Demo de Alone in the Dark (2023) é um vislumbre bonito, mas só

Se você é um fã de survival horror, assim como eu, com certeza já se deparou com a série Alone in the Dark. Pode ser que você só tenha ouvido falar, também pode ser que você tenha jogado alguns dos jogos da série, mas a questão é, quem admira o universo, sabe da sua existência e da sua importância.

Lançado em 1992 para PC, o jogo projetado por Frédérick Raynal viria a se tornar um marco para o gênero survival horror. Amplamente aclamado por onde passou, o game inseriu o jogador em uma uma história intrigante, ambientada em uma mansão isolada na Louisiana nos anos 1920, na qual o personagem principal, Edward Carnby, precisa investigar, resolver puzzles, gerenciar itens e combater inimigos para sobreviver aos horrores daquela noite. Nem preciso falar que este jogo influenciou Resident Evil e outros títulos.

Com cenários e personagens em 3D, Alone In The Dark (1992) conquistou o recorde mundial em ser o primeiro jogo do gênero em três dimensões. Mas, desde o seu nascimento e conquistas, a série tomou rumos duvidosos, ganhou continuações, soft reboots fracos e adaptações para os cinemas constrangedoras, deixando a série em um limbo distante. Contudo, a Pieces Interactive e a THQ Nordic, desenvolvedora austríaca, tomaram as rédeas do projeto e anunciaram o remake oficial do primeiro jogo da série.

Inspirados pelo sucesso dos remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 3, a THQ Nordic divulgou no dia 25 de maio o trailer do jogo e ainda disponibilizou uma demonstração jogável do mais novo título do gênero Survival Horror. Trata-se de Alone in the Dark Prologue, com Grace, lançado para Playstation 5, Xbox Series S|X e PC.

Alone in the Dark – Grace é bonito, porém bastante curto

Essa análise, baseada em gameplay na versão de PlayStation 5, não entrará nos detalhes do breve enredo que a demonstração apresenta. E quando digo, breve, é breve mesmo. A duração da demo varia entre 7 e 15 minutos, muito pouco se considerarmos outras já lançadas de diferentes jogos.

Ao apertar o Start, somos apresentados a Grace Saunders, uma garota de 11 anos que possui tons angelicais, cabelos vermelhos e senso de curiosidade. Em seu quarto, Grace usa de suas habilidades artísticas para criar uma máscara de papel machê. Em certo momento, a máscara é a única preocupação de Grace até que, ao fundo, barulhos e sons esquisitos tiram a sua atenção, fazendo com que a mesma vá investigar o que estava ocorrendo.

E pronto, temos o nosso início de gameplay. Aqui controlamos Grace pelo seu quarto. Não há muito o que fazer, apenas apertar o botão de ação em pontos pré-programados e ver as suas reações diante os objetos. Na verdade, a demonstração é praticamente toda assim, e este é um ponto que me deixou decepcionado, pois não conseguimos ter noção nenhuma de como será a gameplay do jogo. Sherry Birkin de Resident Evil 2 (2019) possui mais funcionalidades que Grace, por exemplo. Para uma demonstração de um jogo tão importante como Alone in the Dark, esperava mais nesse sentido.

Continuando, após explorar o quarto, o jogador se depara com a primeira cena interessante do jogo. Em um corredor, vemos uma porta semi-aberta e ao fundo, dentro da porta, um belo campo com um celeiro atrás. Ao andar, um corvo passa pela porta e ela se fecha com força. Ao entrar, Grace se depara com um banheiro frio e apático. A cena demonstra que o jogo apostará no terror psicológico, bastante usado em outros jogos do gênero como o Silent Hill e Siren.

