Existe uma enorme expectativa pela da DLC Not a Hero, de Resident Evil 7. O conteúdo é gratuito e seu anúncio foi feito junto com o lançamento do próprio jogo. Ao finalizar a campanha de Resident Evil 7 víamos uma tela com o título da DLC, apontando que Not a Hero deveria chegar até o fim do outono, em meados de maio de 2017.
Depois do confuso fim de Resident Evil 7 e com a conclusão de existe muita coisa por trás do que aconteceu com a família Baker, a Capcom tem um incrível peso sobre os ombros. Há muitos detalhes de história pendentes, mal explicados e vagos.
O poder do hype é grande e com grandes poderes vem grandes responsabilidades. Sabendo da importância e expectativas em cima de Not a Hero, a Capcom decidiu adiar o lançamento da DLC, sem anunciar uma data específica. As suspeitas de que isso poderia acabar acontecendo já estavam surgindo: a empresa estava calada demais sobre o conteúdo, fazendo praticamente nenhuma divulgação enquanto o prazo de lançamento se esgotava.
Na tentativa de criar uma história misteriosa e nos deixar com um ninho de pulgas atrás da orelha, a Capcom fez com que Not a Hero fosse enxergada pelo público como a solução para várias perguntas sem resposta de Resident Evil 7. É fácil dizer que não se espera menos do que um “Separate Ways” do conteúdo, que precisa mostrar os bastidores da história do jogo e responder questões que estão tirando o sono de quem finalizou o game:
- O que aconteceu com Chris Redfield?
- O que é a Umbrella Co.?
- Qual é a empresa para qual Mia trabalha?
O fato de Not a Hero ser gratuita denota sua imensa importância para a história de Resident Evil 7 desde o começo. DLCs de história pagas são (ou deveriam ser) opcionais e, na grande maioria dos casos, complementares em termos de trama. Incluir uma DLC gratuita demonstra que esse conteúdo é essencial para a completa experiência da história e que não seria naga legal privar alguns disso ao colocar uma etiqueta de preço. O lançamento posterior teria alguns motivos principais como criar expectativas, gerar um falatório que populariza ainda mais Resident Evil 7 e ter mais tempo para desenvolvimento do conteúdo após a chegada do jogo nas mãos do público.
Not a Hero não pode, por tanto, ser um conteúdo como as DLCs pagas de Resident Evil 7 lançadas até o momento. As duas gravações proibidas não parecem ter causado grande impacto. Tirando “Filhas”, que dá mais corpo à história da família Baker mostrando a noite em que Eveline chegou à propriedade, o resto passa batido. Os conteúdos são curtos e não respondem as dúvidas que o final de Resident Evil 7 deixou.
E, ao que tudo indica, Not a Hero NÃO É como as DLCs pagas de Resident Evil 7. O fato de jogarmos com o Chris Redfield (?) já impõe uma mudança enorme para a campanha. O protagonista da DLC e Ethan Winters são bastante diferentes em vários aspectos, o que implica em mecânicas de gameplay também muito diferentes. Isso, por si só, já adiciona uma grande carga de trabalho aos desenvolvedores.
Na foto divulgada hoje (25) já vemos que a HUD de Chris é diferente da de Ethan e contém a “qualidade do ar” como um detalhe diferencial importante no gameplay. Isso provavelmente reflete que o personagem precisa se preocupar com a presença de algo no ar, como esporos liberados por Eveline ou Mofados.
É claro que a Capcom também está de olho no burburinho gerado por Resident Evil 7 na internet e está ciente que Not a Hero não deve trazer só um diferencial em termos de gameplay, mas principalmente de história. O público que quer entender Resident Evil 7 está apostando todas as suas fichas na DLC, o que faz com que a empresa precise responder à altura de todo este hype. O fato de os produtores estarem antenados à isso é bastante positivo.
Um dos prováveis furos no planejamento de lançamento de Not a Hero é a recepção medonha e o desconhecimento total do público sobre o lore de Umbrella Corps. O jogo traz uma série de conceitos novos para a franquia e para o contexto atual da série em termos de história e, ao que tudo indica, Resident Evil 7 é dependente desse background criado por Umbrella Corps. Isso provavelmente faz com que a DLC tenha que trazer uma trama mais rica do que seria necessário, o que também deve estar aumentando a carga de trabalho dos desenvolvedores.
Essa soma de fatores e o fato de a Capcom reconhecer que precisa de mais tempo para entregar Not a Hero como nós e a empresa gostaríamos acaba sendo agridoce: a DLC vai demorar mais a chegar, mas as chances de o conteúdo ser muito melhor aumentam.
Vale, por fim, destacar também a completa honestidade e sinceridade de Koshi Nakanishi, Masachika Kawata e Jun Takeuchi no vídeo de anúncio do adiamento de Not a Hero. A mensagem ali é clara “vocês esperam demais por este conteúdo e temos que atender às suas expectativas”. A atitude demonstra um cuidado enorme com o público e com a franquia. Depois das bases sólidas que Resident Evil 7 parece ter fincado, não é a hora de decepcionar ninguém.