Indiscutivelmente o gênero do survival horror, também chamado de horror de sobrevivência, é muito importante na História dos Jogos Eletrônicos, sendo influenciado pela literatura de terror, como as obras de H. P. Lovecraft, que incluem narrativas investigativas e viagens por ambientes sombrios, filmes de terror slasher e pelo horror japonês, incluindo o teatro Noh, obras de Edogawa Rampo e o cinema japonês.
Desde os primórdios da indústria de videogames, que teve seu início efetivo na década de 1970, uma série de jogos contribuíram para moldar o gênero do survival horror. Entre estes marcos históricos estão títulos como “AX-2: Uchū Yusōsen Nostromo” (1981), “Haunted House” (1982), “3D Monster Maze” (1982) e Sweet Home (1989), que pavimentaram o caminho para a evolução do gênero.
No entanto, foi com o lançamento do aclamado Alone in the Dark em 1992 que o survival horror deu um salto significativo, sendo considerado um dos primeiros jogos a verdadeiramente incorporar os elementos característicos deste estilo. Lembrando que no REVILCast #29 debatemos sobre o desenvolvimento, e outras questões pertinentes, a respeito deste gênero tão importante nesta indústria incrível e para a saga Resident Evil.
Desde o lançamento de Resident Evil 7 em 2017, o gênero do survival horror experimentou um ressurgimento notável nas mãos das grandes empresas, sendo este renascimento solidificado com a reimaginação de Resident Evil 2 em 2019.
Estes dois títulos marcantes não apenas reacenderam o interesse pelo gênero, mas também influenciaram outras empresas, levando ao anúncio da recriação do icônico Alone in the Dark em Agosto de 2022.
A grande questão que se coloca agora é: será que este novo título conseguiu replicar o mesmo impacto impressionante que o original causou no início da década de 1990? Para responder isso, vamos analisar este jogo por partes, começando pelo enredo. Lembrando que a versão analisada aqui é a de PC.
O QUE TEM DE ERRADO COM O SEU TIO?
O jogo inicia com Edward Carnby e Emily Hartwood viajando de carro em direção à Mansão Derceto, um asilo para pessoas com doenças mentais, com o propósito de investigar o desaparecimento de Jeremy Hartwood, tio de Emily.
Enquanto seguem viagem, Emily relata a Carnby, um detetive particular contratado por ela, que seu tio está enfrentando uma melancolia degenerativa, uma condição que parece afligir sua família há décadas, com praticamente todos os membros da Família Hartwood sofrendo de algum tipo de transtorno mental antes da velhice.
Apesar disto, Jeremy não cometeu suicídio e depositou suas últimas esperanças no Dr. Gray e sua abordagem psicanalítica, buscando uma cura para sua mente atormentada. O mais intrigante é a carta sinistra que Emily recebeu de Jeremy, na qual ele faz acusações perturbadoras contra a equipe da Mansão e outros pacientes, afirmando que todos estão envolvidos em algum culto e os acusa de estarem o perseguindo.
Carnby fica perplexo diante de tantas revelações, mas Emily insiste que tudo não passa de insanidade de seu tio. Eventualmente, eles chegam à Mansão Derceto, encontrando o local aparentemente abandonado. É neste ponto que o jogo verdadeiramente começa, oferecendo ao jogador a oportunidade de escolher qual personagem deseja controlar: Emily Hartwood ou Edward Carnby.
O roteirista do game é Mikael Hedberg, autor dos enredos de “Amnesia: The Dark Descent” (2010) e “SOMA” (2015), sendo assim, é seguro afirmar que o enredo é um dos pontos fortes desta recriação, mostrando uma notável melhoria em comparação com o jogo original lançado em 1992.
Aliás, mesmo sendo um jogo antigo, é importante destacar que o original já possuía uma estória envolvente, considerando os padrões da época. No entanto, inegavelmente, este remake conseguiu elevar ainda mais o nível, oferecendo uma narrativa ainda mais rica e cativante.
