Arte: Frank Alcântara

Análise – Resident Evil Village Gold Edition – Xbox Series S

Após seu primeiro ano de vida, Resident Evil Village finalmente recebeu suas tão aguardadas DLCs. O que foi prometido ser um adicional gratuito, a expansão dos Winters, será cobrada, ou pra quem ainda não comprou o jogo base, ela virá na edição ‘Gold’ do jogo.

O REVIL recebeu com antecedência todo o novo material, que sairá no dia 28 de novembro. Confira o que eu achei dos conteúdos rodando em um Xbox Series S.

VILLAGE REVISITADO

Resident Evil 7: biohazard foi o começo de uma nova era na franquia, onde o terror de sobrevivência havia se perdido durante um certo período na produção dos jogos. Com o retorno ao terror, a Capcom investiu pesado em vários elementos para trazer de volta aquele público que acompanhava a franquia desde seu lançamento, em 1996.

O grande diferencial com Resident Evil 7 foi o choque que levamos ao saber que o protagonista seria uma pessoa nova para o público e o ponto crucial é que o jogo seria em primeira pessoa, onde o jogador se vê dentro do jogo, uma sacada da Capcom em deixar a experiência muito mais imersiva e realista do que suas versões anteriores. Um dos pontos positivos é que ao utilizar o óculos VR, na versão de PlayStation 4, o jogador era realmente Ethan Winters.

A proposta deu certo até certo ponto. Muitos jogadores torceram o nariz para a nova abordagem da empresa. E não só isso, tem quem passe mal ao jogar títulos no formato primeira pessoa, como CS, DOOM, Valorant e jogos de terror como Outlast e Resident Evil 7. Eu fui uma das pessoas que comprou o VR, mas só conseguia utilizar o equipamento por no máximo 20 minutos sem começar a transpirar frio e passar mal.

Village veio na mesma pegada, mesmo com o feedback do seu antecessor, os produtores já estavam com um planejamento de encerrar o arco dos Winters não em um único jogo, mas expandindo isso para os próximos lançamentos. Porém, a Capcom vem ouvindo cada vez mais a comunidade de RE, tanto lá fora quanto aqui no Brasil, e, após um ano de espera, foi anunciado que Village teria um modo em terceira pessoa. Isso só foi possível graças à insistência de fãs e modders de computador, que conseguiram transformar RE7 jogável em terceira pessoa. Isso se espalhou de uma forma muito positiva pela internet e a Capcom não é nem um pouco boba e trouxe esse recurso para o oitavo título numerado da franquia.

Começando o jogo em terceira pessoa dá pra dizer que a Capcom conseguiu transformar Village em um jogo completamente novo. Eu consegui jogar três horas seguidas sem ver o tempo passar nem sequer passar mal ou ficar enjoado.

O modo em terceira pessoa garante uma vida nova ao jogo e o fator replay fica ainda mais prazeroso. Agora você consegue perceber todos os elementos em volta de Ethan, e os detalhes são impressionantes. Eu tive a oportunidade de fazer transmissões ao vivo no lançamento, no PlayStation 4, através do YouTube do REVIL e o jogo já estava muito polido e sem bugs ou coisas que fizessem minha gameplay menos excitante. Agora, eu testei a versão do Xbox Série S e redescobri um jogo completamente fascinante. Os detalhes e melhoramentos aplicados nessa versão são de tirar o fôlego.

A movimentação de Winters é muito ‘macia’ e tranquila. Durante a gameplay percebemos quando o terreno está mais pesado, com as passadas na neve, ou até mesmo quando estamos descendo uma ribanceira, Ethan faz todos os movimentos muito bem colocados para aquele terreno. Outro detalhe são as transições de um cômodo para outro através das janelas ou até mesmo em cercas na parte externa, Ethan acaba fazendo uns movimentos a lá parkour quando você pressiona o controle pra ele correr, ou se você vai com mais suavidade, ele tende a pular o obstáculo com mais leveza.

