Arte: Frank Alcântara

1998 – O incidente na cidade de Raccoon

It was Raccoon City’s last chance. My last chance. My last escape.

Era a última chance de Raccoon City. Minha última chance. Minha última fuga.

28 de setembro é sem dúvida o maior marco da franquia. Ele retorna com uma das protagonistas de outro título da franquia e, certamente, é a personagem mais amada pelos fãs e alçada à posição de a cara de Resident Evil: Jill Valentine.

Continuando nossa série de artigos direcionados aos eventos de 1998, vamos falar um pouco sobre o inesquecível Resident Evil 3: Nemesis, ou Last Escape para o outro lado do globo.

Lançado originalmente em 22 de setembro de 1999 (por pouco ele não faz aniversário junto com os eventos que culminaram com o fim de Raccoon City), o game retorna com nossa heroína Jill Valentine, protagonista do primeiro jogo da série ao lado de Chris Redfield. Aqui, ela tenta escapar de Raccoon City em meio ao apocalipse biológico, antes que a cidade vá pelos ares. Em meio à sua jornada para sair viva da cidade, ela se depara novamente ao estrago que T-vírus (e o G-Vírus também) e a corporação Umbrella causaram, como se não bastasse o caos que vivem em Julho que a atormenta e qualquer outro sobrevivente dos S.T.A.R.S..

Tudo sai do controle quando ela, em sua rota de fuga, passa pelo cenário de Resident Evil 2, a famosa RPD. Dalí pra frente ela é perseguida, encurralada diversas vezes por Nemesis. Trazendo mecânicas novas, como um sistema de esquiva par Jill, que é incrível para 1999, uma Raccoon City grande e cheia de detalhes e beleza, cutscenes cheias de ação e a famosa mecânica de escolhas, que aumentam o fator replay do jogo, Resident Evil 3: Nemesis é o mais querido dos fãs até hoje, arrancando sustos e desespero dos fãs da franquia.

Como grande parte dos jogos da franquia lançados para o PlayStation 1, os eventos que acompanham Jill Valentine também possuem algumas variações, seja no mundo canônico dos jogos ou em livros e filmes. E se você esqueceu onde e como essas histórias estão, nós listamos pra vocês. Confira nossos artigos relacionados aos outros eventos de 1998:

Começando pelo universo de Stephani Danelle Perry, S.D. Perry, temos a versão em novelização de Resident Evil 3: Nemesis. O quinto volume lançado pelo selo da Benvirá no Brasil, Resident Evil – Nêmesis, é a jornada de Jill em seus momentos finais em Raccoon. Claramente existe um erro na data dos eventos, mas Perry se desculpa de antemão nas primeiras linhas do livro. Voltando ao que é realmente importante, o livro conta com riqueza de detalhes o caminho de Jill pelas ruas e becos da cidade e expande a jornada dos antagonistas e personagens secundários.

Aqui, Stephani entrega uma versão bem interessante de Carlos Oliveira e Nicholai Ginovaef, ganhando características que só ela é capaz de acrescentar. Vemos onde Nicholai se mete durante toda a sua jornada e o que ele faz quando não está bancando um bom moço. É possível até ficar entusiasmado em uma parte do livro quando ele se depara com uma certa donzela em um vestido vermelho. Carlos deixa de lado o charme cobiçado por mulheres para uma postura real de mercenário que está lutando pela sua vida. Claro que temos todos os icônicos personagens que andam pelas ruas com Jill. A leitura é aconselhada a qualquer fã da franquia.

Eu disse para atirar na cabeça” não é a frase de efeito que todo mundo se lembra quando se fala em Jill Valentine, mas claramente é marcante tal qual “eu te dou S.T.A.R.S.“. Se você não se lembra, essa é a frase que Sienna Guillory, vestida com a melhor caracterização possível, fala quando pisa no Departamento de Polícia de Raccoon em Resident Evil 2: Apocalipse, o segundo longa da nossa duplinha Paul Anderson e Milla Jovovich.

Claro que nós sabemos que não é o melhor dos melhores filmes, mas, diga-se de passagem, em sua performance como Jill Valentine, Sienna não decepciona, seja em Apocalipse ou em Resident Evil 5: Retribuição. Como o segundo filme dessa franquia entrega a jornada em Raccoon City, tendo até um Nemesis, um Carlos e um Nicholai, mas o resultado final está bem longe de ser o que esperávamos, mesmo considerando uma menção honrosa aos eventos de Raccoon. Aqui, pelo menos, temos uma completa destruição da cidade como de fato acontece nos jogos.

