Arte: TheRedsGamer

Análise – Resident Evil Survival Unit – Mobile

Após sua rápida passada em terras brasileiras na Brasil Game Show, o game Resident Evil Survival Unit, desenvolvido em uma parceria entre JOYCITY Corporation, Aniplex Inc. e Capcom, estreou no dia 17 de novembro de 2025.

Torcendo o nariz e esperando algo “a mais” por ser nossa franquia favorita, Survival Unit veio para tentar mostrar ao público que consegue fazer o terror funcionar em um game mobile. Pequeno spoiler: não, não consegue…



Raccoon City all over again…

Resident Evil Survival Unit começa com o prólogo do personagem Jogador (é isso mesmo que você leu, o nome do personagem principal do game é Player) acordando em uma espécie de hospital, meio desnorteado e não sabendo o que aconteceu. Mesmo com as memórias confusas e uma dor de cabeça daquelas, o Jogador lembra que dirigiu por 20 horas para chegar em Raccoon City, indo até o hospital da cidade para procurar os seus pais, mas não se lembra do que aconteceu para ter desacordado e como conseguiu parar naquela situação.

 

Saindo e explorando o local em busca de informações do que possa ter acontecido, o Jogador acaba encontrando o hospital totalmente abandonado, vazio e bagunçado, pegando o máximo de informações em notas, arquivos e folhetos. Ao tentar encontrar respostas, o Jogador acaba se deparando com um zumbi. Na saída do hospital, damos de cara com uma cidade totalmente caótica e com mais zumbis em plena noite do dia 29 de setembro.

Encontramos com nada mais, nada menos do que Claire Redfield, que salva o Jogador de um novo ataque. Nos unimos e nos abrigamos na Delegacia de Polícia de Raccoon City (R.P.D.). Após explorarmos o local com Claire, Marvin Branagh e Kate Anderson (munícipe e sobrevivente que se abrigava na R.P.D.) se juntam para que toda a equipe, agora, saia do local onde achavam estar seguros.

Por mais que a Redfield e Marvin decidam ficar na cidade por mais algum tempo para resolver assuntos pessoais, o Jogador e Kate partem subsolo abaixo da delegacia, levando quase que um dia inteiro para sair da cidade e, na manhã do dia 1º de outubro, conseguem chegar nas Montanhas Arklay.

Avistando uma mansão em plena floresta fechada, o Jogador e Kate correm para lá para se protegerem das criaturas que perambulam pela floresta, onde ambos têm a ideia de criar uma base de operações para ajudar quem estiver tentando sobreviver, saindo de Raccoon City, fazendo de tudo para eliminar o máximo de ameaças possíveis naquela região.

E é aqui que começa todo o sistema de Resident Evil Survival Unit!

A Nova Mansão Spencer

Se assemelhando muito ao que alguns possam ter experimentado em Fallout Shelter, outro jogo de gerenciamento de bases, Resident Evil Survival Unit junta o gênero survival horror com estratégia: o principal objetivo aqui é proteger a sua base de operações!

No princípio, todo esse começo de Survival Unit é um capítulo rápido que junta exploração, puzzles e câmera fixa, ensinando o básico do game e tentando cativar os jogadores já nativos da franquia. Após toda essa exploração bem ao estilo dos jogos clássicos de Resident Evil, o game já muda para seu gênero estratégico, com o gerenciamento de base. O jogador precisa gerenciar recursos, recrutar heróis, soldados e fazer melhorias de edifícios de sua base operacional. Tudo o que fazemos no game é gerar recursos para sustentar e fazer a mansão crescer.

Os recursos principais e coletados aqui são: Alimento, Madeira, Petróleo e Ferro. Para melhorar e upar as construções que irão ser desbloqueadas durante a jogatina, e para treinar toda a sua equipe de heróis e recrutas, serão necessários muitos desses recursos.

Os Edifícios que estão na base são:

