Participamos da beta fechada de Exoprimal

Um 5×5 com… dinossauros? Que a Capcom quer entrar na onda do multiplayer competitivo, é história antiga. Já tivemos o modo online de RE3, o Resistance, que fecha o estilo multiplayer assimétrico com quatro sobreviventes e um vilão; temos também o Re:Verse, onde os personagens são colocados num mata-mata frenético em até oito jogadores em um mapa icônico de Resident Evil (ou nesse caso, três) e, mais recentemente, um jogo que nós, fãs antigos do Survival Horror, podíamos jurar que era o Remake de Dino Crisis.

Como estávamos errados, Regina Majesty

A verdade é que fomos completamente cegados pela visão de dinossauros e uma personagem ruiva na RE Engine. O fã de Resident/Dino/Megaman Legends/Muitos outros jogos no porão da Capcom não tem um momento de paz, e continuou sem paz depois do trailer de revelação do jogo Exoprimal, rezando que fosse um codinome secreto para o remake da ilha Ibis. Tentando colocar o frenético saudosismo de lado, nós participamos do Beta Fechado de Exoprimal, e se esquecermos a Regina por um minuto, podemos até nos impressionar com a premissa.

Crie seu Exofighter

O primeiro passo do jogo é criar o seu personagem. Acho que todo fã de jogo onde você pode criar seu combatente fica feliz em passar quarenta horas só criando, editando, mexendo no seu boneco e editando aos seus gostos.

Bom, temos uma péssima notícia para você, fã de Character editing… você não vai passar meia hora editando seu personagem.

A primeira razão é que tem pouca opção de customização

E a segunda é porque, apesar de você ver seu personagem sorrindo por meio segundo na tela de aprovação do tutorial, ele não tem personalidade própria nenhuma. Cerca de 95% do tempo, você estará com um Exotraje, que já tem um estilo de roupa, voz, habilidade e personalidade pré-definidas. Ou seja, se não houver um modo história no lançamento oficial, aquela meia hora de edição de personagem vai ser em vão.

Mas pontos positivos por incluírem a Capcom ID do jogador na cutscene

Temos fãs de Luciobol aqui?

Depois de criar o personagem, vamos fazer o tutorial, e é ai que as coisas se tornam familiares para alguns jogadores. O exocombatente pode escolher entre três classes durante os combates e mudar quando achar mais conveniente. São elas: Ofensiva, Tanque ou Suporte. Não vou mentir, como fã das antigas de Overwatch, o jogo da Blizzard que ganhou o prêmio de jogo do ano em 2016, me senti em casa.

E um ponto adicional por já disponibilizarem 10 personagens na beta

Para comparativos válidos, temos quatro combatentes na classe Ofensiva: o Fuzileiro (uma espécie de Soldado:76), Zéfiro (que equivale ao Genji), o Bombardeiro (alô, main Junkrat) e a Vigilante (“um tiro, uma morte”). Confesso que me senti muito confortável ao jogar com o Fuzileiro, e nas três partidas jogadas sempre tinha pelo menos um em cada time. Infelizmente, tem como repetir personagens num time.

Já na classe Defensiva, temos o Muralha (ou Reinhardt amarelo para os íntimos), o Krieger (ei, você, main Orisa) e o Murasame (um personagem mais original, um tanque com espada longa). Como no trailer, não pude perder a oportunidade de segurar 100 Raptors com o escudo do Muralha.

E é muito divertido tacar o escudo nesses 100 raptores de uma vez só

Por último, a classe dos suportes. Temos o Curandeiro (imagine a Mercy com habilidades de atordoamento), a Bruma (uma Echo com habilidades de cura) e a Nimbus (Lúcio, apenas). Me tornei main Nimbus de primeira, porque além de ser suporte em todos os jogos de multiplayer cooperativo, é divertido poder mudar de arma de dano para arma de cura apenas com o toque de um botão.

Essa proximidade com personagens de outros jogos é algo que faz com que Exoprimal não seja estranho para os competidores de longa data, mas as semelhanças poderiam ficar só nas habilidades e jogabilidade. Ao mesmo tempo que eu senti a segurança de escolher qualquer personagem com a certeza de que iria jogar bem ou não (por vivência desses outros jogos), também senti que os personagens nas partidas multiplayer não tem nenhum carisma próprio. No máximo você sente que vai dar uma risada rápida quando você troca de Exotraje, pois o anterior geralmente fala algo (como “Espera, vamos conversar sobre isso!”), mas é só isso mesmo. Não espere se apegar a personalidade dos Exotrajes, porque depois da quarta mudança de classe na partida, quase não sentimos mais eles se despedindo do Exocombatente.

