum item ou chave para o avanço da história, ou até mesmo, examinar melhor alguma ferramenta que possa ter uma característica ou função que passou despercebida em um primeiro olhar. Examinar cada item, por menor que fosse, se tornava uma atividade quase que automática à medida que entendemos que poderíamos encontrar dicas do que fazer a seguir.

Gosto muito de uma passagem que encontramos no livro de botânica, um dos primeiros “files” do game, que fala exatamente sobre essa relação: “Deixarei os detalhes para você, pois esta é a melhor maneira de se adquirir conhecimento.” O jogo te diz que pretende deixar que você experimente e faça testes. Para que assim, você se divirta, ou sofra, solucionando os problemas.

Esses elementos só colaboram para reforçar a característica que mais define a série, o mistério. É a sensação de conquista ao descobrir como cada peça se encaixa no quebra cabeça, que é a mansão. Sem contar que ao concluirmos alguma nova etapa somos presenteados com mais um pouco de história, tendo assim a oportunidade de presenciar frases memoráveis como as do nosso querido Barry Burton.

Sanduíche de Jill? É, quase…

Apesar da sensação de mistério ter diminuído em alguns outros jogos da série, ele sempre esteve presente, por menor que fosse. E parece estar voltando com mais força nesta nova onda de remakes que a Capcom tem apostado.
Falando em remake, em 2002 foi lançado um remake de Resident Evil para Gamecube, anos depois ele também seria lançado para diversas outras plataformas. Não seria errado dizer que tivemos o primeiro e ÚNICO remake, tendo em vista que todos os demais que vieram depois, a própria Capcom enxerga como reimaginações, devido às mudanças de enredo e estrutura.

Resident Evil (2002) manteve tudo que o original tinha e expandiu, tornando-se assim a versão definitiva daquela fatídica noite. Mantinha toda a aura do original, mas com uma apresentação extremamente superior. Tanto que, até hoje, 11 anos após seu lançamento, ele é considerado um jogo muito bonito. O Remake expandiu a história e trouxe uma variação de inimigos para deixar os jogadores mais antigos sempre alerta.

Rebecca e Chris em Resident Evil HD Remaster

Muitos acreditam que este remake pode ser considerado o auge da série como um todo, mantendo elementos principais do original, mas com uma apresentação infinitamente superior. Há 27 anos Resident Evil original nascia, alguns anos depois tivemos seu aperfeiçoamento e, depois disso, tivemos diversas, continuações, mudanças, jogos bons e ruins. Porém, sempre trazendo o DNA da franquia que era a sensação de desvendar um mistério e, claro, todo aquele aspecto de filme B que nunca foi realmente perdido.

Apesar de olhar com muito carinho para a trilogia original e ainda mais para o primogênito da franquia, fico ansioso para descobrir as novas “mutações” que a série ainda vai sofrer nos anos vindouros. Que venham muitos outros games da franquia para construirmos novas memórias e sentir novamente aquela sensação de…”parece que foi ontem”.

Este texto contou com revisão de João Alves

Este conteúdo faz parte do Blog REVIL, com produções alternativas da Equipe REVIL ou colaboradores na seção REVIL Lab.