Análise – Resident Evil Re:Verse

Esta é uma análise conjunta com considerações de Dry Portes, Fred Hiro e Dark Rickson. A redação base, com texto em primeira pessoa, é de Dry Portes.

A Capcom quer porque quer colocar um jogo multiplayer online de Resident Evil no mercado. Antes foi com Resident Evil Resistance que, apesar dos problemas, achamos muito interessante e lamentamos sua morte precoce. Logo em seguida, veio o investimento em outro projeto: o Resident Evil Re:Verse. Já haviam rolado duas betas antes do lançamento oficial e, de fato, melhoraram alguns pontos como era o esperado. Entretanto, apesar do feedback, não importa a quantidade de atualizações que o jogo receba, pois seu problema não está no polimento, mas sim na base do jogo.

Um Dream Match de tiroteio

Com foco apenas no multiplayer online, não é preciso qualquer história – ou mesmo uma desculpa – para juntar personagens icônicos e amados pelos fãs em um mesmo jogo. Dessa forma, ao contrário de Resistance, Re:Verse traz um elenco de peso. Existe uma boa gama de personagens para seu início, contando com as BOWs, totalizamos 11 personagens jogáveis.

Do lado dos humanos, temos ninguém menos que Jill Valentine, Leon S. Kennedy, Chris Redfield e Claire Redfield, Ada Wong e Hunk. Já do lado das criaturas, apesar de alguns personagens um pouco menos expressivos, temos o Mofado Obeso, Hunter Gama, Jack Baker, Nemesis e Super Tyrant. Durante uma única partida, é possível alternar entre até 6 personagens, já que é possível passar por todas as criaturas e ainda controlar seu personagem humano.

Também não há restrições quanto à escolha de personagens repetidos, sendo possível acabar em uma partida onde todos os humanos serão a Jill, por exemplo.

Em relação à quantidade de fases, fica difícil elogiar, já que, por enquanto, só existem duas: a casa dos Bakers e a Delegacia de Polícia de Raccoon (R.P.D.), com a maioria das partidas ocorrendo na R.P.D..

Sem contar que, como a seleção entre elas é aleatória, o jogo decidirá qual fase será escolhida, com o jogador podendo selecionar a fase apenas em uma sala privada. Além disso, o jogo conta com a presença de compra de skins e uma novidade: um passe de batalha.

Ao vencer as partidas, ganhamos pontos que podemos usar para comprar habilidades para os personagens, ou extras como papéis de parede. Entretanto, algumas habilidades são exclusivas do passe, assim como as roupas clássicas de Resident Evil 6 de Leon e Ada e cosméticos para as armas. Porém, fica inviável comprar um passe de batalha de quase 50 reais em um jogo que mal se sabe quando vai ter o suporte interrompido.

Cada um por si e Deus por todos

Afinal, como esse tal Resident Evil Re:Verse funciona? 6 jogadores são colocados em uma fase com itens de munição, recuperação e cápsulas virais. Os 2 primeiros itens não precisam de explicações, já o terceiro serve para aumentar seu nível de criatura. Quanto mais cápsulas o jogador pegar, mais forte será ao se transformar em um dos monstros. Como humano, as cápsulas lhe proporcionam também aumento do dano causado e precisão de arma.

O objetivo do jogo é matar o maior número de jogadores possível. Todos começam como humanos, mas se transformam em alguma criatura ao morrerem, cuja criatura “escolhida” dependerá da quantidade de cápsulas que você coletou anteriormente. Diferente dos humanos, as criaturas não tem uma vida fixa, ela vai baixando conforme vai jogando e, ao sofrer dano, ela reduzirá ainda mais rapidamente. Você recebe pontos ao derrotar outro jogador e perde um pouco ao morrer. Ao se vingar do jogador que o matou como humano, sua pontuação será dobrada.

