Análise – Resident Evil 2 Remake

Desde a mensagem em vídeo do produtor Yoshiaki Hirabayashi, que anunciou o desenvolvimento de Resident Evil 2 Remake em 2015, os fãs não conseguem pensar em outra coisa. Toda essa empolgação ficou cada vez mais incontrolável quando fomos agraciados com o primeiro trailer do jogo exibido na E3 2018, não só nos dando uma prévia do que estava por vir, mas sendo também o “Melhor do Show“.

Resident Evil 2 é sem dúvidas um dos melhores jogos de toda a franquia, tendo pra si uma grande quantidade de fãs e sendo reconhecido até hoje por suas histórias paralelas, personagens, inimigos e trilha sonora marcante. Por conta disso, nada mais natural que a comunidade pedir por um remake do título, o que já vinha acontecendo há anos, desde o lançamento do remake do primeiro Resident Evil em 2002, pra ser mais exato.

Agora, mais de 20 anos desde o seu lançamento original em 1998, Resident Evil 2 chega completamente reimaginado, realizando o sonho de milhares de fãs no mundo todo. Mas será que a Capcom conseguiu atender a tamanha expectativa? É o que vamos descobrir nessa análise.

Diferente, mas familiar

Uma das maiores preocupações quanto ao remake de Resident Evil 2 era se a Capcom seria capaz de preservar a essência do clássico. Com a crise de identidade que a franquia vinha enfrentando nos últimos anos, era difícil imaginar os elementos do jogo de 98 funcionando hoje em dia. Felizmente, graças ao conhecimento adquirido com Resident Evil 7, a Capcom conseguiu encontrar o equilíbrio ideal, trazendo tudo que o que faz Resident Evil 2 ser incrível de maneira digna e, em alguns aspectos, até melhor que no jogo original.

Criando o mais belo pesadelo

Os cenários do remake de Resident Evil 2 são extremamente intimidadores e contam a história do que aconteceu ali antes da chegada dos protagonistas. A Capcom reconstruiu os locais do clássico com uma riqueza de detalhes absurda e de maneira bastante inteligente, tornando tudo maior e melhor, fazendo bom uso da escuridão e do som ambiente.

Não espere que a tensão fique apenas a mercê de jump scares ou da ameaça proveniente dos zumbis e outras monstruosidades da Umbrella. Muitas vezes apenas o som, sendo ele provocado ou não pelas criaturas, é o suficiente para causar medo no jogador.

A Capcom realmente se atentou aos detalhes na parte gráfica do jogo, usando da RE Engine para criar os monstros em camadas. Construídos de pele, músculos e ossos, é possível ver o dano causado nos inimigos de forma extremamente realista, e consequentemente, brutal, resultando também em animações que impressionam.

O bom e velho survival horror

Resident Evil 2 Remake traz todos os elementos que definem o terror de sobrevivência de maneira modernizada, trazendo de volta a famosa câmera sobre o ombro adotada em Resident Evil 4, e a somando com alguns conceitos de jogabilidade vistos em Resident Evil 7, agora melhor trabalhados para proporcionar uma experiência mais intensa e profunda.

O jogador deve explorar bem os cenários em busca de itens que o ajudem a enfrentar ou pelo menos sobreviver aos inimigos, que causam danos consideráveis aos personagens, representando uma ameaça real independente de seu tipo. Não espere que uma recompensa drope ao matar um zumbi ou que os itens chave pisquem de forma que chame a sua atenção. Muita coisa pode passar despercebida aos olhos do jogador menos atento.

A lanterna utilizada pelos personagens para iluminar os ambientes mais escuros é automática, funcionando apenas em locais predeterminados. Isso pode acabar atrapalhando o jogador durante a gameplay em áreas com pouca iluminação.

Esses fatores tornam imprescindível a boa administração de itens, usando dos clássicos baús pra guardar algo caso seja necessário. Por mais que seja possível expandir os espaços do inventário através de pochetes que podem ser encontradas no decorrer da jornada, é importante estudar o que carregar e quando carregar, fazendo também a combinação de itens de maneira estratégica.

E é claro que os puzzles também marcam presença, sendo sua grande maioria novas versões de puzzles vistos no jogo original, agora reimaginados de forma criativa e mais intuitiva.

1998, eu nunca vou esquecer…

Resident Evil 2 com certeza tem uma das histórias mais ricas da franquia, mostrando desde o surto causado pelo vazamento do T-Vírus em Raccoon City e as consequências disso, até as conspirações e segredos da Umbrella.

O remake expande a trama do jogo original dando mais profundidade a relação entre os protagonistas e personagens secundários, que tiveram suas motivações e background melhorados, tendo assim um papel mais ativo na história. Porém, toda a atenção aos detalhes citada anteriormente se perde aqui, quando o jogador se depara com campanhas que não se encaixam, independente da ordem que sejam jogadas, resultando em erros de continuidade e furos dentro do próprio enredo.

As campanhas também compartilham dos mesmos caminhos, puzzles e da maioria das batalhas contra chefes, diminuindo consideravelmente o fator replay do jogo. Nesse quesito, o clássico conta com uma maior variedade de opções, e acaba consequentemente sendo superior ao remake.

Fica fácil questionar a Capcom sobre a decisão de reproduzir os cenários A e B dos protagonistas de maneira tão superficial e preguiçosa, quando esse fator é o único que impede do jogo de ser tudo aquilo que ele poderia ser.

Vale a pena?

Resident Evil 2 Remake traz tudo o que os fãs da trilogia clássica sentiram falta nos últimos lançamentos da franquia, entregando uma combinação perfeita do novo com o nostálgico e sendo facilmente um dos melhores títulos já lançados nesses 23 anos da série.

O título pode não promover uma experiência muito boa para jogadores de primeira viagem devido a história confusa, mas com certeza vai deixar os fãs de longa data maravilhados com o que é apresentado.

O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia digital cedida pela Capcom Unity Brasil. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor da análise.

Resident Evil 2 Remake
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A essencia do original foi mantida
Não se apoia em jump scares
Melhor desenvolvimento dos personagens secundários
Batalhas contra chefes são divertidas
Ótima qualidade gráfica e de som
Protagonistas não interagem tanto entre si
História confusa e sem sentido
Não há grandes mudanças entre as campanhas
O uso da lanterna não é manual
8.5
Redefine o que um remake pode ser