Os loadings na versão do Series S são inexistentes, é tudo muito rápido e fluído. O cabelo do personagem reage a cada situação, interna e externa, de movimento, com vento ou na ausência dele. Agora, é possível também ter uma certa noção de onde você pode se esconder e passar por inimigos sem ser visto, quando agachamos com Ethan fica muito mais fácil, visualmente, se esconder atrás de algum móvel ou escombro para evitar algum inimigo, inclusive dentro do castelo quando Lady D está atrás de nosso herói, é possível esperar agachado perto das estátuas, que ela vai só dar uma olhadinha pra trás e continuar as buscas por Ethan sem que ele seja percebido ali.

Uma coisa que me incomodou nessa versão, e eu não lembro de ter passado por isso no PS4, é o carregamento de texturas durante a gameplay. Às vezes você está parado na frente de uma parede toda ornamentada em ouro e demora alguns segundos para carregar completamente a textura do local, em alto relevo. Perde um pouco da ‘magia’ e da beleza do local, mas nada que vá prejudicar a experiência final do jogador.

Com os pontos acima registrados, é certo que Resident Evil Village e a expansão dos Winters são excelentes opções para quem não conseguiu jogar no lançamento por problemas com a câmera em primeira pessoa. Agora, o jogo toma uma direção nova, e com isso atrairá novos jogadores para o sombrio mundo do survival horror que tanto amamos.

AS SOMBRAS DE ROSE

16 anos se passaram e Rose Winters é uma adolescente que busca por respostas, e, com isso, acaba entrando numa aventura muito além de seus conhecimentos.

O jogo começa com ela buscando algumas respostas e soluções para um grande problema que a aflige desde que começou a interagir com outras pessoas. Rose busca o auxílio de alguém que a possa ajudar de forma rápida e precisa. Com isso, é levada até um laboratório onde há ainda um pedaço do Metamiceto que guarda as informações de tudo o que ocorreu há mais de 16 anos, quando seu pai foi levado contra sua vontade.

Irmã, é você?

Rose, de alguma forma, consegue voltar ao vilarejo onde se passa toda a trama de Resident Evil Village, e, com isso, ela parte em busca de respostas e a solução para seu problema: ela descobre que os poderes, que ela herdou de seu pai, podem sumir com a ajuda de um objeto que está ali naquele universo paralelo.

A jogabilidade é muito fluida e segue o padrão da campanha principal, onde é possível ter noção de espaço e inimigos a sua volta e o modo ‘stealth’ ajuda e muito quando jogamos com Rose.

Os locais por onde passamos são lembranças deturpadas de quem por ali já passou, porém, alguns lugares confundem nossa cabeça e acabam deixando a gameplay ainda mais intensa e desafiadora. Jogando a campanha principal e a sombra de Rose você acaba entendendo, via arquivos, o motivo das coisas estarem ali, porém tão bagunçadas e diferentes.

A dificuldade testada nesta análise foi a padrão, tanto para a campanha principal quanto para a DLC. O jogo vai evoluindo aos poucos e indicando o que você precisa fazer logo no início, como se fosse um tutorial, e você acaba pegando o jeito de administrar seus equipamentos e habilidades. Eu acabei morrendo algumas vezes durante a gameplay tentando entender cada detalhe de cada momento, mas logo em seguida, já consegui passar da parte em questão mais tranquilamente.

As batalhas contra os inimigos dessa DLC são bem intensas, claro, você é uma adolescente de 16 anos sendo guiada numa espécie de ‘sonho’ coletivo e ainda está a procura de respostas e uma solução para os seus problemas. Mas o jogo segue o seu ritmo e não deixa nada tão difícil ou complicado. Algumas lutas contra sub chefes deram um pouco mais de dor de cabeça, mas você acaba recebendo uma ‘ajudinha’ muito especial durante toda a jogatina da DLC, o que não facilita em nada sua vida, mas ajuda e muito no final de cada batalha.