  • Posto de Comando: permite convocar um agrupamento poderoso contra o inimigo;
  • Antena: onde é possível verificar informações sobre inimigos que espionam ou atacam sua base;
  • Kill House/Arena Tática: aqui, o jogador pode desafiar outros e suas equipes para batalhas com os seus melhores heróis; quem vence, ganha grandes recompensas; quanto maior o ranking, melhores recompensas virão;
  • Centro de Tratamento Intensivo: gastando o item Vitalidade por aqui, é possível tratar feridos graves e reforçar as tropas perdidas em combate;
  • Campo de Tiro: local para treino de Atacantes;
  • Quartel: local para treino de Defensores;
  • Hospital: onde é possível tratar tropas feridas;
  • Laboratório: local para pesquisas científicas e tecnológicas; aqui se é melhorado partes específicas da sua base, como redução de tempo de construção, geração de mais recursos, entre outros;
  • Mansão: centro e o coração da base; é necessário melhorar esse edifício para se ter acesso a demais melhorias conforme se avança no jogo;
  • Portão de Defesa: protege a base contra ataques inimigos;
  • Fazenda: produz Alimento;
  • Serraria: produz Madeira;
  • Instalação de Combustível: produz Petróleo;
  • Depósito de Materiais: produz Ferro;
  • Armazém de Recursos: armazena recursos e os protege contra inimigos;
  • Centro da Aliança: onde os membros da Aliança podem enviar e receber ajuda e tropas de reforços;
  • Mercado Negro: loja de venda e troca de materiais para obtenção de itens especiais.

Tem Recurso aí?

Resident Evil Survival Unit se torna, a partir daqui, uma caça de missões, eventos e afins, para que o jogador consiga cada vez mais recursos para melhorar sua base/mansão. Enviar uma equipe de heróis e recrutas para as missões do Radar, missões de Eventos ativos e caça de coletas de recursos por todo o mapa aberto será uma preocupação das grandes. O que mais você irá fazer nesse game é caçar recursos!

Aqui entra, na minha opinião, o sistema mais chato em um game de estratégia assim: o tempo!

Para uma pessoa ansiosa, como eu, é realmente desafiador ficar esperando horas, em tempo real, para melhorar um edifício, treinar um recruta, coletar recursos em missões e pesquisas para melhorar a base.

Em Resident Evil Survival Unit o que mais gostei foi do sistema de Aliança. O jogador que se juntar a um grupo (uma Aliança) terá as mais diversas ajudas possíveis, desde melhorar a sua base reduzindo o tempo necessário para a construção de edifícios ou até se juntar a um agrupamento para eliminar inimigos juntos. Neste caso, é possível tanto solicitar ajuda em um agrupamento quanto ajudar em um agrupamento já solicitado dentro de sua Aliança.

Aliança oficial do REVIL dentro do game, Mundo #27

Toda ajuda gera recompensas, algo que facilita e muito na melhoria da base!

Os Sobreviventes e Heróis de Raccoon City

Survival Unit fisga a atenção dos jogadores natos da franquia para esse game pelo simples fato de ser possível ter alguns dos nossos personagens principais favoritos sendo, mais uma vez, levados ao horrores nostálgicos da Raccoon City em seu setembro de 1998.

Há referências e personagens de Resident Evil 2 e 3 à Resident Evil Outbreak, Resistance e Operation Raccoon City. Cada personagem conhecido aqui tem sua habilidade principal e sua perícia, em níveis que vão de Raro, Épico e Lendário:

  • Claire Redfield (lendário): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Participação em Agrupamento;
  • Jill Valentine (lendário): sua principal função é ser Patrulheiro, com perícia em Participação em Agrupamento; Tendo um bônus de Defesa;
  • Ada Wong (lendário): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Desenvolvimento; Tendo um bônus de Especialista em Combate;
  • Carlos Oliveira (lendário): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Defesa;
  • Leon S. Kennedy (lendário): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Participação em Agrupamento; Tendo um bônus de Especialista em Combate;
  • Barry Burton (épico): sua principal função é ser Patrulheiro, com perícia em Aberração;
  • Marvin Branagh (épico): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Defesa;
  • Alyssa Ashcroft (épico): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Aberração;
  • Mark Wilkins (épico): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Participação em Agrupamento;
  • Katherine Warren (épico): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Coletar;
  • Tyrrell Patrick (épico): sua principal função é ser Patrulheiro, com perícia em Desenvolvimento;
  • Becca Woollett (épico): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Participação em Agrupamento;
  • Tyrone Henry (épico): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Desenvolvimento;
  • Murphy Seeker (raro): sua principal função é ser Atacante, com perícia em Coletar;
  • Mikhail Victor (épico): sua principal função é ser Patrulheiro, com perícia em Desenvolvimento;
  • Robert Kendo (épico): sua principal função é ser Defensor, com perícia em Coletar;
  • Brad Vickers (raro): sua principal função é ser Patrulheiro, com perícia em Coletar.

Os heróis podem ser adquiridos com itens na aba de Recrutar Herói, sendo possível conseguir personagens de níveis Raros e Épicos bem mais fáceis. Personagens Lendários darão um pouquinho mais de trabalho, sendo necessárias várias tentativas para consegui-los. Pelo o que foi analisado pela Equipe REVIL que tem jogando o game desde o seu lançamento, somente o Leon S. Kennedy e Jill Valentine exigem compras diretas dentro de Resident Evil Survival Unit.