Embora tenha mantido aspectos essenciais da trama original, esta nova versão também apresenta referências a outros games da saga, além de introduzir mudanças para agregar profundidade ao enredo.
A estória é intrigante, bizarra, repleta de personagens interessantes e desenvolvidos, enriquecida por documentos narrados (algo que já existia no original) e diálogos que esclarecem mistérios e nuances da trama e, por fim, existem finais diferentes.
A combinação deste enredo bem construído com uma dublagem espetacular resulta em uma narrativa cativante, especialmente com a presença de atores fenomenais como Jodie Comer (Emily Hartwood) – conhecida por interpretar Villanelle em Killing Eve -, David Harbour (Edward Carnby) – famoso por interpretar Jim Hopper em Stranger Things -, Bruce Nozick (Dr. Gray), Kelly Ohanian (Ruth Tallant) e o nosso querido Paul Mercier (Jeremy Hartwood) que dublou Leon Scott Kennedy em Resident Evil 4 de 2005.
Embora o enredo se destaque como um ponto muito positivo, há ponderações importantes a serem feitas. Como mencionado anteriormente, a possibilidade de escolher entre jogar com Carnby ou Emily sugere a existência de duas campanhas distintas, porém, infelizmente, isto não acontece propriamente.
Similar ao que ocorre em Resident Evil (2002) e na reimaginação de Resident Evil 2 (2019), as campanhas de Carnby e Emily não estão interligadas. Ambos seguem o mesmo caminho, visitando os mesmos locais, resolvendo os mesmos enigmas e enfrentando os mesmos perigos. Obviamente, há distinções nas cinemáticas e nos diálogos, os quais enriquecem aspectos específicos da trama, e cada personagem tem um trecho único em sua jornada. Entretanto, é importante ressaltar que as campanhas não se entrelaçam, sugerindo que uma anula a outra.
Diante destas considerações e ao examinar os eventos e explicações apresentados nas duas campanhas, deduz-se que o caminho considerado como canônico é o de Emily Hartwood. Isto se justifica ao analisar a progressão das duas estórias, que tendem a favorecer a narrativa de Emily como o curso principal dos acontecimentos.
Michael Paeck, produtor executivo da THQ Nordic, empresa que atualmente detém os direitos da propriedade intelectual da saga, mencionou que a inspiração para recriar Alone in the Dark adveio dos remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 3. Ocorre que, infelizmente, os erros presentes nas campanhas de Leon e Claire em RE2 2019, também foram adotados em “Alone in the Dark”.
Em vez de aproveitarem a oportunidade para elaborar duas campanhas distintas e coerentes, como por exemplo, uma centrada em Emily procurando por seu tio desaparecido, enquanto Carnby investiga o suposto culto na Mansão Derceto, os desenvolvedores optaram por criar duas campanhas que carecem de sentido narrativo. Uma verdadeira lástima, pois esta falta de coesão narrativa já era uma questão presente no Alone in the Dark original.
Por fim, é importante destacar outra questão que permeia: a identidade da saga “Alone in the Dark”.
A saga teve um início que, de certa forma, pode ser considerado genérico em termos de personalidade, e não pela revolução que causou na indústria na época. Ora, a narrativa segue o padrão de um detetive particular, envolvendo uma investigação sobre a morte misteriosa de uma pessoa, permeada por elementos sobrenaturais e de terror, resultando num game claramente inspirado nas obras de H. P. Lovecraft, Edgar Allan Poe e Sherlock Holmes.
Até mesmo o título do jogo parece algo comum, assemelhando-se a títulos genéricos de filmes de terror, como “A casa amaldiçoada”, “A maldição da Família Robson”, “O lago perigoso”, e assim por diante. Além disto, o “Alone in the Dark” original não apresenta a ideia literal de o personagem estar sozinho na escuro, especialmente porque o primeiro jogo não possui elementos de luz e escuridão, talvez por limitações técnicas da época. Esta abordagem só foi efetivamente introduzida em “Alone in the Dark: The New Nightmare”, um reboot lançado em 2001, e que este sim trouxe identidade à saga.