Aprenda na falha

Uma partida tem múltiplas fases, e quase todas envolvem matar dinossauros ou um grupo de dinossauros específicos. Cada time fica “preso” em sua dimensão sem contato direto com o outro time até a última fase, e o objetivo é matar, matar e matar dinos (salvo se o time conseguir ir tão bem a ponto de conseguir um dispositivo Dominador, mas já falamos sobre ele). Apesar de parecer tedioso, cada fase tem um dinossauro alvo diferente, e você acaba se divertindo matando mil raptores durante uma fase com seu time.

Eu não estou brincando. São mil raptores caindo do céu mesmo. Eu contei.

Depois de seis ou sete níveis, finalmente chegamos ao confronto final, onde os dois times precisam alcançar um mesmo objetivo. Entre as oito missões finais, nós jogamos coleta de pontos, escolta e Carga Ômega, sendo essa última uma espécie de “mate dinossauros para carregar o martelo e depois… martele um alvo que nem o Thor”. Como o seu time joga no meio da partida define o quão rápido vocês alcançam o objetivo da última missão.

Porém, o jogo não deixa as coisas desequilibradas. Sempre há uma chance de virar o jogo quando você obtém um dispositivo Dominador.

E você assume o controle de um Tiranossauro. Simples assim.

Os objetivos podem parecer confusos de início. A tela é repleta de informação e pode confundir até os mais experientes jogadores. O autor dessa notícia demorou três partidas pra entender o que tinha que fazer pra ganhar, pois o tutorial não engloba os objetivos e elementos da tela da partida real. Apesar de ter experiência com jogos do gênero e o jogo ter legendas em português do Brasil, ainda dá pra se perder no fim da partida.

O jogo tem sua beleza… e suas feiuras

Feito na RE Engine, o jogo conta com gráficos bons para um jogo online (e graças a Capcom nenhum filtro gráfico de Gibi, né RE:Verse?) e os efeitos de som são mais que adequados para um game multiplayer. Aparentemente, quem participou do desenvolvimento ouviu a reclamação dos fãs acerca dos indicadores de dano que não faziam seu papel no jogo multiplayer anterior da Capcom (de novo, RE:Verse), e é uma experiência imersiva muito divertida.

O game não é completamente localizado, como o jogo de referência utilizado como comparativo nessa análise, então não espere escutar um “pede pra nerfar, dinossauro noob”. Esse fator pode prejudicar a identificação do jogador com os personagens. Mas não é algo que vá matar a gameplay, afinal não tinha como dublar os dinossauros. Se formos considerar a ausência imediata de uma campanha, a falta de dublagem brasileira não influencia muito na experiência, o que pode mudar se tivermos um modo história até o lançamento do game.

E a dublagem não é a maior coisa que o jogador brasileiro sente falta nesse jogo, porque tivemos que lidar na beta com um problema antigo de quem joga os jogos multiplayer da Capcom: Partidas travadas.

De cinco partidas jogadas, apenas metade de uma não teve “teletransporte”, causados por uma conexão fraca entre um jogador e o servidor. Mesmo com o problema de conexão instável com o host (problema esse que foi uma das razões pela qual Resistance foi duramente criticado) solucionado, os servidores parecem não estar preparados para conexões em todo o mundo. Isso preocupa, pois o que se acreditava ser apenas um problema da beta acabou indo para o jogo final em outros jogos (tô cansando de citar RE:Verse aqui), e teríamos mais um jogo morto nas betas abertas da vida. O que seria triste, porque o jogo é divertido e vale o teste aberto, que será liberado dia 17 de março.

Vale o teste, mas ainda não é Dino Crisis

Tudo bem, eu aceito que estou sendo um fã saudosista chato quando reclamo no ponto que esse jogo não é o que nós realmente queremos. Inclusive, se o jogo tiver uma campanha no seu lançamento que conte uma história legal envolvendo Majesty, Lorenzo e outros personagens que recebem seu destaque durante o trailer do game, pode ficar a frente de muitos outros jogos que ainda não contam com uma narrativa própria além do pouco do multiplayer.

E fala sério, quem não gosta de uma equipe diversa desse jeito em um modo história?

Apesar de não ser o remake desejado por todos, Exoprimal é um jogo divertido com um potencial de diversão com amigos e competitividade bem alto. O game estará disponível no dia 14 de julho deste ano para as plataformas PS4, PS5, Xbox One, Series X/S e PC, os últimos três estarão no Game Pass. Para quem quiser testar e ter suas próprias conclusões antes de comprar o jogo, haverá uma oportunidade de beta aberta ao público a partir do dia 17 deste mês.

Primeiras Impressões: Exoprimal – PlayStation 5
Feita por: Dark Rickson
Agradecimentos a: Deus e Regina