Enquanto aguardamos por qualquer novidade sobre Devil May Cry 5, e seguimos a vida carentes de informações sobre o jogo, a Capcom relança – novamente – Devil May Cry HD Collection para a geração atual, com os três primeiros títulos de uma das franquias mais aclamadas pelo público na época do Playstation 2. É uma boa oportunidade para novatos conhecerem uma das figuras mais icônicas do videogame, ou para os veteranos da série matarem a saudade desses clássicos.
Devil May Cry e sua sucessão espiritual em Resident Evil
Liderado por Hideki Kamiya – que tem no currículo a direção de Resident Evil 2 – o primeiro jogo da franquia Devil May Cry deveria ser, nada mais nada menos, que Resident Evil 4. Kamiya e seu grupo, intitulados de “Team Little Devil“, visitaram alguns castelos na Espanha para que pudessem servir como inspiração dos novos cenários de RE.
Kamiya queria fazer um novo Resident Evil de ação, se utilizando de personagens com forças sobre-humanas e tirando cenários pré-renderizados do jogo, focando na câmera dinâmica como forma de proporcionar uma experiência mais aprofundada na ação frenética.
No entanto, Kamiya foi orientado por Shinji Mikami – o pai espiritual de Resident Evil – a se desligar do jogo, pois acreditava que a ideia de um RE de ação frenética, hack and slash, comprometia a identidade da franquia, que era focada no terror e na sobrevivência.
Uma vez livre das propostas de um padrão Resident Evil, Kamiya sentiu-se mais a vontade para adicionar alguns elementos essenciais que tornaram Devil May Cry um jogo tão diferente dos demais, seja em estilo ou na mecânica diferenciada para a época.
Devil May Cry conquistou uma legião de fãs ao longo dos anos e é considerado até hoje como o pai de todo o estilo hack and slash – jogo de ação frenético – inspirando grandes títulos como God of War e Bayonetta – esse segundo, do próprio Hideki Kamiya.
Resident Evil 4, por sua vez, viu a luz do dia nas mãos de Shinji Mikami.
- Leia também: Versões Betas de Resident Evil 4
A fórmula de Devil May Cry
Devil May Cry se consolidou ao longo dos anos e foi uma clara revolução no gênero de ação. Não havia nenhum jogo na época que apresentava uma proposta parecida com o estilo, o que tornava o título diferenciado e único.
Tudo começou em 2001, com o primeiro jogo da franquia para Playstation 2. A visita de uma mulher misteriosa instiga Dante a visitar a ilha de Mallet. O que se sucede é uma aventura com combates frenéticos e puzzles que vão fazer você perder alguns minutinhos da sua vida, mas nada que seja tão desafiador assim. No geral, é uma excelente estreia para Dante, que infelizmente não teve o mesmo padrão em seu segundo jogo.A Capcom aproveitou o sucesso do primeiro título e decidiu lançar o segundo prematuramente em 2003. Resultado: uma série de mudanças desnecessárias em relação ao original, deixando o personagem consideravelmente mais fraco e massante. É muito bom tê-lo na coleção, por fazer parte da história de Devil May Cry, no entanto, é um jogo que pode facilmente ser ignorado. O meu conselho é pular direto para o terceiro, por que aqui as coisas ficam sérias…
O tiro certeiro da empresa foi com Devil May Cry 3: Dante’s Awakening. Considerado até hoje como o melhor da franquia, o jogo apresentava uma clara evolução no estilo que a própria franquia consolidou. Gráficos mais claros, mais opções de combos e chefões mais desafiadores foram algumas das principais adições ao título. Também há conteúdos especiais, com uma versão que permite o jogador controlar Vergil, irmão gêmeo de Dante.
Mais do mesmo
Os títulos descritos acima são os que compõem esta análise, que conta a história do anti-herói – metade humano e metade demônio – Dante, filho do temido Sparda. Sua missão é simples: proteger os humanos de qualquer demônio que invada nosso mundo.
Mas até que ponto um título desse calibre consegue se sustentar após quase duas décadas desde seu primeiro lançamento?Que Devil May cry é amado por milhares de fãs, isso é fato, mas seu retorno às gerações atuais deixa muito a desejar, principalmente pelo fato da Capcom não ter dado o merecido tratamento em sua remasterização. Alguns detalhes, como as cutscenes com gráficos ultrapassados, do Playstation 2, e menus com o tamanho de tela 4:3 em pleno 2018 incomodam – e muito.
Erros que também foram cometidos em 2012, quando essa mesma coleção foi lançada para Playstation 3 e Xbox 360. A única diferença das versões anteriores para a geração atual é o salto gráfico na resolução, de 720p da geração passada para 1080p para a atual – mesmo assim, não há diferenças perceptíveis.
Outra mudança para as gerações atuais é a atualização de quadros por segundo (60 fps), que é o dobro se comparado com o Playstation 2 (30 fps). Naturalmente que jogos de duas gerações atrás, do Playstation 2, nem se comparam com o que é produzido hoje em dia pelas grandes desenvolvedoras, mas bem que poderíamos ter tido mais.
A jogabilidade em si se mantém intacta e fluída desde as versões do PS3 / X360.
Veredito
Apesar de não ter conteúdos extras e um HD pela metade – mesmo problema da versão de 2012 (PS3 / X360) – Devil May Cry HD Collection atrai SIM, mas pela nostalgia. Se você já possui um Playstation 3 e essa “coleção” em mãos, não há motivos para que eu possa te convencer a comprar novamente – é praticamente a mesma coisa da geração passada.
Mas se você tem curiosidade e ainda não conhece uma das franquias mais legais dos videogames, ou até mesmo quer matar a saudade de meter porrada nos demônios em grande estilo, recomendo que adquira o título. Apesar da remasterização não ser 100%, a jogabilidade e a diversão ainda estão presentes, mesmo com limitações.
Devil May Cry HD Collection foi lançado no dia 13 de março para Playstation 4, Xbox ONE e Steam. O valor varia um pouco em cada plataforma – a depender de promoções – mas é mais barato comprar pela plataforma Steam, já que a coleção sai por R$ 69,99 por lá.
Devil May Cry Hd Collection foi analisado no PlayStation 4 em cópia digital cedida pela Capcom Brasil. O texto não representa a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor da análise.
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