Crítica – Resident Evil 6: O Capítulo final (COM SPOILERS)

O último filme da franquia em live-action dirigida por Paul W.S. Anderson, chamado de Resident Evil 6: O Capítulo Final teve o arco da protagonista Alice encerrado no dia 26 de janeiro de 2017 nos cinemas brasileiros. E você pode conferir abaixo uma análise mais detalhada e com spoilers sobre o sexto e último filme da franquia. Se você não quer ler spoilers sobre a história do filme, você pode conferir nossa análise sem spoilers.

A análise a seguir CONTÉM SPOILERS.

“Meu nome é Alice”

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Como todos as sequências de filmes da série, os primeiros minutos do longa são dedicados á uma recapitulação de tudo que aconteceu nos filmes anteriores narrados pela personagem central: Alice, interpretada pela atriz Milla Jovovich. O diretor e roteirista Paul Anderson conseguiu fazer um bom trabalho neste início, pois até quem não assistiu os outros filmes, ou parou em alguma das sequências, consegue entender o motivo de todo o apocalipse zumbi e as conspirações envolvidas. Essa cena mostra como o T-vírus se espalhou pelo mundo  e que não foi por por um vazamento indireto. Alice começa contando como foi fundada a empresa farmacêutica Umbrella e o verdadeiro criador do T-vírus: O Dr. James Marcus, que por conta de uma doença quase incurável de sua filha Alicia, usou o agente viral para que ela pudesse sobreviver. No entanto, ele é assassinado por Wesker a mando de Isaacs. Parece que já vimos essa história antes não? (RE0 feelings) Em Resident Evil 2: Apocalipse o Dr. Ashford foi quem criou o vírus com o objetivo de “curar” sua filha que andava de muletas pois era doente. O Capítulo Final ignora totalmente esses fatos.

A única sobrevivente

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Diferente de Resident Evil 5: Retribuição, onde vimos cenários mais bonitos, ambientes limpos e personagens maquiados, nesse novo capítulo notamos o oposto: ambientes escuros, lugares claustrofóbicos, cidades totalmente destruídas e muita sujeira nos personagens. Além de trazer um tom a mais de apocalipse zumbi que já vimos em Resident Evil 3: A Extinção, também traz um clima de terror e suspense do primeiro filme, além dos cenários nostálgicos do mesmo.

Depois de ser traída por Albert Wesker, uma batalha acontece e a única sobrevivente é a Alice. O que acontece com os outros personagens não é citado, mas podemos considerar que todos eles não sobreviveram. Começamos o filme acompanhando a protagonista sobrevivendo sozinha na cidade de Washington toda destruída e com vários inimigos a solta. O silêncio da cena transmite um momento de tensão da personagem e para quem assiste. Mas, de forma previsível, o filme apresenta seus primeiros inimigos junto com as habilidades e inteligência da protagonista ao enfrentá-los. Um dos primeiros monstros a dar as caras, é muito semelhante ao que vemos no jogo Resident Evil 5: Popokarimu.

Rainha Vermelha do lado de Alice

Alice recebe uma mensagem da Rainha vermelha, que teve um grande destaque nesse novo capítulo. Interpretada pela filha de Milla, a carismática Ever Gabo Anderson roubou a cena como Rainha Vermelha, além de interpretar a personagem Alicia quando criança.

A inteligência artificial diz a Alice que há uma cura e que ela pode ser transportada pelo ar. Ela completa dizendo que a única esperança da humanidade é a Alice. É explicado que a Rainha Vermelha foi criada para servir a Umbrella e valorizar a vida humana. Ela também não pode se voltar contra a Corporação, porém ela consegue enxergar que Alice tem a intenção de ajudar a raça humana. Sendo assim, ela passa a cooperar com a heroína. Alice tem que correr contra o relógio, pois ela tem apenas 48 horas. E adivinhem só onde essa cura está localizada? Dentro da Colmeia na falecida Raccoon City!  É como a Milla disse:

“Ás vezes é preciso voltar ao início, para chegar no fim”

Ação e porradaria

Com o passar dos anos, podemos notar que o rumo da franquia de filmes foi indo para o lado da ação assim como nos jogos, mas neste sexto filme, podemos ver o retorno do clima de suspense que vimos em Resident Evil: O Hóspede Maldito, porém, equilibradas com muitas cenas de ação focadas na protagonista. A caminho de Raccoon City, a porradaria corre solta entre Alice e alguns soldados da Umbrella, e a moça até acaba tirando um sarro deles no meio da briga. Apesar das cenas de ação desse filme serem muito boas e bem feitas, diferente do anterior que até cabos você conseguia ver, os cortes são exagerados a ponto de incomodar ao assistir o filme, principalmente no 3D. E falando nele, o filme não foi filmado em 3D, igual a “Recomeço” e “Retribuição”, tornando o suporte totalmente desnecessário e até dificultando entender algumas cenas de ação com seus cortes de 1 em 1 segundo.

