Okami HD - artwork

Análise – Okami HD – Nintendo Switch

Com o anúncio de que Okami ganhará mais uma sequência – sim, mais uma, pois já existe uma para o Nintendo DS, intitulada Okami Den, que quase ninguém conhece… – resolvi revisitar o jogo. Meu primeiro contato com Okami foi na infância, com o título de PlayStation 2, há mais de uma década atrás. Queria saber o quanto minha memória nostálgica me enganaria, ou não, ao rejogar. 

A Deusa do Sol, Amaterasu

Okami HD



Talvez você só conheça Amaterasu por causa de suas participações em outros jogos, como Marvel vs. Capcom 3, provavelmente o jogo mais famoso em que ela mostrou seu focinho. 

Mas afinal, porque uma Deusa tomaria a forma de um lobo? A história de Okami gira em torno de uma lenda antiga, quando uma terrível serpente de oito cabeças, conhecida como Orochi, aterrorizava a aldeia de Kamiki. Um guerreiro chamado Nagi e uma loba branca chamada Shiranui (a encarnação de Amaterasu no mundo mortal), unindo forças, conseguem  derrotar Orochi, selando-o em uma caverna. Shiranui, no entanto, não resiste aos ferimentos da batalha, mas sua coragem e sacrifício, assim como o guerreiro Nagi, ficam eternizados para sempre. 

Infelizmente 100 anos depois, Orochi é libertado. A criatura começa a espalhar caos e corrupção pelo mundo, drenando a vida e a energia da terra. A deusa do sol, Amaterasu, é então reencarnada na forma de uma loba branca mais uma vez, com a missão de salvar a todos.

Okami traz uma história muito boa, bem contada e cativante em todos os aspectos. Não só isso, mas também apresenta uma gama de personagens em sua maioria interessantes, sejam eles parte da história principal ou então como partes de alguma missão secundária. Toda a construção do mundo é interessante e bem feita, não deixando nada a desejar nesse quesito. 

Okami é totalmente inspirado na cultura japonesa, desde seus conceitos, lendas, Panteão de Deuses, cultura, design e afins. Nippon, o lugar em que se passa a aventura de Amaterasu e Issun, é uma versão fantasiosa do Japão Feudal, Orochi é uma criatura maligna de fato das lendas japonesas, assim como Amaterasu e outros Deuses que compõem a história de Okami.

A escolha de seu design, em Cel-Shading caiu como uma luva para o título e sua temática nipônica. Com toques que fazem Okami parecer uma verdadeira pintura tradicional japonesa.  Não apenas isso, mas a escolha da trilha sonora casa perfeitamente com o ambiente em que somos transportados para o jogo, dando a ascensão de estar viajando pelo Japão feudal. 

A parte que deu errado

Okami HD

Infelizmente, Deus nenhum pode salvar o maior defeito de Okami: seu ritmo ruim! Desde seu início até seu último segundo, o jogo conta com inúmeras interrupções, muitas vezes desnecessárias de diálogos, que quebram totalmente o ritmo do jogo, deixando ele cansativo depois de um certo tempo jogando.

É muito incômodo ser parado a cada passo, luta, novo lugar descoberto e afins pelo Issun para que ele possa explicar alguma coisa que muitas vezes não era preciso, ou então acabar com algum comentário que poderia ser feito em outro momento para não estragar o ritmo do jogo. 

No começo, é possível pensar que é porque o jogo está te ensinando as mecânicas, mas quando isso persiste até depois da metade da jornada, se torna desmotivador.

Infelizmente outro ponto negativo, muito por conta desse ritmo quebrado que o jogo tem, é que ele se torna maçante após a primeira metade do jogo. Na verdade a impressão que dá, é que ele era pra ter acabado na primeira metade, devido aos acontecimentos. Tudo se passa também muito rápido nessa primeira parte, e isso não é nem um pouco ruim, mas sabemos que não seria o fim, pois Amaterasu precisava recuperar 13 de suas técnicas divinas, que ela não as tinha por completo. 

Dessa parte em diante o jogo começa a ficar arrastado, com tudo demorando demais para acontecer, prolongando missões principais que parecem nunca ter fim. Aquele ritmo de história acelerada vista no começo desaparece completamente. Não só isso, mas personagens importantes da primeira parte desaparecem, sem mais nem menos, mudando o foco completamente do que havia de mais importante no começo. 

Junte isso com a quebra constante do ritmo de jogo e você passará a segunda metade da jornada desejando o fim mais do que tudo, mesmo que a história de modo geral ainda continue interessante. 

Combate, rápido e fácil

Devo admitir que Okami foi um dos jogos com combate mais fáceis que já joguei na vida, e isso é ótimo! Considerando seu ritmo de jogo que é interrompido a cada instante, se somado a um combate complexo, poderia ser muito desinteressante. 

Amaterasu conta com 3 tipos de armas diferentes, que de modo geral se resumem a golpes corpo a corpo, um chicote e uma espada. Existem variações dessas armas, que mudam algumas habilidades passivas, mas seus golpes serão os mesmo independente do seu “modelo”.

A Deusa pode equipar 2 armas, uma primária, a que vai usar para bater nos inimigos e uma secundária, que pode variar de função a depender do tipo e modelo de arma escolhida. Ela pode ser, por exemplo, um escudo que se usado no momento exato de levar o golpe reage com um contra ataque. Ou então, pode funcionar com uma arma fraca de longo alcance que dispara balas de tintas, ou quem sabe ainda, ter um golpe adicional de dano para complementar a arma principal. 

A estratégia de como usar é totalmente sua, além de poder trocar livremente entre elas a qualquer momento. Embora não haja um botão de troca rápida entre as armas, abrindo o menu e fazendo isso, você leva menos de 1 minuto! 

O fim da lenda

Devo admitir que em minhas memórias de infância, gostava bem mais de Okami do que rejogando agora. É claro, meu senso crítico mudou bastante, além de ver as coisas de modo diferente hoje em dia.

Okami tem seus pontos altos e baixos como qualquer obra, e embora eu tenha me sabotado por causa da nostalgia, talvez elevando demais minhas expectativas ao rejogá-lo, ainda é um bom jogo.

Okami HD tem versões para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC via Steam.

Pontos positivos:
Excelente história e personagens no geral;
Combate fácil e simplificado.
Pontos negativos:
Quebra de ritmo constante de jogo;
Jogo arrastado da metade pro fim.
7