Para os fãs de Resident Evil mais apegados e apaixonados por datas (assim como eu), 22, 23 e 24 e de julho, são bem marcantes. Claro, outras datas também são, mas essa é especial por marcar o início dos eventos que culminaram com a extinção da famosa Raccoon City, a cidade centro dos primeiros jogos da franquia. O dia 22 de julho de 1998 é o marco da sentença do Tenente Billy Coen. O ex-militar é enviado à base Regarthon para sua execução, mas, durante o trajeto, como todos nós sabemos, seu mundo muda completamente.
Enquanto uma onda de assassinatos acontece nas montanhas Arklay, que fica aos arredores de Raccoon City, uma equipe BRAVO de membros dos S.T.A.R.S. é enviada para investigar o local. A primeira missão da novata oficial e médica Rebecca Chambers tornou-se um de seus maiores pesadelos. Durante a noite do dia 23 e a madrugada do dia 24 de julho de 1998, Rebecca e Billy, após um encontro totalmente inusitado, traçam uma jornada de superação e sobrevivência enquanto descobrem alguns segredos da corporação Umbrella em seu caminho. Esse é o arco central de Resident Evil Zero. O jogo foi lançado originalmente para Nintendo GameCube em 12 de novembro de 2002, mesmo ano de lançamento de Resident Evil 1 Remake, cujos eventos acontecem de forma sequencial. Mas a história do RE Zero não se manteve apenas a ele, já que foi adaptado e recontado de algumas formas. Antes de contar sobre suas suas reimaginações, contemos um pouco da sua origem.
Antes de ser lançado, o jogo foi planejado para o Nintendo 64, mas, infelizmente, a Capcom cancelou o projeto e preferiu lançar um porte de Resident Evil 2 para esse console. Mesmo com o próprio game praticamente pronto, jogável e divulgadas algumas imagens oficiais, a existência de Resident Evil Zero para Nintendo 64 foi curta. Apesar das óbvias diferenças gráficas, o game parecia bem similar à versão que chegou às lojas em novembro de 2002.
A transferência de Resident Evil Zero para o GameCube também representou um aumento na importância do game. Hoje, o jogo está disponível para GameCube, Nintendo Wii, PC (Steam), PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One, Nintendo Switch e, ainda, roda via retrocompatibilidade no PlayStation 5 e Xbox Series.
Indo além de ser o prelúdio da série, a história de Resident Evil Zero é recontada em algumas outras midias e em outro spin off da série. Em Resident Evil: The Umbrella Chronicles, nós voltamos ao Ecliptic Express, para reviver o pesadelo de Rebecca e Billy na noite do dia 23 de julho de 1998. Umbrella Chronicles é um jogo rail shooter no qual o jogador tem controle somente sobre uma mira que é utilizada para dar cabo dos monstros que infestam os cenários. O jogo é dividido em capítulos, cada um contando histórias específicas e envolvendo alguns personagens. Enquanto alguns capítulos recontam os ocorridos durante os games anteriores, outros são completamente inéditos e mostram aspectos nunca antes revelados.
Saindo do universo dos jogos, Resident Evil Zero também recebeu uma nova perspectiva por Stephane. D. Perry na novelização da saga, intitulado Hora Zero. Este é o livro de S.D. Perry, que traz a maior fidelidade à história do game que o originou, a narrativa central é completamente idêntica ao do jogo, desde falas a detalhes da ambientação. Mas, claro, que ele enriquece completamente toda a história. Rebecca é o centro da maioria das demais novelizações de S.D. Perry baseados na franquia, na qual a personagem cresce em carisma e recebe a devida atenção, inclusive na história sucessora.
Apesar de serem retratados de formas distintas em cada uma das suas mídias, Resident Evil Zero mantém o mesmo foco e, em todas elas, Rebecca Chambers é enviada à floresta perto de Raccoon juntamente com seus companheiros da equipe BRAVO dos S.T.A.R.S. para investigar os assassinatos bizarros que aconteciam no local. Billy Coen, um fugitivo condenado à morte, junta-se à novata enquanto tenta sobreviver aos pesadelos daquela noite. Seja nos games ou nos livros, Resident Evil Zero acrescenta muito ao universo da franquia, trazendo mais segredos obscuros sobre personagens já conhecidos dos clássicos enquanto apresenta novos e interessantes.
Menção honrosa – ou não
Apesar de nem Billy e Rebecca estarem presentes no filme Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City, em determinado momento do longa a Equipe vai até a famosa mansão Spencer nos arredores da cidade. Em RE Zero, quando o helicóptero da equipe BRAVO sofre uma pane, obrigando-os a fazer um pouso forçado, o time de Rebecca, durante suas investigações, encontra o comboio que transportava Billy capotado no meio da estrada. Em REWTRC, a Equipe ALPHA dos STARS se depara com um carro capotado da equipe BRAVO. De uma forma errônea, essa seria uma referência ao 5º jogo da franquia: Resident Evil Zero.
Resident Evil 1
“There are only three S.T.A.R.S members left now: Captain Wesker, Barry, and myself. We don’t know where Chris is…”
Assim começa uma das noites mais marcantes dos sobreviventes ilustres de Raccoon City. O início da franquia, o início do pesadelo.
Continuando a contar sobre os incidentes que levaram ao fim da cidade de Raccoon, querida pelos fãs da franquia Resident Evil, hoje apresentamos a origem de tudo.
Resident Evil é uma franquia com 26 anos de existência, que conta com 8 jogos numerados, dezenas de spin-offs (uns canônicos, outros nem tanto), além das aparições em outros jogos dentro e fora da Capcom. E tudo teve início em 1996 (bem, um pouco antes), mas o famigerado Resident Evil 1 deu as caras em 22 de março de 1996 para o Playstation 1, sendo o seu ponta pé inicial e o começo de uma franquia que, anos mais tarde, contribuiria para o sucesso do gênero Survival Horror.