Alice acaba sendo capturada pelos soldados da Umbrella e desmaia. Ela acorda dentro de um veículo em movimento, onde há algumas pessoas prisioneiras de ninguém mais e ninguém menos que Dr. Isaacs, quem Alice achava que estava morto. Nota-se também que esse Dr. Isaacs tem uma personalidade um pouco diferente do que havíamos visto anteriormente. Mais pra frente do filme, é explicado o motivo. Nesse reencontro, o vilão amarra as mãos da heroína com uma corda amarrada no veículo e a obriga caminhar com uma horda de zumbis atrás dela. Mas claro que isso foi por pouco tempo, e ela consegue escapar. A porradaria corre solta de novo num confronto contra os discípulos de Isaacs e o próprio. No confronto, Alice acaba decepando a mão de Isaacs para ligar a moto da Umbrella e fugir dali.

Personagens secundários

Indo para Raccoon City, Alice acaba encontrando um prédio em seu caminho, onde acaba desmaiando e, mais tarde, reencontrando sua amiga Claire Redfield. Alice conta para ela que precisa voltar para a Colmeia em busca do antivírus para o salvação da raça humana. Com isso, Claire se voluntaria para ir ajudá-la, junto com outros sobreviventes, entre eles um personagem chamado de Doc, que tem um “romance” com Claire – um romance bem forçado e desnecessário, diga-se de passagem. Após um confronto entre os veículos do Dr. Isaacs no comando ao lado de uma horda de zumbis contra os sobreviventes do prédio, Alice e um comboio pequeno vão a Colmeia atrás da cura. Outro ponto negativo do filme são os personagens secundários que não são bem trabalhados e são bem pouco carismáticos. Tanto que eles aparecem em poucos momentos no decorrer do longa, pois praticamente todos morrem e não dão nenhuma importância para o enredo.

A Colmeia

Albert Wesker, que observa tudo dentro das instalações da Colmeia, vê o grupo se aproximando cada vez mais, e ordena que a Rainha Vermelha libere os Cerberus e outras armadilhas para atrasá-los e até matá-los. Chegando na Colmeia, a Rainha Vermelha diz para Alice que há um traidor entre eles. Em uma das armadilhas, os sobreviventes até então são separados, e Alice cai em uma espécie de sala onde há um Bloodshot, de Resident Evil 6. Assim como no jogo, ele também dá trabalho para a heroína, mas usando sua inteligência junto com suas habilidades, ela consegue derrotá-lo.

A conspiração

Perto dali, Wesker acorda o verdadeiro Dr. Isaacs, que na verdade esteve em uma câmara criogênica o tempo todo criou clones de si mesmo se proteger (o que explica o retorno do vilão nesse filme). Ponto pro Paul Anderson. Outro ponto positivo do enredo desse filme, foi uma cena mostrando toda conspiração de Dr. Isaacs com o fim da raça humana, que iria acabar por conta do nível alto do mar ou por fome. O plano de Isaacs era liberar o T-vírus pelo mundo, fazendo com que “reiniciasse” a humanidade, salvando apenas as pessoas de classe social alta que estariam dormindo em câmaras criogênicas, até que o processo fosse concluído. Isaacs fala que isso já aconteceu uma vez na Bíblia e que o plano dele poderia dar certo e acabar salvando-os do fim da humanidade. Ou seja, o T-vírus não escapou da Colmeia, pois tudo foi planejado pelos fundadores da Corporação Umbrella, incluindo o próprio Dr. Isaacs. Resumindo: o que falar da atuação de Iain Glen como vilão nesse filme? Ele consegue passar a crueldade nos olhos e é algo incrível de assistir, principalmente suas batalhas contra Alice, com a mistura de alguns diálogos característicos dos personagens.

A origem de Alice

Junto com Doc, à procura de Claire, Alice encontra o verdadeiro Isaacs com a cura em mãos junto com Wesker. Nessa sala é revelado que Doc é o traidor do grupo, e não é explicado o porquê, mas isso não surpreende, pois foi o único que sobreviveu até então, e Claire acaba matando-o mais tarde sem nem pensar duas vezes. Alicia entra em cena e surpreende a todos com sua aparência mais velha de Alice. A origem da protagonista que acompanhamos por 5 filmes é finalmente revelada: Alice é mais um clone de Alicia. Ela foi criada pela Umbrella, por isso que ela não tem nenhuma memória desde a mansão em Resident Evil: O Hóspede Maldito. A revelação choca a protagonista, algo que O Capítulo Final continuou a desenvolver desde Resident Evil 5: Retribuição: sentimentos mais bem trabalhados e mostrados nas telas. Alicia diz que Alice é até melhor do que ela como humana e, que por isso, acredita-se que ela é a chave e a única esperança para o resto da humanidade.