Para deixar tudo ainda mais caótico, quanto mais a partida se aproxima do final, mais destacados os itens a serem coletados ficam, deixando-os visíveis a distância, o que faz os jogadores correrem para eles, quase sempre culminando em uma disputa para ver quem pega primeiro.

Cada personagem conta com habilidades especiais únicas e armas diferenciadas, os monstros também possuem ataques e habilidades especiais que inclusive referenciam aos jogos da franquia. Embora seja até divertido jogar um pouco com as criaturas, há um balanço desproporcional entre os personagens que torna a experiência muito frustrante.

Diversos personagens são completamente desbalanceados, com as habilidades certas o jogador pode travar o inimigo na parede e atacá-lo sem a possibilidade de escapar. E a forma como os monstros causam muito mais dano faz você pensar que vale mais a pena morrer logo para começar a caçar os inimigos e marcar mais pontos. Outro problema no jogo é a forma como a pontuação funciona, pois independente de você ter tirado 95% da vida do inimigo, se outro jogador finalizá-lo, ele receberá a pontuação no seu lugar.

Os gráficos do jogo também são bem inferiores aos lançamentos principais da franquia, o que não seria necessariamente um problema se ele tivesse uma direção de arte que soubesse trabalhar isso (como é o caso de Fortnite), então o jogo oferece um um filtro que torna o visual parecido com o de histórias em quadrinhos para amenizar a situação.

Enquanto o som é bem imersivo, a exemplo dos tiros, passos e sons de coleta de itens ajudando a identificar a posição dos seus inimigos, a trilha sonora foi pouco agraciada. O jogo conta com a quantidade incrível de uma única música de batalha, as duas partes de “The Looming Dread“, a trilha sonora do quarto Sobrevivente do Resident Evil 2 (2019). Eventualmente, isso faz com que o jogador tenha vontade de deixar no mudo e ligar o Spotify.

Um universo de conexões instáveis

Um ponto positivo é o fato de se encontrar partidas muito rapidamente. Não me peguei nenhuma vez esperando mais que 1 minuto para que todos os jogadores fossem conectados. Como as fases são curtas, fica fácil encontrar outros jogadores para começar a matança.

Já em relação à estabilidade das partidas, bom, isso deixou um pouco a desejar. Assim como Resistance, Re:Verse tem conexão peer to peer, sem servidores dedicados. Assim, sem uma internet super potente, fica difícil jogar sem lags e, principalmente, sem que as partidas caiam. Isso é um acontecimento comum. Ao começar a rolar os lags, se prepare que logo sua partida irá cair. Digamos que a instabilidade e as quedas foram algo recorrente em cerca de 30% do tempo em que jogamos.

O pior de tudo é que ao encontrar algum jogador assim, você sai prejudicado, já que eles não sofrem dano. Com certeza irá acabar gastando munições ou habilidades com alguns desses, prejudicando a sua partida.

Fase final

No fim, Re:Verse é divertido? Sim, principalmente se puder reunir os amigos e fechar uma sala, mas o jogo não é divertido por mais do que cinco minutos. Diversos problemas de balanceamento, limitações de customização e problemas de conexão tornam a experiência terrivelmente frustrante. Mesmo que o jogo funcionasse bem, seus problemas são intrínsecos à sua concepção e a provável falta de suporte da Capcom já garantiu mais jogo online natimorto da série Resident Evil.

Esta análise foi feita com base na versão de PlayStation 4. O jogo é cross-platform e está disponível gratuitamente para quem adquiriu Resident Evil Village em algumas plataformas. Resident Evil Re:Verse só foi lançado no Playstation 4, Xbox One, PC (Steam), além de Playstation 5 e Xbox Series X|S através de retrocompatibilidade.

Pontos positivos:
Divertido (quando dá pra jogar);
Boa variedade de personagens para o início;
Encontra-se partidas rapidamente;
Habilidades exclusivas do Battle Pass.
Pontos negativos:
A conectividade P2P prejudica na jogabilidade;
Somente duas fases em seu lançamento.
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