Análise – Resident Evil 4 (PS4 / XONE)

Quantas versões mais de Resident Evil 4 serão lançadas? Toda vez que a gente acha que o jogo lançado em 2005 se esgotou, a Capcom lança uma nova versão, um novo port ou remasterização.

Depois de ser lançado originalmente para Nintendo GameCube e ganhar versões para PlayStation 2, Nintendo Wii, PC, Zeebo, iOS, Android, PlayStation 3, Xbox 360 e uma versão batizada de Ultimate HD para PC, o jogo ganhou uma nova versão “remasterizada” para os consoles da oitava geração. Mas afinal de contas, por quê Resident Evil 4 parece ser inesgotável (ao menos na cabeça da Capcom e de seus fãs mais árduos)?

Panela velha é que faz comida boa

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É repetitivo falar isso, já escrevi pelo menos outras duas análises de RE4, uma da versão de PS3/Xbox 360, e uma da versão Ultimate HD de PC; mas é sempre importante falar que RE4 foi o responsável por uma das grandes revoluções não só na franquia como no nicho de games de ação. Com sua câmera em terceira pessoa sob o ombro, o jogo redefiniu um gênero e até hoje é fonte de inspiração para dezenas e dezenas de jogos, dentre os quais destacam-se grandes sucessos de público e crítica como Gears of War, Mass Effect, Dead Space, The Last of Us, e aparentemente até o vindouro novo God of War bebe um pouquinho na fonte de RE4, entre muitos outros.

Em sua essência, o jogo é exatamente o mesmo que conhecemos a tanto tempo, e isso não é ruim. Resident Evil 4 é um dos jogos mais divertidos da série, e embora parte dos fãs mais antigos da franquia torçam o nariz para a implementação de mais ação que há no título, é justamente essa mudança que torna RE4 um jogo tão fluído e que até hoje é jogado por milhares e milhares de pessoas quase que à exaustão.

Está tudo ali, a campanha principal de Leon, os extras Separate Ways e Assignment Ada, e também o modo Mercenaries, que também foi totalmente repaginado neste jogo e se tornou referência para os próximos dois capítulos numerados da série, e deu origem até mesmo a um stand alone lançado para o Nintendo 3DS.

É inegável que até hoje RE4 ainda seja um jogaço, sua mecânica e gameplay parecem sobreviver aos tempos e agradam tanto a uma parte dos fãs mais antigos como a uma imensa parcela dos fãs da franquia que entraram no mundo de Resident Evil pela porta aberta por RE4.

Já deu, né?!

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Mas o objetivo dessa análise não é falar de tudo que envolve RE4 desde seu lançamento, e sim a versão que chegou no fim de agosto de 2016 para PS4 e Xbox One, que a rigor é basicamente a mesma versão Ultimate HD que chegou aos PCs em 2014, e isso por si só já é uma grande decepção.

A versão em questão, na época de seu lançamento já foi criticada por parte do público por conta de suas texturas e saturação gama. Este último ponto foi corrigido, porém as texturas continuam apresentando um sério problema, e não estou falando exatamente da qualidade ou definição delas, e sim da discrepância em relação ao restante dos cenários.

Principalmente na vila e na ilha, cenários onde o visual sujo faz parte da construção da atmosfera, o retrabalho nas texturas do jogo deixou as coisas fora de contexto: é absolutamente estranho estar no meio da vila, um cenário rural, pobre, que traz certa desolação mas que tem cabanas construídas com ripas de madeira que parecem ter acabado de sair da Leroy Merlin. O mesmo vale para as caixas que contém itens, elas são tão “novas” comparadas ao resto do cenário que praticamente brilham.

Para não me alongar mais ainda, vou fazer uma comparação bem didática: imaginem uma mulher linda, corpo escultural, rosto perfeito, cabelos e sorriso reluzentes… não importa o que aconteça, quantos anos se passem, as pessoas vão sempre lembrar dela sendo essa mulher linda, escultural e reluzente. Apesar disso, a idade chega pra todo mundo, e por mais que ela tente manter sua aparência através de plástica, botox, tratamentos de beleza, ela vai envelhecer. O mesmo acontece com RE4, e o jogo já passou da conta com suas “plásticas, botox e tratamentos de beleza”, é visível que o jogo não suporta mais ser “esticado”, e se a versão Ultimate HD lançada para PC já deixava isso bastante evidente, no PS4/XONE essa evidência se torna ainda mais notória, com o uso de recursos que incluem até mesmo uma moldura preta em volta da tela para reduzir o tamanho do frame do jogo na sua TV.

Vale a pena?

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É inegável que RE4 continua sendo relevante, inspirando paixões e muitas horas de gameplay nos jogadores, mas assim como aconteceu com RE6 e RE5, será que era mesmo necessário esse relançamento do jogo? A pergunta se torna ainda mais importante quando temos o jogo chegando a um preço tão elevado (R$149,90). A impressão que fica, é que RE4, RE5 e RE6 poderiam ter sido relançados juntos, em um único bundle, o que justificaria mais esse preço que beira os R$150. Acredito que todos concordam que seria mais justo pagar esse valor pelos três jogos, ou então algo em torno de R$50 por eles de forma separada através da PSN ou Xbox Live.

Vivemos na geração da remasterização, e muitos jogos tem recebido esse tratamento para serem relançados nos consoles da Sony e Microsoft. Pensando nesses três títulos da franquia RE, a decepção fica porque não são remasterizações, e sim ports “esticados” que custam separadamente o preço de bundles como por exemplo o de Uncharted, que traz os três primeiros jogos da franquia pelo mesmo preço de apenas um desses relançamentos que a Capcom trouxe para a oitava geração.

O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia cedida pela Capcom-Unity Brasil. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor da análise.

A nota reflete a análise desta versão “remasterizada”, e não do jogo Resident Evil 4 como um todo. Para conferir a análise do título, clique aqui.

 

Resident Evil 4 (PS4 / XONE)
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3
O mesmo RE4 que conhecemos a mais de uma década
Todo conteúdo extra está presente
Texturas "HD" destoam do contexto geral dos cenários
Jogo claramente esticado
Bordas pretas em volta do frame do jogo
Diversas cutscenes em baixa qualidade
6
Desnecessário