Timing é um dos grandes segredos do sucesso nessa vida. Pouco adianta você ter uma boa ideia se demorar para executar ou se executar antes ou depois do tempo devido. E é isso o que parece estar acontecendo com a mais importante DLC de Resident Evil 7: Not a Hero.
Vamos recaptular um pouco: Resident Evil 7 foi lançado em janeiro de 2017 com a prerrogativa de trazer o jogo de volta ao seu lar, o survival horror. Um grande acerto, ainda mais depois da enxurrada de críticas do público e da mídia especializada que o genérico Resident Evil 6 recebeu.
RE7 foi muito bem recebido pela mídia especializada, já o público ficou dividido – como é de praxe na comunidade de Resident Evil. Apesar disso, o jogo alcançou o patamar esperado pela Capcom, e deixou aquele gostinho de quero mais, afinal de contas a presença de Redfield nacena final do jogo e a perspectiva da mais importante DLC de história ser estrelada por ele deixaram os fãs ansiosos pela chegada de Not a Hero e pelas respostas que o conteúdo adicional traria.
Ledo engano.
A Capcom prometeu manter Resident Evil 7 em evidência com o lançamento de uma série de DLCs, que culminaria com a chegada de Not a Hero no fim do primeiro semestre para ser a cereja do bolo. Tivemos bons aperitivos com os Volumes 1 e 2 das Gravações Proibidas, DLCs que traziam três modos de jogo cada, com uma variedade razoável de gameplay e que adicionavam nuances interessantes na história global do jogo.
Faltava algo para realmente manter o jogo em evidência, ainda mais com a penca de grandes lançamentos de outras produtoras programados para o primeiro semestre do ano. Era de Not a Hero que precisávamos, e foi justamente o que não tivemos.
Em abril, a Capcom anunciou o adiamento da DLC. Os motivos, pasmem: a boa recepção de RE7. A empresa afirmou que com a boa recepção que o jogo teve, eles identificaram que a DLC estava abaixo da qualidade do jogo, e decidiram parar sua produção e reiniciá-la. Vale lembrar que Not a Hero vinha sendo desenvolvida por uma third-party. A Capcom acabou tomando o projeto para si, levando o lançamento da DLC para o terceiro trimestre de 2017 – o qual já estamos no meio.
Timing é um dos grandes segredos do sucesso nessa vida. E RE7 perdeu completamente o seu…
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Além de Not a Hero, é importante dizer que há um outro pacote DLC ainda não anunciado que seria o complemento do seasson pass de RE7. Uma Gravação Proibida Vol.3 talvez? Quem liga?
Resident Evl 7 já se perdeu. Não em qualidade, ou no tom do jogo, ou na decisão de trazer o survival horror de volta, ou por apostar em um novo arco com novos personagens e também não por apostar na câmera em primeira pessoa. Resident Evil 7 se perdeu no timing.
O plano da Capcom, de manter o jogo relevante com DLCs “menores” durante todo o primeiro semestre e trazer Not a Hero gratuitamente para todos os jogadores, era excelente. Praticamente a cada mês teríamos um conteúdo DLC para saciar a ânsia de saber qual a continuidade da história e qual o real envolvimento de Chris e da Umbrella nas ações do jogo.
Isso só fez o hype dos fãs ficar lá no alto, para depois ter uma enorme queda. A verdade, é que com tanta demora em Not a Hero – não temos SEQUER informações sobre a DLC desde abril, muita gente simplesmente deixou de se importar com ela, deixou de ficar roendo os dedos na ânsia de jogá-la.
Desde o lançamento de RE7, os fãs começaram a buscar e fazer um verdadeiro data mining dentro do jogo e dos files atrás de respostas sobre a DLC e sobre algumas das questões que a campanha principal deixou em aberto… mas tudo tem um limite. Sem receber praticamente nada de novo, nem informações, nem datas, Not a Hero e RE7 começaram a cair no ostracismo rapidamente.
É óbvio que é melhor recebermos a DLC com atraso e com uma boa qualidade do que receber antes e cheia de problemas e defeitos. Mas, se o processo de criar um jogo leva 3 – 4 – 5 anos, cadê o planejamento em cima dos conteúdos extras, ainda mais se tratando de algo tão vital para o enredo que vai ser distribuído gratuitamente a todos que compraram o jogo? De acordo com a própria Capcom, o planejamento para RE7 se iniciou ainda em 2012, foram quase cinco anos para cuidar dos detalhes e que tudo saísse dentro do cronograma… ainda assim, o timing se foi.
2017, como quase todos os anos, tivemos um enorme número de títulos de impacto sendo lançados no primeiro semestre. Só para citar alguns: “Horizon Zero Dawn”, “Zelda: Breath of the Wild”, “Injustice 2”, “Nioh”, “NieR Automata”, “Prey”, “Outlast 2”, “Persona 5″… Com tantas opções em praticamente todas as plataformas, fica difícil lembrar ou se importar com Not a Hero. Não foi à toa que Resident Evil 7 perdeu o fôlego nas vendas.
Claro que eu e muitas pessoas que compartilham do mesmo sentimento, jogaremos a DLC quando ela finalmente for lançada. A curiosidade para conhecer o desfecho definitivo da história de Resident Evil 7, a verdade sobre o envolvimento de Chris e da Umbrella e possíveis ganchos para o futuro ainda existem, mas em proporções muito menores. Nesse aspecto, o adiamento fez muito mal à RE7 e tornou o jogo vítima do hype criado pela própria empresa em cima de uma DLC que deveria ajudar a manter o jogo relevante e atrativo por mais tempo, mas se perdeu em seu próprio tempo pelo planejamento e execução que são única e exclusivamente de responsabilidade da própria Capcom.
O texto acima não reflete a opinião do REVIL como um todo, e sim do autor do artigo.