Os quebra-cabeças são um dos pontos altos nessa DLC. Alguns são bem familiares e remetem a outros jogos da franquia, enquanto outros puzzles são mais intuitivos e você tem que ser rápido na resolução se não acaba indo pro limbo.

Durante a gameplay, eu cheguei a pensar por algumas vezes que se a Capcom tivesse insistido num nono título da franquia para encerrar o arco dos Winters teria dado certo também, mas a abordagem da história em forma de DLC foi algo mais ‘simples’ para a ocasião e fecha, ainda com aquela sensação de quero um pouco mais da história dessa família.

OS MERCENÁRIOS – ORDENS ADICIONAIS

Logo quando saiu VILLAGE e foi anunciado o modo mercenários, eu fiquei super empolgado, porém com dúvidas, já que até o momento era possível de se jogar somente com Ethan, e ele não tem rosto!! E sim, um dos modos mais queridos pelos fãs da franquia também recebeu o tratamento em primeira pessoa. Eu dei uma chance e cheguei a jogar algumas partidas logo no lançamento e desisti, por que passava muito mal com a movimentação rápida dos personagens e inimigos, e assim deixei os mercenários de escanteio.

Resident Evil “Revengeance”

Agora, a Capcom revive o modo e ainda trás mais três personagens para o elenco: Chris Redfield, Lady Dimitrescu e Heisenberg. Jogando com Chris eu senti logo de cara que o jogo estava mais equilibrado e a movimentação não me afetou tanto. Consegui passar de alguns estágios sem problemas e não passando mal.

Mas a GRANDE estrela do modo é com certeza a nossa vampirona. Arremessar uma estante nos inimigos é MUITO BOM. O jogo recebe esse fator replay pesado com a nova adição desses novos personagens e fica muito mais divertido também.

ACESSIBILIDADE

Um dos pontos altos que eu observei e achei importantíssimo nessa versão de Resident Evil VILLAGE foram as opções de acessibilidade. Certa vez, em live de um título antigo da franquia, duas pessoas perguntaram se não havia legenda para que eles pudessem acompanhar a jogatina e, infelizmente, em jogos antigos, não era comum ter legenda ou tradução.

VILLAGE vem com várias opções de acessibilidade, desde o tamanho das legendas, cor (branca ou amarelo ‘ouro’), tarjas para destacar ainda mais as legendas entre outras opções.

Vale lembrar que essa inclusão é muito importante e que cada vez mais jogos e empresas estão incluindo em seus títulos essas ‘facilidades’ para que todos possam aproveitar ao máximo a experiência do jogo.

Composição da nota

Resident Evil Village (jogo e terceira pessoa): 10

Sombras de Rose: 9.5

Os Mercenários – Ordens Adicionais: 7

NOTA FINAL (considerando a divisão entre os três): 8.8

Resident Evil Village Gold Edition e os conteúdos adicionais da Expansão dos Winters e Os Mercenários vão estar disponíveis a partir de 28 de outubro com dublagem em português do Brasil.

Colaborou com a revisão deste conteúdo: Marcelo Rovai

Imagens do modo Sombras de Rose e de Os Mercenários – Ordens Adicionais são de materiais fornecidos diretamente pela Capcom. As demais capturas de Resident Evil Village Gold Edition foram realizadas pelo autor da análise no Xbox Series S.

Gostaria de deixar meu agradecimento à assessoria de imprensa da Capcom Brasil por cederem as cópias utilizadas nas análises de Xbox Serie S, PC e PlayStation 5, assim atendendo a todos os públicos com nossas análises.

Nota final
Pontos positivos:
Jogabilidade fluída;
Combates mais precisos;
Acessibilidade;
Fator replay.
Pontos negativos:
Carregamento de textura demora alguns segundos;
Batalhas um pouco travadas da DLC Sombra de Rose;
Preço da DLC (que foi anunciada como gratuita).
8.8