Como foi revelado aqui pelo REVIL, Chris Redfield, Sherry Burton e Excella Gionne podem aparecer em uma futura atualização do game.

Nostalgia Toma Conta

Survival Unit, como mencionado pelo REVIL em notícias, nada mais é do que “uma Raccoon City alternativa, com eventos entre Resident Evil 2 e Resident Evil 3 acontecendo”. O prólogo em si já contém de tudo o que vimos nos primeiros jogos do Resident Evil: Hospital, R.P.D. e as Montanhas Arklay. Juntando isso a uma câmera nostálgica fixa e uma pequena gameplay de exploração logo no começo, com puzzles e files, já anima qualquer jogador a continuar investindo no game.

Porém, a alegria dura pouco: com mais ou menos 30 a 40 minutos de gameplay, o game já muda para sua foco principal, que é o gerenciamento de recursos.

Resident Evil Survival Unit, como já dito, puxa muito a nostalgia de um jogador nato da franquia. É lindo, sim, ver a R.P.D. novamente em um jogo mobile. É nostálgico ver o Mercador tentar te vender seus itens misteriosos. É maravilhoso ouvir a soundtrack “Raccoon City” de Resident Evil 2 Remake quando se está no mapa, e maravilhoso também escutar a soundtrack “R.P.D. Hall” de Resident Evil 2 Remake quando se está na base.

O jogo até chega a encantar os jogadores brasileiros pela localização para o português que está bem caprichada, algo que os produtores Jay Park e Chan Hyum Kim destacaram falando da importância da comunidade nacional para o sucesso do jogo. As legendas estão perfeitas, de ótimo entendimento e, ao que presenciei, sem erros.

O P2W-Vírus

O que mais dificulta em continuar jogando e se dedicando a Survival Unit é o sistema mais desequilibrado desses jogos de estratégia: as compras dentro da plataforma. Não é de hoje que o termo pay-to-win causa dor de cabeça em qualquer jogo em que é implantado, e o sistema aqui nesse jogo nem é colocado à toa; os jogadores realmente desembolsam bastante dinheiro real para comprar os itens para melhorar ainda mais rápido sua base e seus heróis, obtendo até muito mais vantagens em atacar uma base em construção, coisa que é possível nesse game.

Eu mesma tentei jogar o máximo que pude sem desembolsar um real sequer dentro do game, mas chegou uma parte que a minha base simplesmente “parou”. Eu não conseguia mais melhorar meus heróis e muito menos as construções na minha base – e quando eu conseguia, demorava muito. Ficou ainda pior quando a minha base começou a ser atacada, onde tive que usar um bom tempinho para recuperar o que foi perdido.

Não consegui melhorias grandes também com a minha Aliança. Acabei não participando mais de alguns eventos que ficaram disponíveis no game, pois um dos requisitos era ter um nível maior na Aliança. Isso acabou me desanimando muito em continuar jogando o game.

Outras pessoas do REVIL também tiveram essas mesmas dificuldades, tendo que lidar com os diversos ataques sofridos em suas bases e tentando reconstruí-las.

Vale a pena?

Resident Evil Survival Unit é até que viciante para aqueles que curtem construir e gerenciar mundos, e que já estão acostumados a jogar games assim. Para aqueles que realmente se dedicam a jogos de estratégias desse estilo, Survival Unit requer paciência e muito investimento financeiro para manter sua base melhorada. É até bonito e emocionante de se ver uma mansão bem forte no coração das Montanhas Arklay, que junta personagens icônicos da franquia lutando lado a lado contra zumbis e criaturas provindas da Umbrella Corporation.

Para os jogadores mais assíduos da franquia, que só querem testar o jogo pela nostalgia, esse sentimento vai durar somente nas primeiras horas de gameplay, infelizmente, onde a raiva e sentimento de injustiça vai começar a preencher essa “nostalgia”. Sim, esquece terror aqui e lembre-se que esse game foi feito somente pelo puro fan service acessível pelo celular (no qual eu ainda prefiro mil vezes o jogo TEPPEN).

Resident Evil Survival Unit está disponível no Brasil via App Store e Google Play.

Pontos positivos:
A nostalgia Raccoon City é sempre bem-vinda;
Vibe de cenários e trilha sonora gostosinho de jogar;
PT-BR bem trabalhado.
Pontos negativos:
Pay-to-win desequilibra tudo;
Níveis altos para participar de eventos semanais desanima;
Tempos considerados longos para melhorias na base;
Não é possível escolher o Mundo em que sua base está logo de início, sendo difícil jogar com os amigos.
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