Neste jogo é explorada a ideia de que os protagonistas, Edward Carnby e Aline Cedrac (com duas campanhas que realmente se entrelaçam e se complementam), adentram numa mansão que aparenta estar amaldiçoada por forças das trevas e a Família Morton está intrinsecamente ligada a estes acontecimentos. Criaturas das sombras são os inimigos do game, as quais se enfraquecem ou são derrotadas quando expostas à luz, conferindo um significado ainda mais profundo ao título da saga.
Embora haja elementos semelhantes nos enredos destes dois jogos, é com “The New Nightmare” que a saga realmente se distingue, encontrando sua própria identidade marcante, uma personalidade mais concreta e distintiva. Isto a diferencia de outras sagas de terror bem estabelecidas, como Resident Evil, Silent Hill e “Fatal Frame”, cada uma com sua própria identidade bem definida.
Tudo isto precisa ser destacado, pois há elementos na trama desta recriação de Alone in the Dark que podem levar o jogador a sentir que a identidade da saga se transformou em algo diferente, perdendo a autenticidade encontrada em “The New Nightmare”. Em outras palavras, o jogador pode se ver pensando durante o jogo: “Parece que estou jogando outra coisa” ou “será que isso é mesmo Alone in the Dark?”.
Sem obviamente revelar partes cruciais da trama para preservar a experiência dos leitores, esta análise leva a uma conclusão clara: o enredo de Alone in the Dark é excelente, todavia, a falta de conexão entre as campanhas e a inclusão de certos elementos pode levar o jogador a se questionar: “Por que fizeram isso nesse jogo?”.
SOZINHO NO SOL?
Os gráficos de Alone in the Dark são bons, apresentando uma qualidade visual ótima como um todo, embora existam pessoas com opiniões divergentes que consideram os gráficos menos atrativos.
Desenvolvido utilizando a Unreal Engine 4, o jogo exibe cenários ricamente detalhados, boas expressões faciais dos personagens e uma variedade de detalhes tanto nos objetos quanto nos próprios personagens. A iluminação é notável, contribuindo para criar uma atmosfera envolvente e imersiva. As texturas aplicadas aos objetos são de alta qualidade, o que, combinado com a aura de mistério dos locais explorados pelo jogador, resulta em uma experiência visual excelente.
Existem partes da Mansão Derceto, bem como de outros locais explorados pelo jogador, que lembram cenários do jogo original, ocasionando a famigerada nostalgia. Além disso, os inimigos do game possuem uma estética macabra e grotesca, cuja criação foi realizada pelo aclamado artista de quadrinhos estadunidense, Guy Davis. Ele é reconhecido principalmente por seu trabalho em quadrinhos de terror e fantasia.
Sendo assim, a parte visual do jogo é positiva, contudo, alguns aspectos podem ser considerados problemáticos pelos jogadores que buscam esta recriação por ser um survival horror.
Existem segmentos do jogo em que os cenários são mais sombrios e intimidadores, onde os personagens dependem de lanternas para caminhar na escuridão, fazendo jus ao título do jogo. O problema é que há também áreas muito iluminadas e que comprometem a atmosfera de terror que se espera em um jogo do gênero survival horror.
Devido a esta variação de cenários e iluminação, o jogo cria sim uma atmosfera de terror, porém pode causar estranheza ao jogador. Neste sentido, percebe-se que, em muitos aspectos, os desenvolvedores buscaram manter uma fidelidade ao original nesta recriação, o que de fato é perceptível. No entanto, pode-se argumentar que faltou uma atualização na abordagem do terror, a fim de torná-la mais adequada aos padrões atuais.
