Capcom não está a venda, quer aumentar presença em smartphones e valor de mercado

Algumas notícias vêm circulando envolvendo a Capcom recentemente e há alguns destaques que chamaram a atenção. Um deles, com a declaração do diretor de operações, Haruhiro Tsujimoto, que preside a empresa. Em um vídeo gravado para o site Bloomberg, ele deixou claro que a Capcom não está a venda, ao mencionar a recente transação da Microsoft com a Activision Blizzard, e que prefere “parceiros iguais” no mercado.

Também ao site Bloomberg, em uma reportagem, o presidente falou sobre aumentar a presença de jogos em smartphones, especialmente com a recente viabilidade de adicionar jogos de consoles aos aparelhos móveis, como aconteceu com Resident Evil 4 (2023) e Resident Evil Village, anunciados para iPhone 15 Pro e outros dispositivos Apple.

Resident Evil 4 (2023) em um dispositivo Apple

Uma outra informação agitou a internet, com Haruhiro Tsujimoto dizendo acreditar que “a opção de subir o preço unitário [de jogos] é uma forma saudável de negócio”, pois ele “sente que os preços de jogos estão muito baixos”. A última declaração foi dada durante o período da Tokyo Game Show (via Video Games Chronicle, com informações Nikkei).

A Capcom tem aumentado o preço do salário de seus empregados, uma necessidade para “atrair pessoas talentosas”, aos olhos do presidente. Os custos de desenvolvimento também subiram “100 vezes mais do que eram nos dias do Famicom (NES), mas o preço do software não aumento muito”, contou Tsujimoto.

Uma declaração do presidente não é uma certeza de aumento, mas a situação sugere que possa haver algum estudo em andamento.

PC como plataforma principal

A Capcom tem entregado seus jogos em centenas de países para PC, e para Haruhiro Tsujimoto esta continua sendo a plataforma principal de trabalho. A empresa espera, no entanto, tripular melhor no ambiente de smartphones, contou no vídeo do site Bloomberg.

Quanto à parcerias, a Capcom continua procurando novas possibilidades e, ao invés de comprar outras empresas ou absorver parceiros de mercado, Tsujimoto disse acreditar no crescimento orgânico dentro de sua própria casa investindo nas pessoas e em recursos próprios.

Haruhiro Tsujimoto contou que aposta no futuro de entretenimento digital e nos games japoneses que vem sendo bem recebidos, com potencial de serem transformados em filmes e merchandising.

Com Jill Valentine, Resident Evil: Death Island é um filme com protagonistas dos jogos

Expandindo mercados

A longo prazo, a Capcom pretende expandir sua presença em alguns mercados, em especial dando atendimento aos considerados subatendidos e em desenvolvimento – o Brasil é um deles. Ao site Bloomberg, o presidente Haruhiro Tsujimoto disse querer uma maior inserção na Índia. Em uma década, há estimativa de que o mercado indiano seja maior do que o da China.

Os jogos de PC tem tipo bons resultados em mercados emergentes, apesar disso, são os smartphones que tem chamado a atenção. Na Índia, a percepção é de que dá para atingir estudantes em fase colegial que tem o seu acesso à internet mais por dispositivos móveis. A presença da Capcom, no entanto, ainda é pequena no território, com vendas de 100 mil cópias de jogos por ano. A intenção é expandir para 2 milhões de cópias por ano. Em 2027, o mercado de games na Índia deve chegar a US $ 1.6 bilhão de dólares (mais de R$ 8,1 bilhões), de acordo com a empresa Niko Partners – focada em pesquisas de mercado na região da Ásia.

Sobre smartphones, a Capcom pretende continuar investindo nos jogos de console dentro desses dispositivos, e não criando novas formas de interagir com suas propriedades. Um exemplo é o licenciamento de franquias entre outros parceiros, como aconteceu recentemente com Monster Hunter Now, lançado com a Niantic Inc., de Pokémon Go. Na visão de Haruhiro Tsujimoto, jogos como esses, no estilo free-to-play não se encaixam muito bem com a marca.

Monster Hunter Now, um sucesso de uma parceria da Capcom que já tem mais de 5 milhões de downloads

“Jogos de alta qualidade vão se tornar jogáveis em uma gama mais ampla de smartphones nos próximos anos e vai dar a oportunidade de alcançar jogadores que não possuem consoles e PCs”, reforçou o presidente ao falar sobre o objetivo que é levar jogos de consoles (tradicionais) em smartphones.

A Capcom projeta vender mais de 100 milhões de cópias de jogos por ano, com maior parte dos que foram lançados no último ano fiscal – Resident Evil 4 remake é um deles. Enquanto tradicionalmente os criadores de jogos esperam por movimentos dos criadores de consoles e outras plataformas para atingir novos mercados, a Capcom quer criar sua própria demanda. “Encontrar e cultivar novos mercados é de nossa própria responsabilidade e vamos continuar fazendo isso de forma agressiva”, disse Haruhiro Tsujimoto.