Se deparando com as coisas triviais de um banheiro, Grace segue a sua exploração até um escritório. Lá, encontra Jeremy, um personagem misterioso que acredita estar sendo espionado e sabotado. Após uma conversa bastante estranha, Grace se oferece para levar a carta que Jeremy escreveu para sua sobrinha até a recepção da mansão. Ao aceitar e escrever o seu nome no envelope, ela o perde de vista. Jeremy desaparece sem deixar vestígios.

No escritório temos uma das referências mais icônicas dos clássicos de Resident Evil, a máquina de escrever, na qual os jogadores de RE salvavam a gameplay com as ink ribbons. Mas a exploração se limita mais uma vez a apertar um botão. Pelo menos dessa vez é um pouco diferente e podemos pegar uma chave – mesmo assim, não podemos observá-la como os itens de RE.

Ao abrir uma porta ao fundo do corredor, Grace e o jogador se deparam com diversas obras de arte. Nele há um relógio, no qual não fica claro a sua funcionalidade. O salão é muito bem construído e bonito, dá para você ficar uns bons minutos observando. Mas, ao explorá-lo, o cenário se transforma à la Stranger Things, deixando o mesmo salão medonho e muito esquisito.

A direção de arte aqui foi primorosa, pois pela primeira vez me senti transportado para dentro da atmosfera do jogo. Temos agora um salão abandonado com requintes de melancolia e estranheza, tanto que se você perdeu alguns minutos observando o salão no modo normal, com toda certeza você irá perder vários minutos observando no modo “estranho”.

Grace desce as escadas e chega no térreo que está alagado. Aqui temos uma outra cutscene bastante interessante. Não irei descrever para não estragar a surpresa. Após isso, Grace consegue ultrapassar a parte alagada e chega a uma recepção, que não há muito o que fazer, e, ao explorar, encontra uma passagem para uma recepção, local de onde as cartas são enviadas.

Grace chega ao local, coloca no espaço indicado e uma monstruosidade sai das sombras para pegá-la. Fim da Demo.

Considerações finais

De certo modo, a demonstração de Alone in the Dark – Grace, me deixou decepcionado. Digo isso porque nessa altura do projeto, eu gostaria de saber mais sobre o título e a sua jogabilidade. A demonstração Grace está mais para Maiden, a demonstração visual de Resident Evil Village, do que para uma demo de gameplay. Se tivessem sido honestos nesse sentido desde o início, ficaria mais satisfeito.

Contudo, o jogo parece ser promissor. Algo que me chamou bastante atenção foi a dualidade entre realidade e terror. Existe uma adaptação em minissérie de uma obra de Stephen King que eu gosto muito, chamada Red Rose – A Casa Adormecida (2002). O enredo gira em torno de uma mansão, construída no início dos anos 1900, que nem a mansão de Alone in the Dark, que é palco de diversos eventos bizarros e estranhos já que muitas pessoas morreram em acidentes sob circunstâncias muito estranhas durante a sua construção. E na adaptação acontecem cenas como na demo, que nem a do corredor do banheiro e a do salão do relógio. Se o jogo apostar nessa dualidade, acredito que a sua narrativa será bastante complexa e recompensadora. Espero!

 

No fim, a demonstração de Alone in the Dark – Grace é uma demonstração quase que visual, que preenche os olhos, mas não passa disso: um vislumbre bonito. Espero que o jogo não seja só isso.

O remake de Alone in the Dark será lançado em 25 de outubro para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC via Steam. Enquanto o jogo principal não sai, jogue a demo, Alone in the Dark Prologue, na sua plataforma favorita.

Uma nota

Atribuo a NOTA 6 para o que vi. Como prós: é visualmente interessante, a caracterização dos anos 1920 é impecável, Grace é uma personagem interessante e a trilha sonora é boa. Os contras: a demonstração é curta, não há muito o que fazer e é sem gameplay, com mecânicas de jogo mais “tradicionais” – é só um apertar de “X” ou “círculo”, não dá para correr, abrir inventário ou examinar nada.

Colaborou com a revisão deste conteúdo: Ricardo Andretto

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