O diretor que participou do desenvolvimento da versão clássica de Resident Evil 2, lançada em 21 de janeiro de 1998, deu detalhes inéditos sobre a produção do jogo. Depois de ser interpelado por centenas de fãs em seu perfil no Twitter, Hideki Kamiya agradeceu pelo carinho e soltou informações não só sobre o seu trabalho, mas também fez comentários em torno de Resident Evil 2 Remake.
Sobre Resident Evil 2 original, Kamiya fala sobre sua experiência como um novato diretor da Capcom. O título foi o primeiro que o profissional realmente atuou na direção em toda a sua história. “Eu era jovem e imaturo, mas eu trabalhei furiosamente”, disse em um dos tweets.
Ainda no dia em que RE2 completou 20 anos, Kamiya se mostrou surpreso com o carinho de tantos fãs sobre o assunto e afirmou confiar no time de desenvolvimento de Resident Evil 2 Remake, já que há um amigo na direção da nova proposta. “Fui beber com ele no ano passado e disse ‘Faça como você quiser’. É isso que os diretores devem fazer. Eu confio nele e na sua equipe.”
I went drinking with him last year & told him "Do as you like". That's the way directors should do. I trust him & his team 😉 RT @GameEvilKnight: Do you think they will do your game justice ?
— 神谷英樹 Hideki Kamiya (@PG_kamiya) January 21, 2018
Hideki Kamiya ainda brinca em outro tweet que está, de fato, interessado em ver o trabalho final de Resident Evil 2 Remake, mas admite não gostar mais do estilo “como eu jogo, então?”.
Mesmo depois do aniversário da versão clássica de Resident Evil 2, Kamiya, que tem um temperamento forte, continuou a receber mensagens dos fãs e foi questionado sobre os recentes rumores do Remake – o qual ele não tem qualquer envolvimento. “FALE PARA CAPCOM. FODA-SE”, soltou o profissional a um seguidor que pediu para que ele não estragasse o jogo com o estilo de câmera sobre o ombro. Depois dessa, também prometeu bloquear quem o interpelasse sobre o assunto.
TELL CAPCOM. FUCK OFF. RT @foxylover66: Please make fixed camera angels dont fuck resident evil 2 up with over the shoulder we want a remake not a revelations 3…
— 神谷英樹 Hideki Kamiya (@PG_kamiya) January 24, 2018
Agora vamos à parte que interessa, sobre o desenvolvimento do título original, Hideki Kamiya afirma que tinha apenas 25 anos de idade quando se envolveu e que estava preocupado pela falta de experiência para o trabalho. O diretor diz ter tomado muitas decisões erradas, o que o forçou a iniciar do zero. E esses erros estão expostos no beta Resident Evil 1.5.
Por sorte, outras duas pessoas experientes da Capcom, entre eles Shinji Mikami (o pai espiritual de Resident Evil) e o escritor Noboru Sugimura, o ajudaram a melhorar o projeto antes do lançamento. Na época, Kamiya comenta que Sugimura tinha idade o bastante para ser seu pai e que quando ele avaliou RE 1,5 nos primeiros estágios de desenvolvimento, já fez a sugestão para que tudo começasse novamente, dando todo o apoio para a equipe.
Depois disso, foram muitas reuniões, com um gritando com o outro até que o script fosse finalizado. Kamiya admite que não tinha experiência em roteiros, mas que com o apoio de Sugimura conseguiu seguir em frente e que isso foi fundamental também em outras franquias, como Devil May Cry, Viewtiful Joe e Ōkami – para quem não sabe, o diretor de Resident Evil 2 tem envolvimento na criação de todas.
RE 2 se tornou um marco para Capcom por ser a primeira aposta da companhia em trabalhar com gravação de vozes fora do Japão. Hideki Kamiya contou que teve que supervisionar todas as gravações no Canadá por conta de um mau-estar de um dos envolvidos na direção interpretativa dos personagens e que fez tudo isso com gestos e inglês ruim. Durante a captura, Kamiya diz ter adicionado uma fala para Claire Redfield, “Chris, eu tenho que te encontrar“, sem a aprovação de Sugimura. “Ele já estava escrevendo o roteiro da história de Code Veronica e gritou comigo por que teve que mudar o script só por conta disso.”
Resident Evil 2 também marcaria uma das primeiras vezes que a Capcom trabalhou com produção terceirizada de computação gráfica, com direito a captura de movimentos, o que ainda não era uma tecnologia amplamente utilizada na época. Kamiya confessa que por conta da jovialidade, não teve medo de apostar no sistema de trocas entre personagens, o que forçou os desenvolvedores a colocar o jogo em dois discos bem na fase final de desenvolvimento.
Para escapar do estresse da produção, o diretor admite que bebia todas as noites, chegava com ressaca no trabalho e dormia em uma sala de reuniões vazia durante o almoço. “Todas essas memórias são tesouros insubstituíveis para mim. Não há maior honra do que ver o quanto vocês ainda amam RE2 até hoje. Eu continuarei trabalhando duro para que eu possa lhe trazer muitos outros jogos do mesmo calibre!”
All of these memories are irreplaceable treasures to me. There is no greater honor for me than seeing how much all of you still love RE2 to this day. I'll keep working hard so I can bring you many more games of the same caliber! (16/16)
— 神谷英樹 Hideki Kamiya (@PG_kamiya) January 24, 2018
É, Hideki Kamiya, os fãs estão sempre lembrando do seu trabalho. O diretor não é funcionário da Capcom há anos. Em 2006, o profissional fundou a própria empresa, PlatinumGames, com outros colegas. Entre os seus trabalhos atuais está Bayonetta.
E aí, o que vocês teriam a dizer para o diretor da versão clássica de Resident Evil 2?