O criador do Devil May Cry da Netflix, Adi Shankar, como é assim chamado pela própria plataforma de streaming, criou uma confusão danada entre a comunidade gamer nos últimos dias. Em um podcast, compartilhado em seu próprio canal, ele disse que não sabia da existência de Devil May Cry 5 quando conseguiu os direitos da série de TV e que, logo depois, ficou insatisfeito com o anúncio. Isso porque ele achava que a franquia estava morta e que expandiria a franquia com a sua produção.
Fãs de Devil May Cry se revoltaram e seguem circulando ativamente um recorte do podcast nas redes sociais (o mesmo que inicia no vídeo a seguir). A interpretação das falas de Adi Shankar levam à polêmica de que ele pensava ser uma espécie de salvador da franquia, colocando os jogos com Dante no mesmo limbo de Dino Crisis, que ele chegou a cogitar os direitos de TV. “Eu achei que a franquia estava morta [Devil May Cry]. […] Foi coisa minha. Gostei de Dino Crisis. Pensei que estava trazendo essa coisa de volta [Devil May Cry].”
Sobre o podcast, e aos comentários gerados depois disso em sites, Adi Shankar chegou a responder. Um desses sites postou como título: “Adi Shankar ficou ‘insatisfeito’ com ‘Devil May Cry 5’ porque tirou os holofotes da série da Netflix: ‘Eu achei que a franquia estava morta; Pensei que estava trazendo de volta” (via Bounding Into Comics). Em seu perfil no X, Adi Shankar disse que a manchete era falsa e que fabricar citações não é jornalismo.
This headline is false. Fabricating quotes is not journalism. pic.twitter.com/ghcDw52jGO
— Adi Shankar (@adishankarbrand) May 23, 2025
De fato, Adi Shankar tem razão. É falso que ele tenha diretamente dito que Devil May Cry 5 tirou os holofotes de sua série na Netflix. Mas, sim, é como se ele tivesse dito – só não disse, deu a entender. Uma afirmação de algo que alguém disse com todas as letras é diferente de algo que alguém dá a entender e precisa ser tratado de forma distinta no jornalismo. O correto seria: “Adi Shankar ficou ‘insatisfeito’ com ‘Devil May Cry 5’ e deu a entender que tirou os holofotes da série da Netflix”. Ainda assim, algo do tipo precisaria de uma explicação no texto de quem redige o conteúdo – jornalista ou não – porque é algo que se leva a crer.
E nas redes? AHHH nas redes os fãs que já não gostaram do Devil May Cry da Netflix caíram matando, cada um com a sua interpretação.
23:59 – Eu sou apaixonado por Devil May Cry.
00:00 – Eu odiei quando eles anunciaram o Devil May Cry 5, pois eu acreditava que a franquia estava morta e EU queria ressucita-la, EU queria ser o “herói” que salvou Devil May Cry.☠️
Este é o nível desse cidadão. https://t.co/2jlhhbEFU6
— Biel Maximoff (@EuSouSuperBiel) May 23, 2025
Até o lado xenófobo essas pessoas despertaram nas redes, o que é extremamente deselegante, desrespeitoso e um crime. Para esses das redes sociais, o mínimo de civilidade é pedir muito.
Mas vamos lá, Adi Shankar é tratado como um visionário pela Netflix, ao menos nas divulgações da série em anime. Algumas coisas bizarras aconteceram no período de lançamento de Devil May Cry, como o criador deste novo universo participando de um evento de luta (WWE Raw) com um cosplay de Dante. É algo que foi mal visto e foi desenterrado juntamente com a polêmica do Adi salvador de DMC, além da associação do Adi com o movimento de Donald Trump, MAGA (Make America Great Again).
That’s WWE. He ain’t going for nerds and gamers, he’s going for MAGA boomers.
— Tomi ⁉️ (@TomiVenus) May 22, 2025
Para quem ainda não sabe, gamers têm uma aversão à Adi Shankar, em especial por ele ter mostrado uma aproximação com “fascistas” do movimento MAGA – apenas coloco entre aspas para não irritar uns por aí, mas quem me conhece sabe o que eu acho do laranjão. Adi compareceu à posse de Trump.
Goste ou não, o Devil May Cry da Netflix já tem uma segunda temporada confirmada, provocou recorde de acessos no Steam e brindou os saudosistas dos anos 2000 com uma música exclusiva da banda Evanescence. A série de Adi Shankar, de alguma forma, expandiu o olhar sobre a franquia. E é exatamente o que ele disse que faria.
P.S.: A comunidade de Castlevania também tem suas queixas, mas eu não conheço Castlevania a fundo, então não vou me aprofundar.