Em outras palavras, o jogo apresenta uma abordagem que poderia ser descrita como uma mistura de terror aventuresco. Em alguns momentos, evoca a atmosfera de exploração sinistra e de descoberta, algo que lembra a saga “Tomb Raider”, enquanto em outros momentos, faz alusão às obras de H. P. Lovecraft, mergulhando em investigação de mistérios e horrores insondáveis. Em certos pontos, o jogo adota elementos do terror clássico, com atmosferas macabras e suspense, e em outros momentos se assemelha mais a um típico survival horror, com confrontos diretos com criaturas aterrorizantes.
Esta variedade de estilos torna a experiência de Alone in the Dark única, pois navega entre diferentes abordagens de terror. Por outro lado, é importante ressaltar que é provável que uma pessoa se assuste mais com Resident Evil 7, a recriação de Resident Evil 2, The Callisto Protocol ou o remake de “Dead Space” do que com esta recriação de “Alone in the Dark”.
É claro que o título do jogo pode ser interpretado de forma figurativa. Emily ou Carnby não estão literalmente sozinhos em um ambiente escuro enfrentando monstros, mas sim em uma situação na qual o personagem se encontra isolado, sem ter ideia do que está enfrentando ou como proceder. Isto evoca o temor do desconhecido, uma temática frequentemente destacada nas obras de Lovecraft, onde a verdadeira fonte do medo reside na incerteza e na falta de compreensão do que está ao redor, portanto, sozinho no desconhecido. Perdido sem saber o que fazer.
Em resumo, o visual de Alone in the Dark é muito bom e oferece um tipo de terror distinto, que pode não ser tão assustador quanto outros jogos, mas ainda sim proporciona uma experiência interessante.
VOCÊ DISPAROU A SUA ARMA HOJE, DETETIVE?
Como já foi dito, a jogabilidade de Alone in the Dark é inspirada nas recriações de Resident Evil 2 e Resident Evil 3, portanto, o jogador deve explorar os cenários para completar objetivos principais e secundários, resolver quebra-cabeças (alguns são bem criativos) e pegar itens, como remédios e munição, além de coletáveis que fornecem revelações adicionais sobre o enredo do jogo.
Da mesma forma que no jogo original, o jogador tem a oportunidade de explorar diversos cômodos da Mansão Derceto. De forma semelhante ao remake de Resident Evil 2, o jogo gradualmente desbloqueia novas áreas da mansão à medida que o jogador avança na estória. Esta progressão gradual adiciona camadas à experiência de exploração, mantendo os jogadores engajados e intrigados enquanto desvendam os mistérios sombrios que permeiam a Mansão Decerto e as pessoas que vivem ali.
Eventualmente, o jogador se deparará com inimigos bizarros durante sua jornada, os quais poderá enfrentar utilizando armas de fogo e armas brancas, além de uma esquiva que pode ser usada a qualquer momento, o que lembra o remake de Resident Evil 3. O jogador também pode aproveitar o cenário a seu favor, encontrando tijolos ou garrafas para arremessar nos monstros e causar dano. Esta dinâmica adiciona fluidez à jogabilidade, proporcionando ao jogador várias opções para lidar com as ameaças.
No entanto, apesar da jogabilidade ser interessante inicialmente, o combate pode parecer um pouco desajeitado em certos momentos. Por exemplo, ao utilizar a espingarda para atirar nos inimigos e, consequentemente, empurrá-los, não há uma física de impacto no jogo. Isto é particularmente evidente em ambientes fechados, nos quais o jogador pode se ver encurralado por várias criaturas. Embora a esquiva seja uma opção para escapar e economizar recursos, ela nem sempre funciona como esperado, o que pode forçar o jogador a enfrentar os inimigos de frente, mesmo quando se prefere evitar o confronto direto.