Além disso, Resident Evil 1 recebeu o primeiro remake da franquia, no dia em que a franquia completou seu 6º ano de vida de casa nova: o recém-lançado e ambicioso Nintendo GameCube. Juntamente com Resident Evil Zero, o novo console da Big N elevou seu desempenho visual e gráfico ao máximo, tornando Resident Evil 1 (que, na época de seu lançamento fora apresentado como REmake) o responsável pela alcunha de Melhor Remake (na verdade, o único). Além disso, em 2005 (três anos depois), a franquia Resident Evil deu vida ao seu 4º título numerado, responsável pelo início de um novo arco na franquia, além de contribuir para a revolução do mundo dos jogos, que, na época, estava em transição de geração.
Voltando a 1996, o mundo conhecia a história de um grupo de policiais de uma pacata cidade do meio-oeste dos Estados Unidos: Raccoon City. Esse grupo de elite, o S.T.A.R.S, foi investigar o desaparecimento de seu time BRAVO no meio das montanhas Arklay. O local era palco de desaparecimentos e assassinatos canibais inexplicáveis até a data dos eventos na noite de 23 de julho de 1998. Chris Redfield, Jill Valentine, Barry Burton, Joseph Frost, Brad Vickers e Albert Wesker têm o seu mundo completamente revirado. Em meio a sua investigação, se deparam com o helicóptero da equipe BRAVO abandonado na floresta, quando, de maneira inesperada, o grupo se vê cercado de animais carnívoros que aparentam ser cachorros. A única maneira de sobreviver seria, durante sua fuga desesperada, entrar em uma mansão aparentemente abandonada (que depois descobriram se tratar da Mansão Spencer). Mal eles sabiam que o verdadeiro pesadelo estava dentro daquelas paredes.
O game também tem versões para Sega Saturn, computadores e Nintendo DS, além de uma nova edição para o PSOne, chamada de “Resident Evil Director’s Cut”, que traz muitas diferenças em relação à versão original, entre elas novas roupas e dois novos níveis de dificuldade: um mais fácil (training) e um mais difícil (advanced). Além disso, 12 anos depois do lançamento do REmake, a versão de GameCube recebeu um porte HD remaster para Playstation 3, Xbox 360 e PC, trazendo ainda mais beleza e conteúdo extra para o jogo.
Ainda no universo dos jogos, Resident Evil recebeu outra versão nos consoles da Nintendo: o Deadly Silence, lançado no início de 2006, o game incorporou ao já clássico Resident Evil de PSOne os recursos exclusivos do DS, como a utilização das duas telas e a canetinha Stylus. Além disso, o novo modo de jogo, chamado “Rebirth”, traz novos enigmas, animações e um modo totalmente novo, o “Master of Knifing”, no qual a faca é controlada através da tela sensível do console com visão em primeira pessoa. Além disso, adicionou um modo multiplayer em duas modalidades (Versus) baseado numa pontuação e o modo cooperativo.
Assim como em Resident Evil Zero, que possui sua história recontada em The Umbrella Chronicles, o primeiro jogo da saga também possui sua aparição nos capítulos deste Chronicles. Denominado de MANSION INCIDENT, o capítulo retorna nossos heróis Jill e Chris ao pesadelo da Mansão Spencer. Esse spin-off é um jogo rail shooter no qual o jogador tem controle somente sobre uma mira que é utilizada para dar cabo dos monstros que infestam os cenários.
Saindo do universo dos jogos, Resident Evil possui a famosa Novelização de Stephane D. Perry. Sem sombra de dúvidas, uma leitura essencial para qualquer fã da franquia! Lançado no Brasil em 2013 pela editora Benvirá, usando como pano de fundo a história do primeiro jogo da série, S.D. Perry reconta os acontecimentos registrados nas montanhas Arklay, adicionando informações e histórias aos personagens mais queridos da série.
Ainda partindo para os Live-Actions, a primeira adaptação para o cinema é, talvez, apenas uma citação honrosa (ou talvez nem tanto) Resident Evil: O Hóspede Maldito. Lançado em maio de 2002, aqui temos Alice, uma personagem completamente nova dentro de uma mansão nas montanhas Arklay. Bem, a mansão não possui exatamente um nome no longa, mas sabemos que ela é propriedade da Umbrella, a tal famosa empresa farmacêutica. Mas as comparações começam e terminam nessa parte, pois a diferença entre essa mansão e os laboratórios são gigantescas entre filme e jogos.
Recheado de referências e easter eggs, Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City tinha tudo para ser o que os fãs queriam para uma adaptação para as telonas, se não fosse corrido demais. Nesse Live-Action, temos Robbie Amell como Chris Redfield, Hannah John-Kamen como Jill Valentine e Tom Hopper como Albert Wesker. Completamente inspirados nos personagens dos games, com direito a uma RPD inspiradas nos games de 2019 e 2020, Montanhas Arklay, Mansão Spencer com um saguão quase idêntico ao REmake, Bem-vindo a Raccoon city nos entrega cenas icônicas tiradas de dentro do universo do jogo, mas são bem poucas, infelizmente.
O dia 24 de julho de 1998 mudou completamente o mundo dos personagens que admiramos e criamos vínculos nessa franquia. Seja nos jogos, livros ou cinema, Resident Evil é um marco para diversas pessoas. Mesmo com algumas falhas nas suas adaptações, Resident Evil sempre tenta trazer o que a franquia tem de melhor: bioterrorismo e conspirações Zumbis.
Colaborou com a revisão do texto: Natália Sampaio