Alicia tem 50% da Corporação Umbrella em mãos e pretende acabar com a empresa. Ela usa isso a seu favor para matar o vilão Wesker com apenas uma frase, o que é decepcionante – ela o demite e, portanto,  ele pode ser atacado pela Rainha Vermelha. Alice entrega uma granada e faz com que Albert Wesker segure o botão dela, e diz que ele não vai aguentar ficar segurando por muito tempo, já que ele está gravemente ferido. Se formos contar todas as cenas que ele apareceu durante o Capítulo Final, deve dar no máximo uns 10 minutos, pra no final ele morrer sem nem ao menos lutar. Que fase hein Wesker?

A cura

Dentro da Colmeia, temos uma luta com Claire, Alice e Dr. Isaacs num elevador bem parecido com o que vimos no game Resident Evil 5, cheia de câmaras criogênicas com as pessoas que a Umbrella achou válido proteger. Outra decepção no filme é que a atriz Ali Larter, que dá vida ao papel da Claire Redfield: não tem nenhum destaque e até importância no decorrer do longa. Diferente de Resident Evil 4: Recomeço, a personagem não teve nenhuma cena de destaque dessa vez, apenas acompanhou a heroína Alice em suas batalhas, nada além disso. Depois da porradaria entre os três, Alice recupera a cura de Dr. Isaacs no corredor de lasers, onde há uma das melhores cenas de luta durante o filme. Com apenas alguns minutos para o fim da humanidade, ela precisa tomar uma importante decisão: soltar o antivírus no ar e matar todos os infectados do T-vírus, incluindo ela mesma ou deixar todos os sobreviventes morrerem.

O fim do ciclo

No desfecho da história, Alice consegue sair da Colmeia para liberar a cura no ar, porém é surpreendida com o verdadeiro e o clone stalker de Dr. Isaacs. Quando achamos que mais uma batalha irá acontecer, algo que não esperamos acontece: o clone de Dr. Isaacs mata o original por descobrir que o próprio é um clone. Em seguida, o mesmo acaba morto por vários zumbis. Alice derruba o frasco com a cura e desmaia. Todos os infectados do local são mortos, a Colmeia é destruída pela bomba nas mãos de Wesker que o mata, junto com Alicia.

Claire escapa e Alice acorda se perguntando o porquê dela ainda estar viva. A Rainha Vermelha aparece e conta que o antivírus só matou o vírus em seu organismo, e não as células saudáveis de seu corpo. A heroína também recebe as memórias salvas de Alicia durante sua infância, para que Alice possa ter um passado. Para a surpresa de todos, na cena final, Alice aparece montada em uma moto da Umbrella com uma criatura atrás dela. Ela diz que a luta ainda não acabou, deixando o final em aberto, caso haja uma futura sequência do filme. Será? 

Veredito final

O filme tem um desfecho que tenta amarrar o máximo de todas as histórias contadas nos 5 filmes anteriores. Paul foi bem criativo em contar como realmente o T-vírus se espalhou pelo mundo e como a Corporação Umbrella foi fundada, tendo inspiração no jogo da franquia Resident Evil Zero, algo que não era de se esperar. A explicação com a volta de Dr. Isaacs, que achávamos que estava morto desde Resident Evil 3: A Extinção. Algumas pontas soltas ficaram e alguns fatos foram ignorados, como a existência do Dr. Ashford, mas o resultado final fez sentido, e isso é o que importa para um bom desfecho. Cenas de ação estão presentes e muito bem feitas, porém o exagero de cortes é grande e acaba incomodando, principalmente se for assistido em 3D, outra coisa desnecessária neste filme. Personagens secundários, deveriam ser considerados figurantes, pois além de não terem carisma, não adicionam importância para a trama. Claire e Wesker são deixados de lado. Mortes como a do Wesker e do próprio Isaacs chegam a ser decepcionantes. Os ambientes escuros, claustrofóbicos e sujos, fora o clima de tensão e suspense, fizeram com que o filme voltasse as raízes e fosse considerado um dos melhores desde o primeiro. Resident Evil 6: O Capítulo Final tem seus deslizes mas é um filme que surpreende e encerra o ciclo de Alice muito bem.

Resident Evil 6: O Capítulo Final teve sua estréia nos cinemas brasileiros no dia 26 de janeiro.

Resident Evil 6: O Capítulo Final
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História da fundação da Corporação Umbrella
Origem da Alice
Clima de suspense e tensão
Dr. Isaacs como vilão
Exagero de cortes nas cenas de ação
Personagens secundários fracos
Mortes decepcionantes de Wesker e Isaacs
6.5
Bom