Isto precisa ser ressaltado, pois a recriação de Alone in the Dark é um survival horror, ou seja, um gênero que combina elementos de horror e sobrevivência com o jogador frequentemente colocado em ambientes assustadores, enfrenta ameaças sobrenaturais, monstruosas ou psicológicas enquanto tenta sobreviver com recursos limitados.
Existem alguns trechos que são mais complicados de se concluir, mas, no geral, o jogo possui uma dificuldade bem equilibrada. Apesar de apresentar alguns problemas relacionados ao combate, demonstrando que o jogo poderia ter passado por um refinamento adicional antes do lançamento, a jogabilidade ainda proporciona uma experiência prazerosa e envolvente, especialmente para os aficionados pelo gênero.
NÃO DEIXE ELES ENTRAREM, COMPÈRE!
Assim como outras sagas no mundo dos jogos, um excelente game de survival horror aproveita ao máximo os efeitos sonoros para criar uma atmosfera capaz de instilar medo nos jogadores, e “Alone in the Dark” também consegue alcançar este feito.
Embora a parte visual por si só possa não ser muito assustadora, os sons emitidos pelos monstros, o rangido da madeira, os corvos ecoando seus chamados característicos, e até mesmo os ventos cortantes contra o rosto dos personagens, tudo contribui para estabelecer uma atmosfera sinistra e repleta de suspense, capaz de provocar sustos no jogador.
É por isto que sempre se recomenda jogar estes tipos de games com fones de ouvido, em um ambiente escuro, para se imergir completamente na experiência do jogo de terror de sobrevivência.
O POVO DE DERCETO É PERIGOSO!
Feita por Jason Köhnen e Árni Bergur Zoëga, a trilha sonora de Alone in the Dark é envolvente, oferecendo uma variedade de composições que são sombrias, misteriosas e empolgantes. As músicas adicionam camadas a esta atmosfera de investigação, evocando uma sensação reminiscente das obras de Lovecraft, com o lento som dos saxofones criando uma espécie de jazz sinistro e uma ambientação noir.
Além disto, as músicas durante os momentos de combate fazem o jogador permanecer alerta e enfrentar as ameaças constantes. Com sua composição dinâmica e ritmo acelerado, estas músicas contribuem para intensificar a tensão e a emoção durante os encontros com os adversários, diálogos com personagens e revelações sendo feitas, tudo isto para manter os jogadores imersos na experiência do jogo.
Em resumo, a trilha sonora do jogo é excelente, conseguindo transmitir de forma eficaz uma atmosfera de terror que envolve os jogadores e os mergulha ainda mais na experiência sombria do jogo.
DESEMPENHO DO JOGO
O computador usado para jogar a recriação de Alone in the Dark, configurado no “alto”, atende a alguns dos requisitos recomendados para executar o jogo. Abaixo estão as especificações da máquina usada:
NIVIDA GeForce RTX 2060
AMD Ryzen 5 56000 6-Core Processor
16 GB RAM
Apesar disto, o jogo operou de maneira impecável, sem apresentar problemas na taxa de quadros ou qualquer outro comprometimento no desempenho. Entretanto, é recomendado o uso de um SSD para otimizar a jogatina.
Dito isto, a experiência proporcionada por esta recriação se mostrou bastante satisfatória, evidenciando que, embora o jogo apresente alguns problemas na jogabilidade, sua otimização está notavelmente bem executada.
CONTEÚDO DA EDIÇÃO DIGITAL DELUXE
A edição digital deluxe de Alone in the Dark possui alguns complementos interessantes ao jogo que podem tornar a experiência mais divertida.
O que mais chama a atenção inicialmente é o Pacote Visual Derceto 1992 que possibilita jogar com os modelos clássicos de poucos polígonos de Emily e Carnby. Uma ideia fenomenal, que lembra o remake de Resident Evil 2 em que é feito o mesmo, e adiciona uma variedade divertida à jogatina, ainda mais para um fã de longa data da saga.