Ainda nas adaptações cinematográficas, temos Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City. Roberts, embora a gente entenda os seus esforços para materializar esse filme, ele peca ao tentar encaixar 4 jogos em menos de 2 horas de filme. Se podemos citar alguns dos eventos de Resident Evil 3: Nemesis aqui, seria apenas quando a vaca vai pro brejo, ou melhor pros ares.

Deixemos de lado os cinemas. Vamos voltar ao que gostamos: videogames.

Antes de 2020, a destruição de Raccoon já fora contada algumas vezes. Listamos aqui, caso você não se lembre.

Deixe-me começar com uma menção honrosa: Resident Evil: Operation Raccoon City e, antes de eu ser completamente massacrado, o jogo não é tão ruim como se parece (tirando o servidor lixo que tá agora, né?). Ele é até atrativo se você estiver com seus amigos numa partida fechada e não aconselho a tentar jogar esse jogo sozinho. Aí eu te pergunto: por que adicioná-lo nessa lista? Simples, ele tem todos os nossos heróis da franquia presentes em Raccoon: Jill, Carlos, Nicholai, Nemesis e, sim, Leon S. Kennedy e Claire Redfield (e Sherry Birkin, por tabela), não jogáveis mas estão presentes. E se você quiser, como alguns fãs que não gostam do Leon, o jogo te dá a opção de tentar matar ele.

Ademais, o jogo tira todo o protagonismo dos heróis e entrega para os times da Umbrella U.B.C.S e Black Ops que tentam ou acabar com as provas de qualquer envolvimento da empresa com o incidente de Raccoon City ou de tentar resgatar civis. Passeando entre cenários novos e canônicos, o jogador enfrenta todas as BOWs da franquia, ele está disponível para Steam (mas não está mais à venda, pois aguarda-se a migração dos servidores), PlayStation 3 e qualquer console da Xbox, via retrocompatibilidade.

Com uma chave de coxa inexplicavelmente perfeita, Jill Valentine quebra o pescoço de um zumbi. Se você não sabe de onde é essa cena, eu já te digo logo, pois ela é real e está em Resident Evil: The Umbrella Chronicles, mais precisamente em RACCOON’S DESTRUCTION, que reimagina a destruição da cidade do meio-oeste dos estados unidos.

Lembrando mais um título da franquia Survivor, The Umbrella Chronicles é um jogo de tiro rail shooter que o jogador tem controle somente sobre a mira para dar cabo dos monstros que infestam os cenários. Pela primeira vez, existe um modo cooperativo para dois jogadores. Para aqueles que não conhecem a série, este game é uma boa introdução aos games originais.

Por último, mas não menos importante, chegamos ao ano de 2020 e, com ele, trazemos a reimaginação de Resident Evil 3. Aqui, sem nome de vilão, coisa bem anos 90, para completar o título. Resident Evil 3 Remake, o Reimaginado, reinventado ou qualquer “re” que você queira colocar antes de uma palavra, reconta mais uma vez os últimos dias de Jill Valentine em Raccoon. Quase matando os fãs do clássico do coração com uma micro jogatina em primeira pessoa no começo, essa nova versão pode ser bem curta, mas você não vai poder dizer que ela é feia.

Essa versão do jogo é a que mais se afasta do original quando se olha para os outros dois remakes da franquia. Mas se engana quem diz que a Capcom não colocou quase nada do original. Se você olhar detalhadamente, vai encontrar todos os lugares: o Bar do Jake, a Boutique, a oficina, o Posto Stagla, todos estão lá, seja nas cutscenes, ou até andar por eles como o pátio da Torre do Relógio. Este último, a maior reclamação dos fãs para essa versão, mas ele não erra no que se propõe.

 

O terceiro jogo da franquia na nova engine (RE Engine) tinha tudo para ser memorável, mas acaba não trazendo a memória afetiva que esperávamos. Contudo, ele ainda é um jogo divertido se tratado como um novo jogo e não uma reimaginação. Os cenários e a atmosfera são completamente novos e tensos para as primeiras jogatinas e claramente Jill Valentine está linda em seu novo look.

A terceira história contada pela Capcom é a mais querida pelos fãs e traz memórias únicas. Afinal, quem não se lembra do primeiro encontro com Nemesis ou a primeira vez que tentou fazer o puzzle da estação de tratamento de água? Essas memórias são únicas e imensuráveis para muitos fãs. Sejam novos ou da velha guarda, não há um membro do grupo de fãs de videogames que não saiba quem é Nemesis. Existem marcos na vida dos jogadores que só eles são capazes de saber o quão importante são.

Colaborou com a revisão deste texto: Natália Sampaio