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Análise – Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Novo filme de Resident Evil é para fãs dos jogos clássicos que tenham a mente aberta

Pra falar sobre o filme Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City, é justo começar com um clichê, então lá vai: se nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todos…

Muitos fãs de Resident Evil gostariam de um filme que refletisse fielmente o jogo, mas isso nunca vai acontecer, até porque, muitos problemas de enredo do título de 96 e dos seguintes que compõem o arco de Raccoon City foram perdoados, relevados ou teorizados para que as veracidades fossem corajosamente comprovadas pelo fator saudosismo que ele leva, mas, pra um filme ser produzido, ele precisa ser pensado para atrair um público muito maior.

Um filme para fãs de jogos, ainda mais de uma franquia que já teve uma série adaptada, de maneira questionável para o cinema, não traria, por si só, lucro para a empresa, e ainda poderia enlamear e prejudicar futuros lançamentos da marca na sétima arte.

Se pararmos para pensar, é uma adaptação tão boa, que muito que fez Resident Evil um jogo cult: os diálogos estão no mesmo nível. Mas isso é bom? Sim! Se você já tirou sarro dos textos rasos do primeiro jogo, mas sabe todos de cor, quero ver atirar a primeira pedra… Não será a primeira, mas, mesmo assim. O diálogo é tão primário, que numa cena de reencontro, um personagem diz o seguinte:

Acho que quebrei algumas costelas”, e a outra personagem pergunta: “Está doendo?”.

Exatamente o mesmo nível profundo e filosófico que já estamos tão acostumados.

Os efeitos especiais estão muito bons, a ambientação também. Não parece um filme cosplay como muita gente fala. As fotos e imagens de divulgação não fazem jus. Existem problemas nas proporções de alguns inimigos, em momentos aparecem de um tamanho e em outros parecem bem maiores. Também, a qualidade gráfica de um inimigo em particular deixa a desejar por ser num momento importante do filme… Eu cheguei até a achar graça – vilões de Resident Evil sofrem mutações bizarras, assustadoras, mas esse em questão está mais para medíocre, mas lembrando que, isso não é necessariamente uma coisa ruim quando relacionamos com Resident Evil, ainda mais para os fãs de carteirinha que querem que o filme seja igual o jogo, neste caso, este espectador vai ficar feliz.

Os personagens estão lá, adaptados para caber toda a história em pouco menos de 2h, e é muito enredo, então claro, alguma coisa se perdeu e vários encontros inéditos aconteceram, alguns frustrantes, com cenas e nomes de peso que poderiam ter sido incrivelmente melhores aproveitados.

Sem dúvida, Claire Redfield (Kaya Scodelario) é a principal, e também foi a melhor aquisição para o elenco. Todo o resto possui falhas, mas elas não estão relacionadas com perfis estéticos. Claro que muita gente estranhou a escolha da atriz para a Jill Valentine, mas se ela tem cinco minutos em tela é muito. Também foi falado do Leon S. Kennedyindiano“, mas o ator deixou o personagem com um perfil bem inexperiente (e com as falas mais repetitivas), que de certa forma encaixou… eu disse, de certa forma, por que criaram um pano de fundo para o Leon que faria mais sentido se ele fosse um pouco mais profissional, ou que soubesse lidar melhor com seus reflexos, sim, ele é um policial bem cru.

O Wesker incomoda um pouco por não ter o perfil de superioridade, seja devido ao seu posto ou ao seu porte e suas atitudes, mas dá pra perceber que talvez o personagem ainda esteja sendo construído e, como nos jogos, evoluindo. Será?

O filme pede uma continuação, mas é incerto se irá acontecer, quer ver porque?

Vamos fazer umas continhas:

Resident Evil – O Hóspede Maldito, de 2002, com a queridinha Milla Jovovich, como a amada e odiada (que eu amo muito) Alice, teve um orçamento de 33 milhões de dólares na época do lançamento. Com a inflação, hoje o filme custaria exatamente $50.736.170,09 dólares. Sabe qual foi o custo geral de Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City?

Metade disso. Com $25 milhões de dólares gastos num filme cheinho de fan service, honrando em muitos momentos o legado de Resident Evil, sabe qual está sendo o resultado?

Um hate terrível, desnecessário, desinformado e perigoso, sem fundamento, sobre a escolha de elenco. Por um lado, falam que parece um cosplay, mas falam isso sem ter visto o filme. Por outro lado, a tentativa injusta de acabar com as carreiras dos atores que retratam o Leon e a Jill. Ambos bloquearam todas as redes sociais para acessos e comentários porque estavam sendo bombardeados com feedback negativo.

Gente, eles fizeram um trabalho, foram contratados para isso.

A justificativa para eles participarem da produção foi simplesmente e obviamente a representatividade, expressar as diversas raças e formas de cultura, assunto que não era pautado nos anos 90, sabemos disso. E também sabemos o que acontece com produções atuais que contam só com pessoas brancas (privilegiadas), certo? O mesmo hate.

Minha nota para o filme? Só aquela abertura linda que me lembrou o clássico ‘Um estranho no ninho’, de 1975, do gênio Milos Forman por si só já vale 8,0, e o resto do filme sustenta esse resultado.

Espero que muitos entendam e não digam simplesmente que o site não pode falar mal de coisas oficiais e todo o mimimi chato e reclamão que estamos acostumados. Capcom, Warner, Sony não compram nossa opinião, temos liberdade para opinarmos e assim faremos. Mas é simples – Um filme experimental, com um orçamento baixíssimo, elenco talentoso, referências e easter eggs até dizer chega (ninguém vai dizer chega pra isso), e o melhor, ganchos para um segundo filme ou até uma trilogia. O mínimo que podemos fazer é apoiar e compartilhar a ideia. Que tal?

Vamos reclamar menos e aproveitar mais o que foi feito especialmente para a gente. E só depende da gente se a continuação irá acontecer!

Vamos prestigiar o cinema!!!

Ah, e claro, o REVIL! Agradece a Sony pelo convite para participar da cabine que aconteceu no Cinépolis do Shopping JK Iguatemi, no dia 2/12, em São Paulo.

Sobre a análise… O material expressa a opinião do autor.

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