Além do Livro de Arte Digital, que inclui várias artes conceituais espetaculares do jogo, e do Pacote da Trilha Sonora, esta edição também apresenta o Pacote de Filtro de Terror Vintage, que oferece filtros para alterar a aparência visual do jogo, proporcionando uma experiência única para aqueles que gostam de rejogar com uma abordagem diferente.
Por fim, esta edição apresenta o Modo de Comentário do Diretor, no qual os jogadores podem ouvir os comentários dos desenvolvedores enquanto jogam. Certamente, é algo interessante para quem deseja compreender melhor o processo criativo por trás desta recriação, mas, surge um problema sério: não tem legendas em português, ou até mesmo em inglês, dos comentários dos desenvolvedores. Ou seja, quem não domina o inglês não entenderá nada. Um verdadeiro absurdo, sendo que o jogo está totalmente localizado em português. Um grande contrassenso!
Para aqueles que desejam reproduzir a estética do Alone in the Dark original, sugere-se selecionar o filtro “8 bits” e aplicar os modelos antigos. Bem-vindos a 1992!
E EU PERMANEÇO SOZINHO NO ESCURO…
Finalizado em 15 horas, considerando as duas campanhas, Alone in the Dark (2024) é uma ótima recriação e um reinício promissor para esta saga histórica. Após um longo período de pausa na franquia, marcado por altos e baixos, talvez mais baixos do que altos, o pioneiro do gênero survival horror finalmente ressurgiu perante nós, e a experiência foi muito positiva.
O precursor que influenciou inúmeras sagas, especialmente Resident Evil, retorna à cena, no entanto, não sem seus próprios contratempos que poderiam ter sido tratados de maneira diferente para aperfeiçoar o jogo. Curiosamente, agora é Alone in the Dark que se inspira em seus próprios “aprendizes” para criar um jogo novo.
Com um bom enredo, jogabilidade prazerosa e imersiva, gráficos bonitos e uma trilha sonora envolvente, Alone in the Dark é uma boa recriação do original de 1992, superando-o em diversos aspectos, mas é importante notar que não consegue replicar o mesmo impacto que teve no passado, uma vez que tal feito se torna cada vez mais desafiador com o passar do tempo. Revolucionar a indústria dos games atualmente é uma tarefa árdua, dada a abundância de ideias já apresentadas ao longo dos anos.
Frédérick Raynal, o criador da saga e diretor do jogo original, expressou grande satisfação com a recriação de Alone in the Dark, elogiando o trabalho da Pieces Interactive por preservar a essência central do original. No entanto, é possível que este elogio revele um aspecto problemático deste remake, pois ele realmente é semelhante ao jogo lançado em 1992.
Este paralelo nos faz refletir que simplesmente aprimorar todos os aspectos do jogo pode não ser o suficiente. Talvez seja necessário modernizá-lo para proporcionar uma experiência verdadeiramente aterrorizante, alinhada aos padrões dos jogos de terror mais contemporâneos, algo similar ao que foi feito com “The New Nightmare”. Por outro lado, é válido argumentar que esta fidelidade ao original, resultando neste terror diferente, é a proposta deste remake, buscando oferecer um tipo de terror único e diferenciado daquilo a que estamos acostumados.
Independentemente das questões que precisam ser levantadas, a experiência proporcionada pela recriação de Alone in the Dark é predominantemente muito boa, destacando-se mais pelos seus aspectos positivos do que pelos negativos. Desta forma, é um game recomendado para os entusiastas do gênero survival horror.
Alone in the Dark é mais um jogo desenvolvido pela Pieces Interactive, mais conhecida por ter feito “Magicka 2”, sendo publicado pela THQ Nordic, e finalmente lançado em 20 de Março de 2024 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
Alone in the Dark (2024) foi analisado em versão digital para Steam (PC) adquirida pelo REVIL.